14.

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Atacante.

Me virei na cama e soltei um suspiro de frustração ao encarar o teto e os quatro cantos da mesma cela que venho encarando sem ter direito de olhar pra mais nada há pouco mais de um mês.

Isso mermo, pô. Já passou coisa de um mês e poucos dias desde que estou em solitária.

Falar pra tu, nessa porra só sobrevive e se mantém são quem tem a mente blindada pra caralho, mó tempão que eu não sei o que é respirar ar puro e ver o sol.

Sentei e esfreguei o rosto, pedindo a Deus pra que continuasse guardando a minha sanidade, que se antes já era pouca, agora tá abaixo disso.

Tá osso, minha vontade é sair daqui e fazer a porra de uma chacina de tanto ódio, nem fuder pra libertar o estresse eu posso.

Olhei pra porta com a sobrancelha franzida ao escutar mó barulhão vindo dela, coisa que não era normal, pois desde que eu tô em solitária geral foi tudo proibido de abrir. Pra me dar comida ou água tinha que ser pela janelinha gradeada que há nela.

A porta foi aberta, trazendo uma clareza que meus olhos desacostumaram, e eu rapidamente levei meu braço pro rosto, protegendo meus olhos dos raios solares.

- E aí, vampirão. - Era a voz irritante daquele policial miserável.

Tirei meu braço do rosto e fui abrindo os olhos lentamente, vendo seu sorriso feio pra porra ao constatar o estado nada favorável em que eu me encontrava.

Barba por fazer, cabelo grande pra caralho, olheiras e o mesmo descontentamento de sempre no olhar.

- Sou a primeira pessoa que vem falar contigo depois desse tempo todo e é assim que tu me recebe? - Fingiu indignação.

- Tô com problema de audição. - Sorri de lado, sinistramente. - Chega mais perto pra eu escutar melhor, pô. - Fechei meus punhos e estalei meus dedos sem parar de encarar ele, que parou com a mão no coldre da glock já assustado.

- Pode vir buscar. - Ele falou olhando pra alguém atrás dele e em seguida entrou um guarda com algemas.

- Tão me levando aonde? - Perguntei sentindo o objeto ser colocado nos meus pulsos e o guarda me puxar pra caminhar em seguida.

- Tribunal. - Murmurou e eu sorri internamente.

Que seja o que o pai lá em cima quiser.

Caminhei lentamente por aquele corredor imundo e ao chegar no estacionamento do presídio fui jogado nos assentos da parte de trás de uma van enorme depois que o guarda abriu a porta da mesma.

Sentou eu, dois guardas e dois policiais, um deles era o corrupto e o outro estava dirigindo.

O corrupto digitou algumas coisas no celular e antes de passarmos por uma avenida pouco frequentada o policial que estava dirigindo travou bruscamente, parando na frente de um cara que eu reconheci ser um dos meus cria.

O policial abaixou o vidro, provavelmente na intenção de perguntar o que deu nele pra ficar no meio da estrada, e o Krawk, meu cria, aproveitou a deixa pra levantar a glock e dar dois tiros certeiros na testa do cana.

Os guardas que estavam do meu lado já tiraram os revólveres do coldre e um deles engoliu em seco quando o Krawk sorriu pra eles e acenou com a mão que segurava a glock.

Olhei pro guarda do meu lado e quando ele fez menção de erguer a mão que segurava o revólver eu juntei meus braços, colando meus cotovelos antes de bater na testa dele, que foi pra trás com o impacto e bateu na lataria do carro, causando um corte que o fez perder a consciência.

- Tinha que ter dedo seu nisso! - Bufou transtornado e mirou o revólver na lateral da minha cabeça antes de puxar o gatilho uma, duas, três vezes. Todas elas em vão. - Mas...

Gargalhei ao ver o desespero em seus olhos, como eu amo esse olhar.

Levei minha mão pro bolso do macacão, tirando uma das balas que eu mandei o corrupto tirar do revólver dele, e soquei dentro da sua perna, vendo ele gritar de dor e a farda que o mesmo usava se tornar vermelha, pela quantidade de sangue que saiu em questão de segundos.

- Faz o teu. - Ordenei e o corrupto pegou o chaveiro no seu bolso antes de livrar meus pulsos daquela porra de algema.

Limpei o sangue que havia em minhas mãos na farda de um dos guardas e desci da van antes de respirar fundo e olhar pro céu.

- LILI CANTOU, CARALHO! - Gritei com os braços abertos, vendo a van da minha quebrada parada no meio do mato que tem aqui do lado, e o Krawk já pegou uma maleta antes de vir fazer um toque comigo. - Vai ser recompensado da melhor forma. - Avisei e ele assentiu e me entregou a maleta, voltando pra van em seguida.

Voltei a subir na van do presídio e puxei o corrupto pelo colarinho antes de fechar meu punho e começar a socar seu rosto até ele quase perder a consciência.

Policial: Tá maluco, caralho? - Tossiu antes de cuspir sangue acompanhado de dois dentes.

- Deveria ser mais grato. - Falei o soltando e joguei a maleta com dinheiro por cima dele que me olhava confuso. - Geral ia desconfiar de tu ser o único que saiu ileso dessa porra. - Falei só isso e meti o pé pra minha van.

Mota: Fala tu, meu mano. - Me puxou pra um breve abraço.

- Fala pae. - Fizemos um toque depois de separar.

Mota: Finalmente a lili cantou pra tu, merece comemoração em?

- Só se for no sábado, hoje eu só quero comer uma novinha e curtir a minha quebrada na paz.

Mota: Jaé, irmão, jaé. - Falou e em seguida o Krawk já começou a dirigir.

Inolvidável - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora