Capítulo 10: Espada é o seu ponto forte.

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Me sentei no chão, soltando um choramingo com a fisgada no meu ombro, enquanto arrastava a espada no chão, fazendo força até conseguir ficar de pé. Meus dentes estavam apertados uns contra os outros, porque minha visão escureceu por um segundo quando me equilibrei, me escorando na parede de areia, observando o corpo morto do lobo.

Quando consegui retomar o controle do meu corpo, cambaleei para onde Vitor ainda estava caído, grunhindo de dor ao tentar se mover, mas sua perna estava em carne viva, irreconhecível. Meu estômago chegou a se revirar quando eu vi aquilo, antes de assusta-lo quando ele ouvir o som dos meus passos pesados pelo chão, se virando com os olhos arregalados.

—Você está bem? —Indaguei, vendo-o soltar um suspiro tremulo e negar com a cabeça. Fiquei com um pouco de pena, porque sabia que Vitor não iria conseguir passar daquele ponto da prova. As coisas tinham acabado pra ele, antes mesmo de começarem. —Mais lobos estão vindo, você precisar sair daqui.

—Não sei onde está minha esfera. Deve ter caído quando eu estava correndo. —Sussurrou, fazendo uma careta quando me ajoelhei ao seu lado e observei sua perna, percebendo o estrago que o lobo havia feito ali. Meu próprio corpo ainda latejava, mas me obriguei a manter a concentração, tirando a minha esfera do bolso e estendendo pra ele. —O que está fazendo?

—Só precisa desejar o portão por onde entramos. —Afirmei, com uma respiração pesada. —Eles vão estar esperando.

—Mas e você? —Vitor hesitou ao olhar para a esfera na minha mão, como se não tivesse certeza sobre aquilo. Soltei uma risada esquisita, porque eu iria preferir morrer a desistir como uma covarde.

—Não vou precisar dela. Agora vá. —Afirmei, vendo-o assentir, antes de segurar a esfera e a tirar das minhas mãos. Não sabia bem o que estava esperando, mas fiquei surpresa quando Vitor simplesmente desapareceu em um piscar de olhos, me deixando ajoelhada no chão sozinha, com o som dos uivos se aproximando.

Ergui a mão para tocar meu ombro, tentando remover a armadura esmagada contra minha carne. Mas tudo que consegui fazer foi intensificar a dor, antes de desistir, ficando de pé para olhar ao redor. Não era mais forte que os lobos e não chegaria até o final inteira se eles me encontrassem. Então precisava ser mais inteligente do que eles.

Olhei para as paredes de areia, me aproximando de uma delas, antes de fincar a espada ali. Sorri com aquilo, antes de começar a remover a porcaria da armadura, que estava mais atrapalhando do que ajudando. Depois forcei as partes menores contra a parede de areia, até conseguir formar uma escada.

Olhei para trás ao ouvir o rosnado mais próximo de um lobo, sentindo meu sangue gelar quando vi a sombra de um deles surgir no meio da névoa. Sem esperar mais um segundo puxei a espada e comecei a subir aquela escada improvisada, usando a espada para me erguer pra cima ao ir fincando-a cada vez mais alto enquanto subia. Consegui agarrar o topo da parede de areia quando o primeiro lobo apareceu.

Um grito escapou pelos meus lábios quando me lancei pra cima, dando um impulso com meus pés, sentindo as lágrimas queimarem nos meus olhos quando minha perna latejou como se tivesse sendo incendiada de dentro pra fora. A nevoa ainda cobria aquele lugar por inteiro, mas agora eu podia ver a forma inteira do labirinto e até mesmo encontrar o portão de saída.

Olhei para baixo, vendo o lobo rosnar e uivar, batendo as patas enormes contra a parede na tentativa de me alcançar. Comecei a correr no instante que percebi que se eu podia vê-los por inteiro, eles também podiam e sabiam perfeitamente onde eu estava. Corri por cima das paredes do labirinto, tomando cuidado para não escorregar e cair lá embaixo. Minha perna doía, mas eu sabia que não podia parar, porque podia ver a sombra de não apenas um lobo, mas três deles tentando achar o caminho pelo labirinto para me alcançar.

As Crônicas de Scott: A Profecia / Vol. 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora