26. - The kind of love you deserve.

287 14 24
                                    

— Me diga que é mentira — ele pede em um sussurro.

— Não posso — sussurro de volta, sentindo o meu corpo amortecido.

Porque não é.

Eu fiz isso. Eu deliberadamente me aproximei dele para vencer uma aposta idiota com a minha irmã mais nova, uma aposta que até então não significava nada. O Livro da Conquista não significava, era só um meio de eu passar o meu tempo, envolvendo garotos inocentes (ou nem tanto assim) em minhas mentiras bem-pensadas. Fiz isso de maneira consciente, porque não me importava. Com nenhum deles. Não de verdade.

Justin me encarou em silêncio, por um momento que me pareceu longo demais.

— E-então foi tudo mentira? — franzi o meu cenho.

— Não, é claro que não. Nem no começo, eu só estava me enganando, nunca foi uma mentira.

Não isso vá fazer qualquer diferença agora. O que eu poderia dizer para tornar essa situação melhor? Nada, absolutamente nada. Não pensei nessa parte, não de verdade, afinal, você não espera que sua ex-namorada entre em conluio com sua irmã mais nova adolescente para ferrar com sua vida.

— Nunca? — ele repetiu, e eu pisquei lentamente, confusa. Mason gritou o meu nome e eu virei o meu rosto, ele estava com dificuldade de retirar Dawn de cima de Dora. Eu poderia ajudar, mas sinto gosto de sangue em minha língua. Voltei a Justin, e o fitei.

— Você tem que acreditar em mim — digo, mas paro. Tenho que respirar fundo por um momento, parece que as vozes ao meu redor vão aumentando gradativamente. — Nós podemos conversar em outro lugar?

Em outro momento, talvez?

— Por favor.

— Está tudo bem — ele sussurra, porém, mal consigo ouvi-lo, ele também não olha para mim.

— O quê?

— Está tudo bem — ele diz novamente e suas mãos seguram os meus ombros, ainda assim, ele não olha para mim. Não sei o que passa em sua cabeça, mas tudo bem não era o que eu esperava ouvir da sua boca. Não, não está tudo bem. Eu o enganei, então, por que ele não está com raiva? Ou esbravejando? Sinto os meus pulmões se contraindo.

— Ash! — Mason grita e eu dou um passo para trás. Tem algo de estupidamente errado.

Dou-lhe as costas, e corro em direção a Dawn. Ajudo Mason a puxá-la de uma Dora ensanguentada e a empurro contra o banco, sentindo suas unhas afiadas fincando em meus braços antes de fazê-lo. Eu e Mason não dizemos nada um ao outro enquanto Rea acelera.

Assim que chegamos à casa, respirei profundamente, Rea corria de um lado para o outro trancando todas as portas e janelas, como se alguém fosse invadir a casa no meio da noite. Mildred sentou-se no sofá, dizia que não sentia as pernas, já Dawn andava de um lado para o outro, irritada. Que noite desagradável, penso, andando rapidamente para a cozinha, pois sabe o que preciso? De um chá, de camomila pelo visto.

Achei uma chaleira, depois coloquei a água no fogo, e me encostei contra o balcão, puxando e puxando, puxando, puxando profundamente o ar, até entender que eu não conseguia de fato respirar. Crise asmática, mas que droga! Por sorte, desde do feriado de ação de graças, sempre mantenho uma bombinha à mão, portanto, enfio os dedos no bolso da minha jaqueta e a retiro de lá. Após isso faço o meu chá, sirvo Dawn e Mildred, Reagan dispensa, preferindo nos intoxicar com seu cigarro de maconha.

Sem interesse em falar, eu conduzo Dawn até o banheiro, onde a enfio, ela precisa relaxar um pouco e nada melhor que um banho. Deixo roupas minhas em cima do balcão do banheiro e vou para o meu quarto, ligando o meu computador. Por algum motivo, não consigo entrar em minhas redes sociais, não sei se minha internet está lenta, ou, porque está tendo muito acessos, ou se Loren Ordway bombardeou-as em massa. Respiro fundo, me levanto, troco de roupa e vou para minha cama, evito o meu celular. Uma dor de cabeça aloja-se entre os meus olhos e eu fecho os olhos com força. Era tudo que eu queria, era?

O Livro da ConquistaOnde histórias criam vida. Descubra agora