Inolvidável - Livro 1.

05.

Mota mandou o papo que o retrato falado foi feito e eu sorri incrédulo ao ver que a descrição de um dos caras batia com um dos vapores que eu mais confiava.

Por essas porra eu confio desconfiando, mas aqui da tranca eu não tenho muita opção senão confiar, se eu estivesse lá fora o proceder ia ser outro.

A única pessoa em quem eu confio inteiramente é o Mota, mano cresceu comigo e tinha que ser muito filho da puta pra vim de trairagem pra cima de mim.

- Manda levarem o desgraçado pro galpão e tortura até eu decidir qual morte esplêndida ele vai ter. - Falei, me referindo ao X9, e mandei o áudio no zap do Mota.

Na mesma hora ele falou que o torturador já tinha sido acionado e mandou o número da mina do de frente do Lins, vi que ela tava online e chamei logo sem delongas.

📨

Chama o cuzão do teu namorado aí pra mim.

Boa tarde.
Estou ótima também.
Meu nome é Kaira, inclusive.

Foda-se, eu perguntei?
Tenho todo tempo do mundo não, rapariga.

Quem é você?

Alguém que eu garanto que tu não vai querer conhecer, mas vai, se não chamar ele logo.

O que tu quer com ele?

Não te interessa, porra.
A curiosidade matou o gato, não tá sabendo?

Escroto.
Vou passar o celular pra ele, mas é só porque, ao contrário de você, eu tenho educação.

Jaé.

Jota aqui.
Quem é tu mermo?

Uma pessoa que tu vai se arrepender de ter trazido pra tua vida, vacilão de merda.
O dono da porra do armamento que tu roubou.

Tô entendendo isso daí não.
Roubei nada.

Conversa pra boi dormir aqui não cola.

Papo reto, um tal de Wander que vendeu pra mim.

Wander é o miserável do quase defunto, o X9.

Pô, tá falando na transparência mermo?

Papo dez, cara.

Ele mandou umas fotos que constavam o recibo da transferência do valor que o quase defunto pediu pelo armamento e ainda da conversa deles dois.

Pô, já que é só um mal entendido eu vou abafar o caso e te devolvo o dinheiro que tu deu, contanto que tu devolva os meu bagulho também.

Aí não rola.
Paguei, é meu e já era.
Curti os bagulho e não tem nem como abrir mão.

Caçando problema onde não tem...
Paciência não é o meu forte, abraça o meu papo enquanto dá tempo.

Vou devolver caralho nenhum.
Tá na minha quebrada, me pertence.
Se resolve com o teu vapor, problema é de vocês.

Você não sabe com quem tá se metendo.
Na moral mermo, cuzão.
Bagulho vai dar torto pro teu lado.

Tá aí mais engaiolado que passáro e quer pagar de brabo, achando que vai sair por cima sendo que tá mofando atrás das grades.
Tenho medo de presidiário miserável não, rapá.

Tu não perde por esperar.

Meu sangue tava fervendo, meus punhos cerrados e os dentes doendo de tanto que eu apertava eles ao cerrar a mandíbula.

Tô morrendo de medo.

Respondi e a mensagem não foi, o desgraçado provavelmente tinha acabado de me bloquear.

📨

Falei na mó pureza e ele não escutou, acho que vou ter que agir do meu jeito favorito, na base da violência e/ou tortura psicológica.

Respirei fundo, passando a mão no rosto, e pedi pro Mota me passar uma lista dos lugares que a mina do cara mais frequenta quando tá fora do Lins, ele passou em menos de dois minutos e eu mandei pra um dos policiais corruptos que trabalham pra mim aqui dentro, eles vão fazer um favorzinho pra mim amanhã caso eles achem ela em algum dos lugares.

- Pô, já que o Wander anda muito falante, costura a boca do cara aí. - Falei gravando um áudio. - Depois pega num dos maiores caminhões que tiver aí na favela e passa por cima do filho da puta. - Não pude evitar de gargalhar ao imaginar a cena. - Grava tudo e me manda, em? Faz tempo que não me divirto vendo isso. - Finalizei antes de mandar pro Mota.

Ativei o modo de economia de energia do celular, pra poupar a carga, e enfiei ele por baixo da minha almofada antes de me deitar de barriga pra cima e encarar o teto até adormecer.