Capítulo 47 :

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Passei no quarto de Malu e Daniela a havia deixado dormindo em seu berço. Pela hora, ela não demoraria para acordar, então me certifiquei de pegar a babá eletrônica antes de ir para o quarto de Arthur, que estava me esperando com uma calça de abrigo cinza e sem camisa.

O quarto era sóbrio, quase todas as paredes eram brancas, com exceção de onde ficava a cama, que tinha um tom pastel. Os lençóis eram azul marinho e havia dois travesseiros, um de cada lado. Sorri satisfeita com o visual e olhei para um lado, onde duas grandes portas de correr com puxador prateado indicavam o closet, uma TV de frente para a cama pendurada na parede ficava sobre um móvel branco que continha alguns aviões em miniatura e uma pilha com três livros.

Do lado oposto ao closet ficava um divã azul escuro e ao lado uma pequena estante de livros. A porta da varanda estava fechada sendo coberta por uma cortina também branca que deixava o ambiente claro e aconchegante. Perto da estante tinha um tipo de santuário com coisas do Flamengo, camisas autografadas e medalhas. Isso foi uma coisa que me surpreendeu, e sorri já que torcíamos para o mesmo time.

Uma bela pintura do mar ficava sob a cabeceira da cama e eu sorri diante da beleza e sobriedade daquele cômodo. Era realmente no estilo dele e eu imaginei como seria dormir pela primeira vez naquele quarto. Arthur estava sentado em uma poltrona no canto do quarto com um Macbook no colo, mas desviou sua atenção quando me viu.

Arthur: Já estava achando que você não viria.

Carla: Eu passei no quarto da Malu, queria saber como ela estava. — respondi sem me aproximar.

Arthur: Vem cá. — Arthur deixou o computador em uma mesa redonda totalmente branca do seu lado onde descansava um copo, que deduzi ser de uísque, e deixou seu colo livre.

Carla: O que estava fazendo? — caminhei até ele e me sentei de lado em seu colo depositando a babá eletrônica na mesinha.

Arthur: Checando enquanto fechou a cotação da bolsa de valores hoje. — senti seus braços em torno da minha cintura.

Carla: Estou pensando no jantar de aniversário da sua irmã e no presente dela. — passei um dos braços em volta do seu pescoço — Não consigo pensar em nada que possa agradá-la.

Arthur: Carla, compramos uma joia.

Carla: É o seu presente, Arthur. Não meu.

Arthur: É nosso. — ele me corrigiu deslizando distraidamente o polegar na minha cintura.

Carla: Como vamos explicar que daremos um presente à ela juntos? Acho que sua irmã vai estranhar.

Arthur: É só eu contar que pedi sua ajuda e ofereci para que fosse nosso presente de aniversário para ela. — senti um beijo calmo em meu ombro.

Carla: Você sempre pensa em tudo, Sr. Picoli. — perguntei sorrindo divertida.

Arthur: Não é muito difícil quando é do nosso interesse.

Devagar, Arthur me levou até sua cama e me colocou sobre os lençóis brancos. Com cuidado, deitou ao meu lado e virou de barriga para cima deixando com que eu me aconchegasse na lateral do seu corpo, sentindo o cafuné em minha nuca. Sua colônia penetrava em minhas narinas me dando conforto em saber que ele estava ao meu lado. Peguei no sono rapidamente sem saber se Arthur continuava acordado ou também havia adormecido.

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Passar a noite na cama de Arthur tinha sido uma experiência única. Foi algo tão íntimo que me fez criar ainda mais esperanças de que aquela relação poderia dar certo. Lembrei de quando acordei pela manhã e ele estava saindo do banho com uma toalha amarrada na cintura e barba feita. Era a visão do paraíso e o dia começava de maneira extremamente agradável.

Agora eu estava no meu quarto me arrumando para o jantar de aniversário de Daniela. Arthur ainda não sabia, mas ela pretendia levar o namorado pela primeira vez em casa e eu torcia para que seu irmão reagisse bem. Ele tinha um gênio bastante difícil e talvez não fosse gostar de ficar sabendo da novidade dessa forma.

Olhei para meu reflexo no espelho para ter certeza de que o vestido que eu havia escolhido era o ideal. A saia ia até acima dos joelhos, tinha um bonito caimento e o decote apesar de discreto, dava uma boa visão do meu colo. Abri a caixinha de joias e vi o colar que Arthur havia me dado, coincidentemente ficaria bem com o vestido que eu havia escolhido, mas preferi guardar para outra ocasião.

Peguei um colar de ouro com um brilhante em formato de coração e prendi atrás do pescoço vendo a joia repousar sobre meu colo. Ajeitei a maquiagem e passei os dedos entre os fios de cabelo, ajeitando-os. Saí do quarto em seguida ouvindo barulho dos meus saltos no piso de porcelanato e fui até o quarto de Malu que agora dormia tranquila após ter sido amamentada. Desci as escadas e encontrei com Daniela na sala de estar torcendo os dedos em seu colo provavelmente se sentindo nervosa, minha presença pareceu fazê-la se sentir melhor, pois agora esqueceu os dedos e sorriu para mim.

Daniela: Carla, que bom que desceu. Eu estava prestes a roer minhas unhas.

Carla: Fique tranquila. — sentei-me no outro sofá — Onde está seu irmão?

Daniela: Provavelmente no quarto. Espero que ele desça antes de Davi chegar, ele me ligou dizendo que estava próximo.

Carla: Relaxe, vai dar tudo certo. Se você o escolheu como namorado, é sinal de que é um rapaz legal e Arthur vai gostar dele.

Daniela: Sabe, Carla, pode parecer besteira eu com vinte e quatro anos ainda precisar ficar nervosa por conta de um namorado, ainda mais em relação ao meu irmão. Mas é que desde que nossos pais faleceram, Arthur tem sido minha referência e eu tenho bastante respeito por ele.

Carla: Eu entendo perfeitamente, Daniela. Não se preocupe, vai dar tudo certo.

Ela sorriu para mim e voltou a torcer os dedos em seu colo, parecendo uma adolescente que ia apresentar o namorado ao pai. Para mim, aquele tipo de reação mostrava o quanto Daniela respeitava o irmão e o quanto a família para ela era importante. Ficamos em silêncio, eu preferi não incomodá-la e a vi suspirar parecendo aliviada quando Arthur entrou na sala de estar indo até o bar se servir com alguma bebida. Ele estava vestido com uma calça social preta e uma camisa também social verde musgo com as mangas enroladas até os cotovelos. Estava simples e extremamente sexy e me remexi inquieta no sofá sentindo o quanto ele me afetava.

Arthur: O que achou do presente, Dani? — ele se aproximou da irmã carregando um copo de Bourbon.

Daniela: Simplesmente lindo. Carla, você tem muito bom gosto. — ela respondeu me olhando.

Carla: Que nada, é que me lembrava mais ou menos os modelos de joias que vi você usando e pensei que combinaria com seu estilo.

Respondi notando que Arthur me olhava furtivamente recostado no sofá. Às vezes eu tinha a impressão de que ele enxergava muito mais do que os olhos podiam ver. Arthur tinha um jeito diferente de me olhar, eu me sentia completamente nua e meus movimentos pareciam detalhadamente interpretados, como se fosse impossível esconder algo dele.

Daniela estava tão inquieta que não percebeu o sorriso lateral do irmão direcionado a mim, mas eu estava totalmente consciente de que ele tinha planos para depois do jantar, comigo como sua convidada de honra.

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