Capítulo 27

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Logo que amanheceu, Miguel se levantou e foi à padaria. Fez uma pequena compra de suprimentos, o suficiente para preparar o café da manhã dela. Havia decidido sair mais cedo do trabalho e ir ao supermercado fazer-lhe uma compra digna. Mas felizmente com o que encontrou na padaria poderia fazer algo gostoso. Voltou para o apartamento e preparou tudo. Escolheu fazer panquecas americanas por serem práticas, rápidas e gostosas.

Preparou a massa e colocou na frigideira e, enquanto elas iam ficando prontas ele preparou a mesa com muito capricho. No armário, escolheu um jogo americano de linho com listras brancas e verdes bem charmoso. Gostou do efeito que daria com a flor laranja que havia "roubado" na rua e pretendia colocar no jarrinho torneado que havia usado outro dia. 

Pois é ... ele tinha "roubado" flores mais uma vez. 

"Ainda bem que o roubo de flores na rua ainda não era considerado crime, caso contrário ele teria sérios problemas, já que havia adquirido aquele hábito." Sorriu com seu pensamento.

Mariana acordou com um cheirinho delicioso entrando pelo quarto. 

"Será que era da padaria?" 

Há uma semana vivendo naquele endereço costumava acordar com cheiro gostoso de pão francês ou pão de queijo sendo assado, mas aquele cheiro era diferente e parecia tão pertinho. Levantou-se ainda vestindo seu baby-doll de malha preta e poá branca, simples e discreto. Nada sensual, ao menos ela não achava que fosse. Também não imaginava que Miguel estivesse ali ainda, pensou que ele já tivesse ido trabalhar, caso contrário não sairia fora do quarto vestida naqueles trajes.

Saiu descalça. Abriu a porta e notou a porta do quarto onde Miguel dormira aberta e pode ver a cama feita, mais um sinal de que ele tinha ido embora. Passou pelo corredor virando à direita no sentido da cozinha e, tamanha foi sua surpresa ao vê-lo ali de costas fazendo algo na pia. 

Ele estava vestindo apenas seus jeans. Estava sem camisa e ela podia ver suas costas largas e musculosas. A pele morena queimada de sol dando-lhe uma cor saudável. Mariana, embriagada pelo cheiro delicioso do que ele preparava e pela perfeição de homem que enchia seus olhos, ficou imóvel.

Ao perceber a presença de alguém, Miguel virou-se e ficou igualmente fascinado com a cena que via: Mariana, descalça, descabelada, vestindo um baby-doll preto de bolinhas brancas, com alcinhas finas e um singelo detalhe em renda no decote, finalizado com um lacinho de fitas. Embevecido pela cena que seus olhos viam, disse:

—Uau! Outro dia era a Gata Borralheira, hoje com certeza é a Bela Adormecida.

Ele sorriu lindamente e Mariana não pode deixar de corar as bochechas. 

Ela não sabia por qual motivo: se pelo fato de ter sido pega admirando-o, ou por estar de baby-doll perto de um desconhecido, ou pela imagem dele de frente conseguir ser ainda mais linda que a de costas... e ela ainda pode finalmente ver um lindo pássaro tatuado em seu tórax do lado esquerdo e a correntinha dourada com pingente retangular que já havia notado no pescoço dele. 

Parecia que o mundo tinha parado naquela cena. De repente foi acordada pela voz grossa dizendo:

—Ah, perdoe-me por estar sem camisa, é que eu tirei para não sujá-la. – disse Miguel sem graça por também estar naquela situação.

Mariana absorta pensava: "Perdoar? Mas por quê? Por ser tão lindo?" Balançou a cabeça na tentativa de colocar seus pensamentos em ordem e disse:

—Não se preocupe, eu entendo. Bom, vou me vestir! – já ia saindo quando sentiu a mão forte segurando seu braço.

—Espere! Preparei algo para você, veja! – virou-a em direção a mesa.

Mariana, pela terceira vez naquela manhã se encantava com o que seus olhos viam: uma mesa lindamente servida, no centro um jarrinho de flor e finalmente a iguaria dona daquele perfume maravilhoso que a acordara.

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