14 - Marcas

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Manuela

Depois do que aconteceu comigo e Hakon na noite de ontem. Achei que fosse ficar o dia lambendo as botas dele. Mas não, estou bem, acho que a ligação não seria tão forte como eu imaginava.

Obviamente, se ele estiver por perto, só consigo pensar e ter olhos para ele. Meu corpo esquenta e fica desejando seu toque.

Hoje eu vou pedir de novo  pra gente ficar daquele jeito,  sem penetração, mesmo que eu deseje muito terminar o ciclo e acasalar.

Acasalar? Tão animal esse termo. E fêmea, macho, me sinto num zoológico.

– Nunca use a força da sua raiva na intensidade do seu poder. Ele é forte, letal para a maioria das raças. Um humano por exemplo,  morreria rapidamente, se você o agredisse sem controle.

Estou sentada embaixo de uma árvore, e a Ruth está me falando, como faço para separar sentimentos do poder, é muito difícil esse controle, está tudo dentro de mim, como se fosse uma necessidade de usa-la em todas as minhas as s ações.

– Mas porque eu sinto desejo de usar o poder para expressar meus sentimentos? – Pergunto de olhos fechados.

– Porque o poder quer te dominar. Agir sobre você e tem que ser o contrário. Uma vez que ele detiver o controle, dificilmente você retomará as rédeas das suas decisões.

– Será que algum dia,  eu vou conseguir ter esse completo controle?  Se me u fosse ligada a Hakon, seria mais fácil?

– Sim, ele tem essência puramente dos deuses. Ele é forte,  decidido, nem a morte o alcança. Não se deixa ser enfeitiçado. Isso te daria as armas para controlar o poder, mas com o corpo humano,  sempre terá que ser cuidadosa. 

Retomamos os exercícios. Depois sou liberada e voltamos para casa. – Obrigada por ir comigo para o Canadá. Ela está com a aparência melhor, menos sofrida que no dia em que eu acordei.

– Não faço mais que minha obrigação. Minhas filhas e mãe, te colocaram nisso. Eu tenho que tentar consertar, ou pelo menos, diminuir os estragos.

– Como você está com tudo isso?  Perdê-las assim?

–A gente já não tinha ligação afetiva. Eu errei no passado, com elas, com o vale, Francis. Quem sabe um dia eu não te conte tudo.  Mas posso perguntar uma coisa?

– Claro, Ruth. O que quer saber? — Estamos caminhando na floresta,  de volta ao carro.

– Mirtes te disse mais alguma coisa antes de partir? – Ela parece acanhada ao perguntar.

– Seja mais especifica. Ela falou muita coisa. O que quer saber?

– Bem, ela teve acesso ao poder primordial, não deixou nada anotado. Mas possivelmente ela saberia como... Como trazer alguém do. – Para de falar e olhando adiante, como se estivesse escolhendo as palavras certas.

– Do Campo de Asfódelos? – Olho para seu rosto que está branco como cera. – Como sabe sobre isso, se não tinha contato com a Mirtes?

– Desculpa,  eu só estava curiosa sobre o que conversaram. Elas eram minhas filhas. – Começa a chorar.

– Ei Ruth,  eu sinto muito por você tê-las perdido. Mas me explica como sabe desse feitiço? Preciso saber o que pretende.

– Eu tenho um amor que não vivi. Já estou com quase 60 anos,  poderia parar de envelhecer com magia, mas não sei se vale a pena, o meu amor já se foi.

– Como assim? Se explique melhor. Não tô entendendo.

– Ele era de outro clã, sabe que somos apenas mulheres no Solaris, né? Confirmo que sim e ela continua. – E quando descobriram que eu estava com ele, minha mãe o matou. Nossos filhos e filhas teriam poderes especiais, já que eram de dois clãs diferentes e supostamente as filhas que eu teria, não poderiam ser Solaris. Já que carregaria poder de outro bruxo. Nossa linhagem é pura.

Hakon  e o preço da dúvida - Livro I - Os Escolhidos Onde histórias criam vida. Descubra agora