Capítulo 57. "Pois quando eu penso em você, eu não me sinto tão sozinha"

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Com os olhos cansados, fechei o livro em meu colo e o deixei na mesa ao lado do sofá, junto ao meu óculos de grau. Alonguei meu corpo, ouvindo alguns estalidos. Peguei o controle, enterrado entre o estofado, e desliguei a TV.

Peguei a xícara com o resto do chá de camomila e andei, em passos curtos e lentos, até a cozinha, lavando-a e guardando-a no armário após tê-la secado. Subi e, sorrateiramente, andei até o quarto de meus pais.

Abri um pouco a porta e os olhei na cama. Admirei o sono tranquilo de meu pai, mas meu coração contraiu ao que meus olhos alcançaram minha mãe. Encostei-me ao batente, me sentindo tão fraca quanto ela aparentava estar.

Sua respiração irregular, seu rosto ossudo ficava evidenciado pela cabeça, recentemente raspada. Assim como todos os dias nas últimas semanas, me certifiquei de que ela estava bem, de alguma forma.

Se ainda estava respirando, para ser honesta. Depois encostei a porta e, ainda sem nenhum sono, fui para o meu quarto. Tive vontade de tomar banho, mas sabia o porquê estava fazendo isso desde que soube sobre James.

Sujeira inconsciente.

Então me esforcei para não ceder à pressão da minha mente, aliviei a bexiga, escovei os dentes e voltei ao quarto. O incômodo era enorme, era como se algo ruim fosse acontecer caso eu não retornasse ao banheiro e tomasse mais um banho, mas não o fiz.

Ajoelhei-me aos pés de minha cama e orei. Orei durante sabe-se lá quanto tempo, até o sono dar indícios de sua chegada, e então, quando finalmente decidi me deitar, a campainha soou. Num sobressalto, olhei em meu relógio de cabeceira.

Onze e dezessete, marcavam seus ponteiros.

Quem poderia ser a essa hora? Jungkook.

Seu nome apitava, como uma sirene em minha cabeça, mas não dei atenção. Ele não viria me procurar. Não àquela hora. Não depois de nossa última conversa, no sábado anterior... Já havia uma semana.

Eu não sabia dizer como me sentia em relação a ele, a James, a situação toda. Foi, honestamente, terrível saber sobre aquela noite, foi dolorido e eu me senti enjoada durante toda aquela semana. Na verdade, eu estava um caos por dentro, pois, além de tudo, eu estava confusa sobre as atitudes de Jungkook.

Eu me sentia grata por ele ter me procurado e tentado me proteger de todas as maneiras possíveis, na verdade eu me sentia tão grata que estava envergonhada por ainda não tê-lo procurado para dizer isto.

Ao mesmo tempo eu queria que ele tivesse sido honesto comigo e me dito desde o princípio, afinal, ele me viu com James todo o tempo depois que retornamos do resort, e ele nem tinha a certeza se havia ou não acontecido algo na sauna, como ele pôde não intervir?

E então vinha a memória das minhas próprias acusações sobre ele, todas as vezes que me esquivei e o julguei, desconfiei de sua conduta... Minhas teorias, ideias e sentimentos, tudo se parecia muito com um novelo de lã naqueles dias, eu sabia quem poderia retirar os nós.

O mesmo que, consequentemente, os havia amarrado. Entre meus pensamentos mais embaraçados eu desejei que tivesse sido ele, apesar de tudo. Meu Deus, antes tivesse sido ele. Ouvi os passos pesados do meu pai pelo corredor, mas me mantive sentada na cama, na expectativa de saber quem estava lá embaixo.

Ouvi o abrir e o fechar da porta, mas não conseguia ouvir voz alguma. Suspeitei que fosse alguém pedindo informação, mas depois de 15 minutos meu pai ainda não tinha retornado ao quarto, então comecei a me preocupar.

Calcei minhas pantufas e me levantei, seguindo lentamente pra fora do quarto. Desci, em silêncio, o lance de escadas e pude ver a luz da sala de visitas acesa. Quem poderia estar nos visitando àquela hora? Conforme me aproximava, eu podia ouvir a voz baixa de meu pai.

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