18.

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Kaira.

- Porra, tu já viu que eu não vim a mando de ningu... - Ele colocou o dedo indicador nos meus lábios, me impedindo de continuar falando.

- Eu vi que você não tem nada comprometedor com você, não que você não veio na maldade. - Corrigiu antes de abaixar a mão. - Mete o pé.

- Não. - Falei e ele veio se aproximando lentamente de mim, fui me afastando e suspirei quando senti sua mão gelada tocando na curva das minhas costas que estava descoberta.

Com a mão livre ele acariciou a lateral do meu rosto antes de colocar minhas tranças pra trás e pegar firme nelas, fazendo eu inclinar a cabeça pro lado e olhar no olho dele.

- Melhor tu abraçar o meu papo enquanto pode, não sou de falar duas vezes, baixinha. - Cheirou a parte exposta do meu pescoço e me soltou, fazendo eu ficar totalmente desnorteada. - Morou?

- Mendigou. O Mota me chamou e só ele pode me mandar embora.

- Pera, quem te chamou? - Pegou a regata dele que tinha caído no chão e voltou a me encarar.

- O Mota. - Repeti abaixando pra pegar meu celular, olhei ele encarando algo fixamente e quando olhei pra baixo tava eu pagando peitinho, a noite só piora...

Passei meu braço pelos peitos, impedindo o tecido de voltar a me fazer passar vergonha, e peguei o celular antes de voltar a me levantar.

- Por que ele chamaria tu? - Tirou o boné, exibindo o cabelo na régua, e coçou a cabeça antes de voltar a enterrar o boné ali.

- Porque ele tá pegando a minha irmã? - Falei como se fosse óbvio.

- Então tu é irmã da famosa Melissa que tá deixando o meu mano de quatro. - Falou mais pra ele do que pra mim.

- Pois é, e a minha irmã tá pegando o amigo do cara que me raptou, olha que interessante. - Debochei antes de sair andando e deixar ele sozinho.

Desci as escadas e fui lá pra área "vip", encontrei a Mel beijando o Mota e já saí puxando ela, fazendo os dois reclamarem por eu estar sendo empata beijo.

Melissa: Que foi? - Perguntou arrumando os borrões de batom no lábio.

- Cara, tu não sabe quem eu achei lá em cima.

Melissa: Deve ser uma pessoa bem gostosa, porque tu demorou à beça pra quem ia fazer só xixi. Tava dando? - Sorriu sugestiva e eu neguei com a cabeça.

Lembrei da mão do presidiário passando pelo meu corpo enquanto me revistava e me repreendi mentalmente por ter sentido prazer naquilo.

Falando no diabo, vi por cima do ombro da Mel ele se aproximando com uma morena que tem algumas tatuagens, super linda e gostosa ainda, eles cumprimentaram todo mundo e em seguida ele sentou no sofá do lado do Mota antes de puxar a garota pro colo dele.

- Que dando o quê, menina? - Falei voltando a focar nela. - Tu não sabe da maior.

Melissa: O quê?

- O carinha que acabou de chegar, olha disfarçadamente. - Apontei e ela ficou de lado e olhou de rabo de olho. - Ele que mandou os policiais me raptarem no outro dia.

Melissa: QUÊ? - Gritou. - Que mundo pequeno.

- Pois é.

Melissa: Pera, mas o que o Mota tem a ver com ele?

- Bom, vamos fazer os cálculos. Mota te chamou e disse que um mano ia sair da prisão, certo? - Ela assentiu. - O presidiário me abordou, achando que eu vim a mando do Jota e se referiu a essa favela como "minha quebrada." - Fiz aspas com os dedos. - Geral chama o Mota de chefe. Juntando as peças eu acho que os dois comandam isso aqui juntos. - Concluí.

Melissa: O que significa que eles não têm segredos entre eles. - Falou baixo.

- E pra quê isso vai nos interessar?

Melissa: A você nada, mas a mim vai e muito porque me faz chegar à conclusão de que o Mota sempre soube esse tempo todo que o amigo dele mandou te raptar! - Bufou irritada. - Ai se ele foi conivente com isso... - Passou a mão no cabelo, coçando o topo da cabeça em seguida.

- Mana, não estraga o teu lance por mim. O presidiário não fez nada de mal comigo naquele dia.

Melissa: Mesmo assim ele me deve uma explicação. - Respirou fundo. - Já pensou se ele só se aproximou de mim pra atingir você?

- Não acho, se fosse esse o caso ele já teria cortado contacto com você porque já não precisam de mim pra atingir o Jota.

Melissa: Tomara, odeio essas coisas.

Depois disso a Mel disse que queria ir embora porque aquelas revelações acabaram com o clima, o Mota apresentou ela pro ex presidiário e depois nos trouxe de volta pra casa dela.

Me despedi dele e saí do carro, pra deixar eles conversarem a sós, e fui tomar um banho antes de cair cansada na cama da Mel.

Depois de muito tempo ela entrou, eu que sou pouco curiosa já enchi ela de pergunta.

- E aí? O que ele falou?

Melissa: Que não fazia ideia de que a gente é família e que apesar de não ter demonstrado ele ficou chocado ao ver que era você a irmã de quem eu vivo falando. - Explicou e antes que eu pudesse responder o sono me dominou.

Inolvidável - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora