Annabelle

140 3 0
                                    

- Que se passa aqui? - olha para mim com um olhar reprovador. Se não ouviu a conversa toda pelo menos ouviu o grito do meu irmão.

- Nada. - respondo eu.

- Nada?! Ouvi um berro enorme! - vira-se para Jonn

- Pergunta-lhe a ela. - Jonn não disse isto com maldade. A meu entender não queria enfrentar a mãe com uma conversa tão inconveniente.

- Não quero falar sobre isso! - bato com a porta e saio a correr. Por momentos penso que foi insolente pondero em voltar, mas não o fiz.

Corro com toda a minha velocidade e sinto o vento a bater-me na cara secando as minhas lágrimas. Ninguém compreende como me sinto naquele casa. A minha mãe sempre foi exigente, mas pelo menos quando o pai era vivo controlava-se. O meu pai sempre foi compreensivo e nunca me deu a entender que no Dia da Escolha eu teria de deitar o meu sangue na água, escolhendo ficar, para o resto da minha vida, na Erudição.

Paro de correr em frente do bairro partilhado. O bairro partilhado é um bairro onde todas as fações se misturam. Digamos que quem vive lá é muito modernista, pois apesar de os tempos terem mudado e agora podermos conviver com toda a gente ainda há muito a ideia preconcebida de que só nos podemos dar com as pessoas da nossa fação.

Sento-me num banco em frente dumas casas. O que faço agora? Não posso voltar para casa agora que fugi. Decido bater à porta de Mary Jones a abnegada da minha turma. Nunca poderia recusar ajudar-me. Acho que é a única abnegada que vive neste bairro:

- Boa noite Annabelle.... - esfrega os olhos.

- Preciso da tua ajuda.

Ela faz-me sinal para entrar. Explico-lhe o que aconteceu e ela não me interrompe. Finalmente diz:

- Podes dormir na minha cama e eu durmo aqui no sofá.

- OK. Nunca vou esquecer este favor Mary, muito obrigada.

Histórias DivergentesOnde histórias criam vida. Descubra agora