Capítulo 08

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Pensa no tempo que perdeste hoje.
A longa aurora é curta,
E a curta Idade, longa; o Tempo foge,
E à nossa aurora furta
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Pela manhã, Judith estava mais rabugenta do que o normal, tinha acordado com uma tremenda dor de cabeça e mal conseguia ouvir os próprios pensamentos sem que uma pontada de dor a interrompesse. Por outro lado, Katherine e Margot haviam acordado animadas por estar faltando apenas alguns dias para o Baile de máscaras. Elas limparam a casa enquanto dançavam uma com a outra e cantavam uma melodia melancólica sobre encontrar um homem para amar.

Judith revirava os olhos para aquela cena. Em sua opinião: assim como mulheres só serviam para cuspir herdeiros, homens não passavam de estorvos. Um tipo de pensamento que a levaria direto para uma reunião particular com a igreja se ousasse compartilhar com alguém.

A mulher de cabelos castanhos escuros leva a mão até a testa tentando sentir alguma mudança na sua temperatura. Tudo o que conseguia pensar eram em lembranças borradas que a fazia ter a sensação de já ter vivido aquilo, mas que, devido a idade, não conseguia lembrar com exatidão. Katherine foi quem a ajudou mais cedo com as dores de cabeça, preparou um chá que a fazia se sentir sonolenta e que melhorava sua dor de cabeça. Quando acordou, algumas horas mais tarde, ficou irritada ao notar que a dor de cabeça estava ainda mais forte do que antes. Dessa vez, Judith ia preparar o chá e aumentar a quantidade de remédios.

Não que Katherine não soubesse o que estava fazendo, pelo contrário, ela era quem mais sabia o que fazer em momentos críticos, era como se sua irmã tivesse nascido para cuidar das pessoas. Sempre tinha o remédio certo para quaisquer sintomas nos seus pacientes. Claro que o tempo em que ela passa lendo também ajuda. Era uma mulher tão simpática e alegre que todos se sentiam confortáveis perto de Katherine, eles confiavam em suas habilidades. Diferente da irmã mais velha, que sempre era racional quanto ao perigo que as rodeavam, Judith sempre foi a mais fria, apesar de ser boa no que fazia, seus pacientes tinham temiam suas habilidades.

O fato de saber que havia espiões da igreja de olho nelas contribuía para esse seu modo de ser, por sorte, nunca fizeram algo que sugerisse que elas estavam envolvidas com seitas e bruxarias.

Margot escondeu sua magia por muitos anos. Judith, mais do que ninguém, sabe que uma hora ou outra aquele poder deve ser libertado ou então irá matá-la aos poucos, de dentro para fora. Desde o dia em que Margot tinha paralisado na sala, ela vinha agindo de modo estranho, sua curiosidade parecia ter evaporado e havia bolsas levemente escurecidas embaixo dos seus olhos. Judith também conseguiu notar uma diferença em seu comportamento, Margot estava usando seu poder com frequência, seja acendendo uma vela ou a lareira da casa. Ela não parecia se dar conta do perigo que estava correndo apenas por fazer essas coisas. Quando Judith chegou à cozinha, foi Margot quem a recebeu com um beijo na bochecha, havia perguntado se estava tudo bem e Judith afirmou com o rosto.

Margot sabia que a tia estava mentindo, já que a mulher à sua frente apenas balançou a cabeça e não comentou mais nada antes de ir até um armário velho e tirar alguns frascos com folhas para chá. Judith jogou tudo em um pote de barro e colocou a água para ferver, com um amassador de madeira, ela triturou as ervas juntas e jogou a água já fervendo dentro do pote.

- Vocês vão ficar me admirando por mais quanto tempo? - Judith se virou para as duas que desviaram o olhar rápido demais para ser casual.

- Estamos preocupadas com você. Esses tempos você tem ficado doente com frequência - Margot disse enquanto voltava a varrer a casa. Katherine concordou.

A Lenda das BruxasOnde histórias criam vida. Descubra agora