A vontade dos antigos de Lihamb

Os ciclopes de Lihamb

"Esta não é mais uma história comum. Nela há o significado da verdadeira vontade divina, imparável a menos que por outra vontade de igual magnitude. Humanos, ciclopes, elfos, anões e quaisquer outras raças pequenas não podem se imaginar indo de encontro a estas vontades, devem apenas abaixar a cabeça e aceitar agradecidos do fundo de suas almas singelas e inocentes seus destinos já sentenciados." ­– Contos Vontades da Guerra.

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A vida no Grande Deserto de Lihamb nunca foi fácil, seja pelo próprio ambiente que parecia ter a vontade de exterminar sua essência, seja pelas poucas e, em sua maioria, anormais criaturas que conseguiam sobrepujar por pouco esta vontade. Mas, nada disso fazia o deserto ter se tornado algo tão desafiador. Não. Havia uma força governante naquelas areias e rochas, também governante de toda a terra como conhecida. Behemoth, O Deus Maior da Terra, um dos três deuses superiores que governavam o mundo.

O Grande Lihamb poderia ser como qualquer outro deserto, se não fosse por possuir uma das poucas entradas para os territórios de Behemoth descobertas, mesmo sendo de acesso extremo e totalmente proibido por todos que ali tinham a coragem de chamar as dunas infinitas de lar.

Isto era levado ao extremo por seus habitantes mais notáveis, os Ciclopes de Lihamb. Adoradores fiéis do divino, os ciclopes buscaram refúgio nas areias há gerações, fugindo das perseguições, caçadas e muitas vezes massacres protagonizados por outras raças que os temiam da mesma forma que temiam o desconhecido além das estrelas.

Mesmo com seu passado compartilhado, ainda sim ocorreram divisões entre eles. O grupo mais numeroso e que possuía a maior parte das características originais de sua raça, os Tiritainys, ocuparam a região das Grandes Dunas. Eram os maiores entre as três tribos e também os mais reservados, ao mesmo tempo também eram os mais gentis e que buscavam tirar do ambiente apenas o necessário para sua sobrevivência, utilizando dos poucos conhecimentos mágicos que possuíam.

Seus vizinhos mais próximos eram os Tarmini, menores que si, contudo mais fortes e adeptos das artes da guerra. Por ocuparem o Desfiladeiro da Chuva lutavam constantemente com outras raças bestiais também pertencentes ao deserto. Sua localização mais intermediária entre as fronteiras do leste e o profundo árido os possibilitaram ter mais contato com o mundo exterior o que fez eles se desenvolverem no comércio de artefatos monstruosos e seus itens. Também eram o que tinham mais adoração no divino, seus servos mais leais.

A última tribo, os Tarken, eram formados pela mistura entre a raça dos ciclopes e humanos, na verdadeira podia-se dizer que retirando o único olho característico, eles podiam facilmente ser confundidos com humanos. Por conta desse maior distanciamento de suas origens compartilhadas com as outras tribos, sua cultura baseada no comércio e na curiosidade pelo novo os fizeram ocupar a fronteira leste do deserto. Tinham pouco contato com as outras tribos, apesar de possuírem laços de amizade com os Tarmini, e não se viam como adoradores fiéis de Behemoth. Mesmo assim, o senso de união que fez seus antepassados irem para o deserto sempre era reforçado no Grande Festival da Primeira Lua, o único festival em comum dos ciclopes que não tinha um motivo exterior a eles, o festival que celebrava mais um ano de vida que conquistavam por si mesmos.

Todos eles sabiam de suas origens. Cada criança ciclope era ensinada desde cedo sobre o motivo de seu mundo não ser fácil, do motivo de mesmo os Tarken não se aventurarem mundo afora sem tomarem precauções diversas.

Eram vistos como monstros e sentenciados a morte só por existirem, uma falha na Criação que aterrorizaria as outras raças até o fim. Era mentira, é claro, mas não tinham como dizer isso a ninguém sem brincar com a morte.