Antes que a garota pudesse se mover, um mascarado entrou no cômodo, ele tinha uma pequena caixa de madeiras em mãos, usava uma roupa preta embaixo da capa, sua máscara era do filme V de vingança.
— Entreguem seus celulares! — O Rei pediu. Gabriela engoliu a vontade de tirar a máscara da pessoa e depositou o aparelho no caixote, o mesmo fizera as outras três, Yara analisou o corpo, para saber se era homem ou mulher, o mascarado era muito alto e robusto, aparentava não ter seios, então ela julgou ser um homem. — Yara! Coloque sua máscara e siga o Cavalo e, por motivo algum, tire sua máscara antes de chegar aqui novamente — Ordenou com a voz firme.
Cavalo? Elas se questionaram mentalmente, bom, o jogo era xadrez, todas concluíram a mesma ideia.
A garota lançou um olhar cúmplice para as amigas antes de sair da sala, negando com a cabeça e se benzendo, Luiza rezou para que ela não voltasse sem uma perna ou com uma faca cravada nas costas.
Yara apertou os braços em volta do corpo quando a temperatura lá de fora se chocou contra ela, o mascarado tirou uma lanterna dos bolsos e guiou o caminho em silêncio, ela se apressou em ascender sua lanterna também. Eles andaram bons metros até chegarem na casa e, rodeando ela até a parte de trás, ele indicou com a mão por onde ela deveria entrar, sem dizer mais nada ele refez o mesmo caminho de volta.
O vento aumentara um pouco mais e com isso o som das arvores estava assustador, o céu estava negro, sem nenhuma estrela, talvez chovesse, a estudante concluiu. A menina caminhou apressadamente, desceu alguns degraus e abriu a porta do porão, havia uma luz tênue lá dentro e para sua surpresa havia outro mascarado lá, pelo menos não era um fantasma, ela preferia lidar com uma franquia de terror slasher do que com um dos fantasmas de James Wan.
O porão era como ela imaginava, ainda cheio de tralha encaixotada e móveis cobertos por lençóis, e óbvio, ela não tocaria em nada, ela sabia como funcionavam os melhores filmes de terror. Ansiedade tomou conta dela e a fez congelar no batente da porta, uma ânsia súbita se instalou em sua garganta, o piso quadriculado estava dançando nas suas vistas, ela suspirou fundo, não estava morrendo de medo, estava ansiosa devido ao jogo, aquela euforia sempre acontecia quando ela se exaltava demais, contou até dez mentalmente, lembrou do aconchego de seu quarto, ele era pequeno, mas era seu refúgio, pôsteres de suas bandas de rock, da Pitty sua cantora preferida, da sua cadeira de balanço suspensa, seu computador, seus filmes e séries preferidos, lembrou de uma sessão de filmes com as meninas, estava chovendo muito, uma tempestade, elas resolveram maratonar todo filme de terror possível, com muita comida industrializada e chocolate quente, ora ou outra sua mãe abria a porta de seu quarto e mandava ela desligar o computador porque iria atrair os raios.
— Entre! — O mascarado disse, sua voz era suave e familiar, Yara quase engasgou, ela estava sorrindo debaixo da máscara.
— Lorenzo? — Sussurrou ela, deu alguns passos até ele. Ele estendeu a mão, apontando para o feixe de luz que iluminava um envelope branco.
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Xeque-mate
Mystery / Thriller(Conto) Uma mensagem estranha é enviada para quatro amigas. Yara, Luiza, Yuna e Gabriela são estudantes do colégio Prime e, em um dia normal na vida pacata das alunas, uma delas recebe uma mensagem enigmática, logo mais, as outras vão recebendo suce...