O Jerimum

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A feira anual este ano não teria para ninguém. O velho camponês cultivou o seu jerimum com todo amor. Cobriu nas noites frias e refrescou nas noites quentes.

Usou o melhor adubo, húmus de minhoca, "num tem solo mais fértil não", dizia.

— Venha, meu véi querido, está tarde — disse a esposa em tom brando.

Ela aproximou-se.

— Já vou minha véa.

— Que bela colheita teremos.

— Sim, e este ano eu levo o prêmio principal. Aquele mequetrefe do Tiler não tem chances.

Após alguns minutos contemplando com orgulho o fruto do seu trabalho, entrou.

Vencer, seria a glória da sua vida.

— E o prêmio principal vai para... O senhor Lastor e o seu jerimum premiado.

Foi um alvoroço, o senhor Lastor tentava fingir surpresa, afinal, sabia que ganharia o prêmio anual. Subiu as escadas, para receber a faixa.

Quando iam colocar o selo no seu fruto. Puf... Ele furou e saiu feito uma bexiga, esvaziando enquanto fazia piruetas pelos ares.

Acordou assustado.

— Que pesadelo!

Incomodado decidiu ir ver o seu tesouro. Quando estava chegando perto viu movimentos. A folhagem mexia. Ouvia grunhidos abafados. Foi chegando... Avistou a criaturinha que disparou com a sua preciosidade.

— Volte aqui fi dum cabrunco.

Desembestou atrás do pequeno ser. O garfo do arado em riste. A criaturinha levava vantagem. Mais jovem, pé grande.

A cerca que delimitava o terreno se aproximava. Com um salto o pequeno meliante escapou. O pobre Lastor desolado tentou saltar a cerca, em vão.

Péssima hora para escolher arrumar o tapume.

No dia seguinte, sem muita vontade Lastor foi à feira. Triste, sabia que Tiler venceria a competição outra vez. Mas nada o prepara para o susto.

O velho patife estava com o seu tesouro. Debaixo da mesa o pequeno meliante, com alegria, usufruia do pagamento pelo serviço.

— O prêmio anual vai para o jerimum do Tiler.

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