As Crônicas de Scott: A Profecia / Vol. 1

Capítulo 7: Zaia Scott.

Recebi alguns olhares surpresos, confusos e sarcásticos quando fui até a arena me inscrever no torneio. Tentei ignorar tudo isso, enquanto lia o papel que eles me davam, falando o mesmo que tinha no cartaz, além de revelar que a primeira prova aconteceria um dia depois do sorteio, enquanto a segunda prova seria uma semana depois que a primeira, repetindo o mesmo com a terceira e última prova.

Então eu não tinha muitas opções a não ser vencer esse torneio, porque o mês passaria em um piscar de olhos e quando ele acabasse eu precisaria estar com a quantia que devo a Marcos em mãos. Tinha algumas coisas a lidar antes disso, como rezar para que meu nome fosse sorteado e a fúria do meu tio quando descobrisse o que eu havia feito. Ainda me lembrava das suas palavras, deixando claro que eu deveria ficar longe do torneio.

—Como seu treinador não posso estar mais orgulhoso e ansioso para vê-la colocar em pratica tudo que aprendeu comigo. —Peter murmurou, enquanto tocava meu pulso para erguer mais meu braço, me ajudando a ajustar o arco que eu segurava, apontando a flecha para o alvo pregado na parede. —Mas realmente acho que você deveria contar para o seu tio antes do sorteio. Ele pode acabar descobrindo por outras pessoas e isso seria péssimo, sabia?

—Eu sei, mas não estou pronta para ouvir as milhares de coisas que ele vai dizer sobre isso. Acredite, ele já me falou a mesma coisa sobre isso várias vezes, que eu já até gravei todos os motivos pelos quais ele acha que eu devo ficar longe de torneios. —Soltei uma risada baixa, fazendo uma careta quando Peter puxou meu ombro para trás e ergueu meu pulso de novo, deixando claro que eu estava fazendo errado. —Você por acaso não sabe quais vão ser as provas? Ouvi na arena que todos os treinadores tinham sido chamados para uma reunião sobre o torneio.

—Nós fomos sim. —Peter segurou meu outro braço, me fazendo puxar ainda mais a corda do arco, deixando-a tensa. —Eu sei qual vai ser a primeira prova. Eles nos contaram para que pudéssemos preparar aqueles que vão participar corretamente, mas não temos autorização para contar a vocês qual vai ser a prova.

—Claro que não tem. —Resmunguei, soltando a flecha quando Peter se afastou. Ela cortou o ar e se fincou na parede, ao lado do alvo na parede. Fiz uma careta, vendo Peter encarar minha péssima mira com um balançar negativo de cabeça. —Eu sou horrível com arco. Você já sabia disso, não sei porque essa cara de indignação.

—Porque você precisa aprender a usar o arco. É fundamental. —Peter afirmou, me fazendo erguer as sobrancelhas e girar o corpo para olhar pra ele, antes de bater a ponta do arco no seu peito.

—A primeira prova é pra testar nossa técnica com um arco? —Indaguei, e Peter soltou uma risada da minha tentativa de descobrir qual era a prova. —Qual é, me da uma dica. Você sabe que eu estou precisando muito, muito mesmo vencer isso. Aposto que o idiota do Mackenzie já sabe qual é a prova, porque aquele treinador babaca dele deve ter contado.

—Eu não posso contar, Zaia. Se outros treinadores quebraram as regras e contaram, o problema está na moral deles e não na minha. —Peter afirmou, enquanto eu revirava os olhos e bufava em frustração. —Não, a primeira prova não é pra testar sua técnica com o arco. Mas o que eu posso te dizer é que as provas não vão ser algo fácil e simples. Elas foram criadas pra testar vocês em situações reais, em que você vai precisar usar tudo que sabem pra sobreviver. Você é ótima com uma espada, Zaia, mas pra primeira prova eu realmente acho que seria fundamental você saber usar o arco.

—Bem, se depender da minha mira de merda, eu já estou morta. —Resmunguei, tentando imaginar que tipo de prova seria essa.

[...]

Entrei em casa no final da noite, ensaiando diversas formas de falar para meu tio que eu tinha colocado meu nome no torneio. De todas as formas que eu pensava, eu sabia que o resultado ia ser o mesmo. Meu tio iria surtar e brigar comigo. Sei que tudo isso é preocupação paternal, mas também me sufocava de alguma forma, porque parecia que eu nunca ia conseguir fazer o que eu sonhava.