CAPÍTULO - 7

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As gotas da chuva já estavam diminuindo em sua quantidade, assim que o cenário estivesse mais limpo e a luz do sol começasse a vazar por entre as nuvens, nós partiriamos.

Não sei quanto tempo estamos abrigados nessa casa, talvez uma hora ou quem sabe duas ? de fato não sei. Por mais que eu não creia numa força superior, estou me sentindo tendencioso a acreditar que se essa força existe, ela definitivamente não quer que cheguemos ao distrito C ainda hoje.

O temporal do qual tinhamos fugido acabou trazendo bastante umidade para dentro do nosso lar provisório, o frio acabou entrando em uma batalha contra o calor da fogueira buscando ver quem dominaria o ambiente. Enquanto o tempo se seguia, Victória e eu mudamos mamãe de posição, cobrimos ela com mais restos de tecidos e depositamos o que sobrara da lenha no fogo.

Victoria e eu estávamos deitados juntos ao lado oposto da fogueira, seus olhos estavam fechados e ela se tremia de leve em relação ao frio, até consegui reparar nos poros de sua pele e vi que alguns deles estavam dilatados.
Sabe aquele momento em que você está próximo a alguém e não sabe o que falar e quando abre a boca sai uma frase sem pé nem cabeça ? Pois bem, me senti assim. Então para evitar ficar ocupando a cabeça com besteira e meio que me desculpar por ter mandado ela calar a boca, decido puxar assunto mesmo não sabendo qual o tema que viria, para falar a verdade não havia nenhum assunto preso em minha língua aguardando sair para fora.

- Está dormindo ?.

- Não, estou treinando para morrer - ela fala ainda de olhos fechados.

- Precisava falar assim?.

- Sim, precisava, onde já se viu perguntar a alguém que está dormindo se ela está dormindo? se ela estiver dormindo é lógico que ela não vai responder - ela rebate um pouco impaciente .

- Mas você não estava dormindo - repliquei.

- Como você sabe?.

- Porque você acabou de me responder, caramba!!! - falei enquanto me levantei irritado.

- Nossa, precisava falar assim ? - ela diz .

Eu me volto para sua direção e a fito, sem acreditar que ela havia feito essa pergunta, após cinco segundos nos encaramos e começamos a rir .

- Você tem sorte que tem a mim como irmão para aturar suas loucuras, se fosse outro provavelmente teria te abandonado para virar comida de onça - digo enquanto mexo nas últimas Brasas que ardiam em meio as cinzas com um graveto.

- Eu, louca ?? prefiro me definir como mal compreendida .

- Você monta um discurso explicando do porque não se deve perguntar a alguém se ela está dormindo, enquanto finge está dormindo e ainda acha que não é louca? .

Ela me encara e em seguida exibe o dedo do meio.
A chuva enfim havia parado, porém o sol ainda não havia dado as caras, foi nesse momento que nossa mãe enfim despertou.

- Estavam brigando? - ela pergunta bocejando.

- Não - Victoria e eu respondemos em uníssono rapidamente.

- Não sei se acredito - ela completa .

Ao longo desses cinco anos sem o papai, as ações da mamãe foram se tornando cada vez mais estranhas e muitas vezes sem sentido, quando o papai havia sido levado eu não sabia como chegar na nossa casa antiga e contar isso para mamãe, quando de fato ela ouviu da minha boca que nunca mais veríamos o papai, lágrimas escorreram de seus olhos durante dias, ela não demonstrou nenhum desejo de que queria ir atrás dele, apenas torceu para que eu estivesse fazendo uma brincadeira.

TEMPORADA DE CAÇA Onde histórias criam vida. Descubra agora