A casa era simples.
Era uma casa inteiramente de madeira, construída com poucos recursos outrora e sendo renovada e expandida a cada estação. Ela estava no meio de um simples vilarejo, onde menos de uma dúzia de casas como aquela permaneciam em pé. Existiam também algumas fazendas, bem poucas e de famílias rivais, mas há tempos não aconteciam intrigas fora algum animal roubados ou relacionamentos forçados graças a alguma gravidez inesperada.
A igreja ficava no centro da cidade, não era grande mas era o suficiente para caber todos da vila duas vezes por semana. Ela também era a única construção de tijolos e onde todos poderiam se manter aquecidos durante os festivais invernais e onde era caloroso nos festivais do verão. Todos em honraria para com a gloriosa deusa da luz, Luxavat.
A dinâmica da vila era simples, uma rotina repetitiva que se seguia de geração em geração. No meio de entediantes colinas, próximo a uma floresta não explorada, próximo ao rio importante, próximo a uma estrada importante que levava até a capital do império luxariano. Essa era a vila da futura salvação do mundo.
Mas o que era realmente importante era a casa. De madeira e simples.
Em uma noite, à luz de um braseiro estava uma mãe e seu filho, o último acordado de todas as cinco crianças. Enrolado em cobertas mas com seus grandes olhos abertos, brilhando como rubis. A voz da mulher era suave e as palavras que ela dizia continha um amor palpável, que era correspondido pelo olhar de admiração do garoto ao ouvir cada verso da história que a mulher contava.
- Assim que ele decidiu que o reino não precisava mais dele, Septimus viajou para longe, para se aventurar em outros reinos. - Ela terminou a história, fechando o único livro que eles possuíam novamente. - Está muito tarde querido, hora de ir para a cama.
- Ah! Mas mãe! Eu ainda quero escutar a história! - A criança reclamou chorosa.
- Eu sei querido, você sempre quer ouvir mais. Porém, ainda não temos o resto da história. - Ela beijou a testa do garoto e arrumou seu cobertor, a noite estava fria demais para um garoto daquela idade. - Um oitavo herói ainda não foi escolhido pela Deusa.
- Ah... Tudo bem, mãe. Boa noite. - O pequeno fechou seus olhos e se aconchegou em dia cama, como se seu corpo finalmente de desse conta do cansaço.
- Boa noite, querido, que Luna abençoe sua noite. - Ela acariciou seus cabelos carmesim, que brilhavam mesmo com a faísca mais fraca do braseiro.
- Mamãe, por que todas as histórias terminam com os heróis indo embora? Eles não precisam voltar para suas famílias? - O garoto ainda lutava contra o sono para saciar sua curiosidade. Sua mãe apenas sorriu.
- O mundo tem muitos problemas, meu querido. Os heróis precisam trabalhar muito para salvar as pessoas.
- Então... Eles nunca vão voltar? Nem mesmo o Sepi... Sepitu?
- Não sabemos querido... Existe apenas um herói por vez... Apenas um.
- Hum... Boa noite mãe.
Ela continuou com o pequeno por mais um tempo, para ter certeza de que ele caira no sono. Ponderou por alguns minutos antes de se levantar e checar as outras crianças do cômodo, todas dormindo como anjos. Um momento de calma e paz que significava o mundo para aquela mulher, pois ela sabia da tempestade que viria. Ela saiu do quarto e fechou a porta com cuidado para não acordar às crianças, suspirou e caminhou até a sala da lareira, onde havia um homem sentado na poltrona.
Baixo e acima do peso, mas que ainda tentava fazer com que seus robes clericais coubessem em seu corpo, com o rosto marcado pelas décadas que vivera e cabelos brancos e bem cuidados em comparação com o povo comum da vila. Alguns anéis com o símbolo de Luxavat adornavam seus dedos impondo o status que ele possuía. Seus olhos brilhavam de impaciência enquanto encarava a luz da lareira e sua mão agitava uma taça de vinho.
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Caminho da Luz
FantasyO herói foi condenado por traição, sua punição? ir para as Terras Demoníacas. Mas o que será que ele vai encontrar lá?