Waterland

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Todo sonho acaba com o abrir dos olhos...

O que eles significam? O que se esconde por trás do inconsciente?

Por quê?

Cada vez que fecho os olhos, uma surpresa.

Como interpretar o ilógico?

Quem sabe um dia...

Uma voz doce e familiar murmurou ao meu ouvido. ­" Anna? Você está bem?"

"Estou" ­respondi de forma automática, ainda de olhos fechados. Meu peito ardia, minha cabeça latejava e cada músculo de meu corpo se contraia. Ainda em meio a tantas sensações, escutei um burburinho.

"Ela está bem, só não está preparada ainda. Ela continua confusa.", "Ela não deveria está aqui. Sem se lembrar, ela não tem utilidade.", "Como ela chegou aqui, se ela não se lembra do caminho?", "É muito perigoso..."

Eu abri os olhos e, sem entender, vi um grupo de pessoas vestidas de branco. Um homem argumentando com todos e uma mulher de olhar angelical e familiar ajoelhada ao meu lado.

"Onde eu estou? O que aconteceu." minhas palavras silenciaram as vozes e, como que mecanicamente, todos, ao mesmo tempo, olharam para mim.

"Tudo bem, Anna, você está à salva, não precisa ter medo." a linda mulher de cabelos cacheados, um loiro dourado e olhos verde água, sorriu e me entregou uma manta. "Seque-se, temos muito que fazer hoje."

Suas palavras não fizeram sentido, mas não senti medo ou angústia, só uma estranha familiaridade com tudo o que estava acontecendo e um carinho enorme por ela.

Os homens recomeçaram uma discussão, porem falando baixo, como se não quisessem que eu escutasse.

Ignorando toda a conversa masculina, ela me entregou uma bata branca.

"Se troque, eu ficarei esperando. Você vai acabar doente se continuar toda molhada." ela me encaminhou até uma mata, na borda da areia branca. Só nesse ponto notei que estávamos em uma praia, uma paradisíaca praia deserta.

Ela segurou a manta, como uma cortina, para que eu pudesse me secar e após estar vestida, ela me levou para perto das rochas, na ponta oeste da praia.

Quando me dei conta, já estávamos caminhamos juntas por uma moderna, mas aconchegante cidade.

Enormes elevadores em uma nave central conectavam várias plataformas. Em cada uma existiam partes de uma cidade, com ruas, casas, praças. Como um quebra-cabeça, uma comunidade vertical.

No centro desse enorme complexo, havia um enorme feixe de luz, clareando e ressaltando os detalhes da arquitetura.

Me deparei com uma singela pilastra de mármore branco, toquei-a como se precisasse me certificar que era real. No centro desse enorme complexo, um feixe de luz iluminava, clareando e ressaltando os detalhes da arquitetura.

"Como é possível?" as palavras escapuliram por acidente. Ao lado desta coluna antiga, aparentemente autêntica, estava uma enorme porta de metal controlada pela analise da íris, uma tecnologia, que, até então, eu só tinha visto em filmes de ficção.

Uma voz robotizada deu boas vindas a minha anfitriã "Seja bem vinda Tetis"

A mulher sorriu e, delicadamente, tocou-me o braço, indicando-me para fazer o mesmo. Vendo minha hesitação, ela me encaminhou em frente a uma placa na parede. Eu recuei incerta do que fazer. "Não tenha medo, Anna, você está em casa."

Ela posicionou minha cabeça e apertou um botão. Imediatamente uma luz vermelha me cegou os olhos e, como reação, eu fechei-os virando o rosto. Surpreendentemente a mesma voz me deu boas vindas. "Seja bem vinda Anna, há muito tempo não a temos na sala de controle."

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