Cap 23 - Sob os olhos do oceano

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Morana

Plotika corre depressa, suas patas mal tocam o chão ao ganhar novo impulso. O vento beija minha pele, o sol a queima. Não vejo nada além da imensidão dos campos verdes. As imagens passam por minha cabeça, revivo toda a briga que tive com Elijah, derrepente me pego pensando se deveria ter escolhido ficar na terra. Paro as margens do mar, as ondas chegam quase aos pés da minha égua, mas ainda assim não os molham. Solto um suspiro, longo e calmo, que me sai quase que como um lamento. - Nunca a vi lamentando! - uma voz familiar eco, olho para o lado e vejo o deus dos mares. - Poseidon! - digo descendo da montaria. - Sabe que não sou mulher de me lamentar. - paro em sua frente. - Então é verdade! - passa por mim e acaricia o pescoço da égua. - Hélio voltou furioso para o Olimpo, dizendo que tinha perdido o juízo, ao decidir ficar junto aos mundanos. - sorrir levemente. - Talvez ele não esteja tão errado assim. - o sorriso se amplifica. - Tamanha foi a surpresa de Zeus ao descobrir que lembrava de sua vida de deusa. - viro para o mar. - Fiquei surpreso com o seu pedido de proteção, não o seu, mas para eles! - vem para o meu lado. - Como opta por viver assim? Sem usar seus poderes, sua grandeza, é uma vida indigna para um deus. - a nobreza de Poseidon me lembra Elijah. - O que ele tem? - para em minha frente. - Poseidon! - suspiro. - Eu só quero entender! Você faz deuses se curvarem a você só com um sorriso, exerce todo o poder sobre nós, nos tem a seus pés sempre, mas , mesmo assim rejeita cada investida... até as minhas. - segura em uma das minha mãos. - Eu observei ele algumas vezes e pude perceber que temos algumas coisas em comum, me pergunto se isso influenciou sua escolha. - o azul de nossos olhos se encontram. - Poseidon... - ele segura minha outra mão. - Não me diga que esqueceu ou que não pensa em todas as vezes que nossas peles queimavam uma pela outra, as intensas horas de amor que dividimos, quando juntos nos tornávamos apenas um. - nesse momento desvio os olhos dele. - Poseidon, tivemos sim, momentos intensos, mas nunca foi sério. - pega em meu rosto. - Mas teve sentimento, eu sei que sim. Eu a conheço Hécate, e acho que o único motivo pela qual quis ficar  foi porque viu a oportunidade de ter o todos nós já desejamos pelo menos uma só vez, a possibilidade de sermos algo alem de nós mesmo, seres supremos. Zeus sente desprezo pelos mundanos, mas nós não somos tão diferentes assim, pois imortais ou não todos queremos a mesma coisa, viver. - isso que ele fala não me é uma questão estranha, já pensei nisso, bem mais do que gosto de admitir. - Quantas coisas eu já fiz pocesso de ciúmes de você. - sorrir levemente. - Quantos tsunamis eu já não criei por sua causa. - realmente seu temperamento é um pouco instável. - Podemos caminhar? - estendo a mão dando passagem a ele, que passa por mim. - Ela não vai sair daqui? - pergunta olhando Plotika que também nos observa. - Não vai não. - levo minha mão esquerda até o focinho de minha égua, o ergo levemente e assopro suave, entre suas narinas, quando a solto, ele balança a cabeça, bufando. Ela vai ficar aqui, meu sopro garantirá isso. Eu o acompanho, vamos caminhando pelas margens do rio. - Como estão as coisas em casa? - pergunto passando meu braço em volta do seu que me estendera. - Normal, as mesmas coisas de sempre, Zeus em sua ausência está aproveitando a autônomia, Hades sente sua falta... - exita um pouco. - ... e eu também. - suspira e encontra meus olhos. - Não sente falta de casa? - voltamos a andar. - É complicado. - parte de mim sabe de minhas obrigações, que eu encobi a outros, quanto a outra parte deseja apenas viver com pessoas que se importam comigo, que realmente se importam. - Mas não precisa ser! - ficamos em silêncio e tudo que se ouve é as ondas do mar. - Passamos três mil anos juntos, sei que para nós não é muito tempo, mas, meu coração pertence a você, sempre pertenceu a você. - nossos passou vão ficando cada vez mais lentos. - Eu nunca invejei tanto um mundano, pois sei que seu amor por ele é sincero. - ele para em minha frente. - Diga, uma palavra e te deixarei em paz, em seu coração, não existe nenhum vestígio do que vivemos? - tento não olhar em seus olhos, mas, não consigo não fazer. - Sempre estará em meu coração. - então sorrir. - Então venha comigo, não me diga não ainda, pense sobre isso e se a única razão pela qual não queira ir for seus filhos, lembre-se que eles são semideuses e são bem vindos em casa. - ele some, mas seu sorriso ainda fica em minha lembrança. Fico em meus pensamentos, ainda caminhado pelas margens do vasto oceano, quando a noite dá lugar ao dia, só ai eu volto para a  propriedade. Desço de Plotika ao avistar meu pai e Elijah no jardim, olhando por entre as árvores que cercam a casa por três lados, como se procurassem por algo. - O que fazem aqui? - digo ao me aproximar deles. Tomam um susto, como se estivessem fazendo algo de errado. - Oi filha, só estamos aqui, tomando vento. - meu pai falar apressado, sem colocar os olhos em mim, sua atenção passar rapidamente de um local para outro por entre as árvores. Elijah fica parado sem me olhar nos olhos, não sei se pelo que aconteceu antes ou pela estupidez que fizeram agora. Uivos ecoam dentre as árvores, lamúrias comuns de lobos em noites de lua cheia, exeto por uma única razão. - Nessas redondezas não tem lobos! - digo áspera para que os dois saibam que sei o que fizeram. - Acham que podem mentir para mim? - minha voz aumenta. - Eu sei o que fizeram, confessem! - eles nunca me viram furiosa antes. - Nós.. O Alec veio nos contar que queria ativar o lado lobo dele, Ruby estava junto, então nós os ajudamos a... - Klaus devaga em suas palavras. - Vocês tornaram meus filhos assassinos? e para que? para nada! Eles são semideuses, e transmutação está em seu gene, eles podem se tornar lobos quando quiserem não precisava matar. - pela reação dos dois ao me ouvir, eles parecem não ter lembrado desse detalhe. - Fique calma Ana, o Elijah concordou. - olho para meu marido, que em sua mente deixa claro que desaprova meu comportamento, mas a essa altura, não faz diferença o seu julgamento. - O Elijah concordou? - ele suspira. - Já havíamos conversado sobre isso antes, você disse que estaria ao lado deles quando acontecesse. - isso é verdade, mas agora é diferente. - Eu disse sim, mas, quando eu não sabia que era uma deusa. Eles pedem se tornarem o animal que eles quiserem, sem precisar matar. - meu sangue garante isso. - E como explicaria para eles? Já que deseja mantar sua verdadeira identidade em segredo? - Elijah e seu velho hábito de sensatez me desestabiliza. - Volto a dizer o que disse antes, acho que eles precisam saber. - completa. - Sabe o risco de já ter dito isso a vocês? Se contar para eles não arriscaria só minha identidade, mas a eles também. - já tivemos essa mesma conversa antes. - Como vão poder se proteger de qualquer ameaça sem nem ao menos sabem o que realmente são ou conseguem fazer? - meu pai o ajuda. - Começo a achar que tudo isso foi um grande erro, começo a entender Zeus. - deuses e mundanos não podem conviver. - Não use de artemanhas para fazer o que deseja, se é de Hélio que estamos falando seja explicita. - não acredito que essas palavras sairam de sua boca. Eu o encaro, deixando claro minha objeção. - Ana eu sei o que fiz, não demos um tiro no escuro, afinal eu sou o lobisomem mais velho que existe. - meu pai diz em tom de brincadeira, mas meu humor já está bastante inflamado. - Poder ser o lobo mais velho, mas eu ainda sou a alpha! - minha voz sai monstruosa, meus olhos ficam com brilho branco, meu verdadeiro olhar de deusa. Os dois me olham assustados, ajoelham diante de mim, submissos, baixam a cabeça em sinal de respeito, fazem isso, pois meus olhos os compeliram a fazer, mesmo não sendo essa minha intenção.

Chamas do Destino - Sangue Mikaelson (Liv 02)Onde histórias criam vida. Descubra agora