Inglaterra - 1966.
(Birmingham.)
Extra! Extra!
As manhãs gélidas da grande Birmingham acompanhavam os moradores da Arthur Street, 142 como quase todos os dias. No entanto, a ocasião atual permitia um certo desprendimento das convenções sociais estabelecidas naquele país. Os britânicos estavam gloriosos diante da tão esperada final da copa de 1966. Após a vitória de (4-2) para a Alemanha, torcedores fanáticos e comuns cidadãos compartilhavam a mesma energia de comemoração, festa e muita bagunça pelas ruas das cidades. Pessoas corriam animadas com suas bandeiras e gritavam exasperados em todos os cantos, trazendo desconforto para os menos socializáveis. Muitos deixavam se levar pelo momento, mas outros queriam apenas que aquele demorado dia acabasse!
— Mas que algazarra! — a jovem de apenas 12 anos tentava, sem sucesso, abafar os sons que interrompiam sua tarde de estudos.
Já tinha aberto e fechado a janela diversas vezes, pensava que poderia deixar uma "indireta" para os transeuntes que corriam pela avenida.
Assustou-se quando alguém entrou de supetão em seu quarto.
— Elisa! — a senhora de trajes formais a chamou com certa frieza. — O jantar está posto, venha!
A menina não estava com fome, havia feito um lanche pela tarde e sentia uma leve indisposição após a refeição.
— Obrigada, Senhora Brown! Mas eu estou sem fome. — pôs-se a continuar sua tarefa.
A governanta, enfim, aproximou-se e disse:
— Se eu fosse a senhorita iria. Sua mãe já está uma pilha de nervos por causa do seu pai e mais uma dor de cabeça só irá piorar a situação.
— Papai ainda não voltou? — perguntou um pouco preocupada.
A senhora negou com a cabeça. Aprumou seu corpo e deu um suspiro.
— Espero não ter que chamar novamente. — e dirigiu-se para fora do quarto.
Elisa, com um semblante atormentado, saiu em direção a sala de jantar.
Ao chegar se deparou com a mãe andando de um lado para o outro apressada.
— Eu disse! Eu disse! Bem que eu pressenti que não era para permitir que aquele... — ela pensou bem antes de falar. Viu a filha presente e mudou seu discurso. — Aquele "senhor" levar o meu filho para um encontro de marmanjos!
A garota sentou-se em seu lugar à mesa e fitou os olhos da matriarca.
— Não vai comer, mamãe?
Laura, sua mãe, a olhou intrigada. Percebeu que a menina estava desconfortável com a situação e tentou ser condescendente.
— Eu estou sem fome, Elisa. — voltou a andar pelos lados.
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Como domar uma fera?
Fanfic• Quase 30 anos depois, a vida na fazenda continua a mesma. No entanto, um problema familiar acaba revelando certos "segredos". •