As Crônicas de Scott: A Profecia / Vol. 1

Capítulo 16: Dragão branco.

Me afastei das grades do portão na mesma hora, virando de costas quando a plateia explodiu em comemoração, enquanto outros pareciam chocados e assustados demais. Percy me observou quando caminhei e me escorei na parede, encarando o chão enquanto meu peito subia e descia com força. A ansiedade deixava minha pele soada e pegajosa, como se eu estivesse com febre.

Tentei ignorar o som ao redor, me concentrando apenas em tentar regular a minha respiração. Percy se escorou na parede ao meu lado, ficando em silêncio, como se quisesse deixar claro que estava ali caso eu precisasse de alguma coisa. Depois de alguns segundos consegui me acalmar, mesmo que a ideia de entrar lá dentro com um dragão enorme como aquele e furioso, fosse completamente assustadora.

—Tem alguma dica pra me dar? —Indaguei baixinho, vendo Percy engolir em seco e ponderar sobre a resposta que ia me dar.

—Se manter embaixo do dragão é uma boa opção, porque isso os deixa um pouco pedido. —Percy afirmou, me lançando um olhar demorado. —Evite ficar na linha da boca e evite a cauda também. Eles tem uma força grande mais nessa área, que pode te ligar longe e te partir ao meio.

Olhei pra ele por um segundo, engolindo muito lentamente. Abri a boca para dizer algo, antes de um grito agudo de dor fazer todas as paredes da arena estremecerem, enquanto eu me sobressaltava de susto. Disparei na direção do portão de entrada da arena, escorregando na areia quando meu sangue gelou dos pés a cabeça ao ver Tyrian gritando, com seu braço inteiro dentro da boca do dragão.

O ar escapou pela minha boca, enquanto um nó se formava na minha garganta quando o caos se instalou, com todos gritando para que ele fosse tirado de lá de dentro. Seu corpo foi erguido no ar pelo dragão, antes do som de ossos se partindo cortar o ar, trazendo uma sensação fria e estranha, no instante que o dragão arrancou o braço dele e seu corpo desabou no chão com um grito estridente.

Percy me puxou para longe do portão quando as correntes que prendiam o dragão começaram a o puxar para longe de Tyrian, que ainda gritava e tremia contra o chão, tentando conter o sangramento do toco que havia restado do seu braço. Parei de olhar para a cena quando Percy me fez desviar os olhos, me levando para os corredores parcialmente escuros.

—Ele vai...?

—Vão tirar ele de lá. Ele vai ficar bem, não se preocupe. —Percy tocou meu ombro, parecendo perceber que meu corpo estava rígido de tensão, com meus músculos doloridos como se tivessem sido congelados de dentro pra fora, enquanto algo afiado parecia perfurar a boca do meu estômago.

Olhei para o lado quando David surgiu no corredor, me lançando um olhar demorado que deixava claro que ele precisava ter certeza de que eu queria mesmo fazer aquilo. Não ousei perguntar de Tyrian para ele, porque tinha medo de ouvir a resposta, mesmo que Percy tivesse afirmado com tanta certeza de que o guerreiro ficaria bem.

—Ainda dá tempo de desistir. —David afirmou, me fazendo hesitar, pensando em todos os motivos que me levaram até ali. Mesmo com medo eu não era do tipo que desistia. Eu queria vencer aquele torneio por mim e pelo que eu acreditava.

—Não, eu vou. —Afirmei, erguendo o queixo enquanto meu rosto era uma máscara perfeita de confiança e determinação. David ergueu a sobrancelha direita, parecendo surpreso, como se esperasse de verdade que eu desistisse depois de ver como Tyrian havia se saído com o dragão. —O que eu preciso fazer pra vencer?

David me explicou o que eu precisava fazer, antes de me levar para um dos portões de entrada da arena. Aproveitei que o dragão ainda não estava ali para prestar atenção em como o lugar estava, repleto de trincheiras. Eu precisava encontrar uma pulseira branca lá dentro, que poderia literalmente estar em qualquer lugar. E depois tinha que chegar até a esfera presa em um tronco no centro da arena.