Lia
Com os olhos vidrados no teto do meu quarto e o coração, ao mesmo tempo, agitado e em paz, me perdi em lembranças...
— Por mais que eu deseje muito continuar... — Beijei os lábios de Tom, impedindo-o de prosseguir; meu corpo sobre o dele no sofá. —, não precisamos fazer isso. Você não precisa fazer nada que não queira.
Estávamos há mais de cinco minutos nos pegando na sala da casa dele. Meu corpo ardia em contato com suas mãos, e as carícias se tornavam cada vez mais intensas.
— Eu quero — sussurrei contra seus lábios. A camisa do AC/DC já estava jogada em algum lugar da sala, e meus dedos traçavam os gominhos meio definidos de seu abdômen.
Eu sabia que era loucura dar atenção àquela vozinha carregada de desejo em meu interior, mas, pela primeira vez, não quis me importar com o depois. Eu queria ficar com ele. Eu queria sentir tudo que ele estivesse disposto a me dar, antes que o amanhã chegasse e tudo não passasse de lembranças.
— Tem certeza? — Tom parou e me olhou nos olhos. Sua expressão era serena, e as mãos aliviaram o aperto em minha cintura, me dando a chance de decidir. — Você não é do tipo que se arrisca, que comete loucuras, lembra? Disse isso.
Antes de beijá-lo de novo, eu me aproximei do rosto de Tom e, contra os lábios dele, com uma coragem e desejo que nunca senti iguais em outro momento, sibilei:
— Para tudo há uma primeira vez, não é isso que dizem?
Convencido de minha decisão, ele, por fim, sorriu safado e apertou meu corpo contra o seu, me permitindo sentir o que estava provocando nele. Tom também ansiava por isso. Tom também ardia em chamas.
— Vamos para o quarto então — sussurrou contra o meu ouvido, a respiração quente espalhou arrepios para cada parte minha e fez meu interior pulsar de desejo. — Esse sofá é pequeno demais para tudo que quero fazer essa noite.
Meu rosto enrubesceu quando lembrei de como passamos a madrugada, a três semanas atrás. Porém, não me senti nem um pouco arrependida de ter agido por impulso naquela noite e transado com ele como se não houvesse amanhã. Admito que não era minha intenção terminar a noite na cama de Tom quando aceitei dar uma volta com ele; mas, quando vi, já estava envolvida o bastante para não querer recuar por medo ou receio.
Thomas é gentil, engraçado e pareceu enxergar algo em mim que nem eu mesma via. Ele foi o primeiro cara que se interessou pelo meu jeito nerd e talvez um pouco peculiar de ser, não precisei fingir ser outra pessoa para encantá-lo. Ele foi o único para quem me senti bem em me abrir e o primeiro cara, depois de meses na seca, com quem me senti tentada a experimentar uma relação mais íntima.
E eu nunca me perdoaria se deixasse essa chance passar, por mais louca que pudesse parecer. Se eu queria, não havia por que resistir, né? Certo ou errado, o que importava era nossa vontade. E a minha era dar para ele até o amanhecer.
Rolei na cama vazia em meu quarto, passando as mãos pelo rosto numa tentativa de esconder o sorriso e rubor que surgiram com as lembranças, ainda que já tivesse se passado três longas semanas desde minha noite com Tom. Mesmo que tenha sido um pouco doloroso, já que fazia um tempo desde a segunda — e até então última — vez que tive relações sexuais, não consegui parar de pensar no que fizemos, nem de desejar repetir a dose e me perder em prazeres nos braços dele de novo.
Mas era uma noite e só, sem compromisso. Só porque gostei não queria dizer que pretendia ficar atrás do cara ou esperar que ele viesse atrás de mim cheio de amores para dar. Pelo menos, foi isso que pensei quando deixei a cama de Thomas na manhã seguinte, mais cedo do que meu sono e corpo desejavam, para não arriscar me encontrar com a mãe e o irmão dele, que chegariam de Viçosa a qualquer momento, pelo sobrado.
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Céu de Estrelas
Roman d'amourLia estava cansada de se declarar para Leon e esperar alguma atitude da parte dele; já era apaixonada por seu vizinho há anos, e ele jamais a olhou com outros olhos. Por isso, em um ato impulsivo, ela se permitiu dormir com Thomas, o cara que chamou...