Corvos

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Próximo da vila havia um campo de flores, um belo terreno natural que pintava a paisagem de muita cor, todas as íris do céu eram refletidas pelo brilho das cores, uma visão tão pura e tão linda que poderia impressionar até o mais terrível tirano. Esse campo foi nomeado há muito tempo atrás como "Coroa de Luxavat" e foi palco de alguns acontecimentos históricos que apenas eram citados em livros, e muitos deles envolviam pedidos casamentos. Um lugar que despejava o romance para a realidade do nosso mundo, que podia abalar as emoções de qualquer um, mas era esquecido por todos.

A vila era pacata demais para se importar com um monte de flores, ainda mais quando nenhum visitante sequer passava por aquele lugar. Todos tinham trabalho a fazer, pessoas para alimentar e responsabilidades para honrar. Mas existiam pessoas que não tinham nada disso, as pequenas e inocentes crianças.

E uma criança estava ali, sentada no meio do campo encarando o horizonte da Coroa de Luxavat. De cabelos vermelhos que chegavam até seu ombro, bagunçados mas sedosos, pele clara e levemente pálida pela falta de sol, roupas simples e largas de couro comuns para um jovem de sua idade e pés descalços sujos de uma terra úmida e rica. Seus olhos escarlates brilhavam com a luz do sol crua em seu rosto, um momento que poderia ser congelado em uma obra no museu de arte da capital.

- Não acredito! Oi Lyn! É você mesmo?! Você está melhor? O que aconteceu? - Uma voz desesperada e aliviada ao mesmo tempo ecoou pela planície.

O garoto olhou para trás e viu sua amiga correndo para um abraço. Era uma garota doce, seus cabelos castanhos eram tão grandes quanto belos, seus olhos escuros eram como a terra pura e molhada pelas chuvas de verão, suas feições eram delicadas e não poupavam as expressões que a pureza infantil podia proporcionar. Vestia um vestido de lã branca e sandálias de couro que ficavam folgados em seu corpo, talvez por pertencer originalmente a alguma de suas irmãs mais velhas.

- Oi Tina! Você está bem? - O garoto se levantou e abraçou sua amiga, um abraço forte e empolgado encantado pela saudade de um período distante.

- Eu que deveria perguntar isso Lyn! - Disse a garota se afastando do amigo e socando seu ombro. - O que aconteceu para você sumir? Mamãe disse que você iria morrer!

- Ai! Eu estava realmente doente! Eu fiquei muito, muito mal! - Suspirou o garoto cansado.

- Eu te disse para não pular no lago a noite! Ainda mais quando você não tinha uma troca de roupas! - A pequena continuava sua investida agressiva contra o menino.

- Eu sei, eu sei! Ai! Ei! Mas não fiquei doente por causa disso! O Padre Urun disse que eu estava amaldiçoado ou coisa assim.

- O que? Por quê? Você nunca fez nada para irritar os espíritos...

- Foi por isso que a Deusa me salvou! Agora estou bem e saudável! Mas mamãe é muito chata... Ela não quer que eu saia de casa, mesmo para brincar com vocês. - O garoto chutou uma pedra, frustrado.

- Que chata! Mas... Por que você está aqui então?

- ... Eu saí escondido! - Ele riu travesso como sempre.

- Você vai apanhar! - Ela gargalhou junto.

Ambos sorriram um para o outro conforme retomavam seu fôlego, felizes por finalmente se reencontrarem. A garota o abraçou com força, e ambos ficaram daquele jeito por longos minutos, um alívio silencioso era sentido de ambas as figuras conforme o aperto era desvincilhado. Ambos sorriram novamente um para o outro e continuaram a conversa:

- Eu achei que você fosse morrer, sabia? Teve um momento em que mamãe não me deixou te visitar. Mas eu fui... - Ela disse segurando as mãos dele.

- Eu sei Tina, mas está tudo bem agora! Estou mais forte do que nunca! - O garoto respondeu animado. - A Deusa realmente me curou! Eu não sinto mais nenhuma dor, mais nenhuma dificuldade! Eu posso andar, correr, pular, falar, respirar e tudo melhor que antes! Estou cheio de energia! Poderia dar a volta nesse campo mil vezes!

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