1:45, sexta-feira, 14 de agosto.
Estava na minha mesa do escritório quando meu celular começa a tocar, um número desconhecido aparece na tela.
Não atendo, pode ser só a operadora.
O celular toca novamente, mais de oito vezes, seguidas.
É o mesmo número, estou com medo, não no sentido de ser algo perigoso, mas de ser quem estou pensando.
Atendo.
Barulho de festa, uma música muito alta, gritos desordenados, uma verdadeira baderna inimaginável.
— Alô? — Digo já sentindo vontade de desligar, àquela altura do campeonato eu já sabia quem era.
—Andy? Você me atendeu... — Era ela.
—O que você quer? Estou ocupada. — Minto, só adiantando trabalho para não ir dormir.
—Sempre com os mesmos hábitos. — Garota irritante.
—Onde você está? — Saiu automaticamente, e eu me odeio por isso.
—Tá muito barulho né? Aguenta aí amor, vou achar um lugar. — Quem ela pensa que é?
—Olha Carla, está muito tarde, eu sei que você curte uma baladinha até seis da manhã, encher a cara e ser uma filha da puta, mas eu estou cansada e...
—Cala a boca. — Quem ela pensa que é?
—Quem você pensa que é?
—Seu amor.
—Olha Carla, manda a real logo.... Por que ligou? Encheu a cara de novo? Se meteu em encrenca e quer ajuda, eu ligo pro Pablo ir te ajudar. — Ou eu posso ir.
—Não! Você sabe que dia é hoje Andy? — Por favor não me chama assim.
—Dia 14.
—Você já superou então. — O que caralhos ela estava me dizendo?
—Mas que porra?
—Faz um ano que você quebrou meu coração...amor. — Isso não pode ser verdade.
—Carla, por favor. — De novo não.
—Já superou ou não?
—Por que me ligou? — Eu sei.
—Para ter certeza... afinal, esse é o nosso dia 14.
—Você deveria parar. — Não deveria.
—E fazer você esquecer de mim?
Ela sabe que eu nunca vou esquecer, insuportável.
—Eu segui em frente, deveria fazer o mesmo.
—Ela te ama suficiente? — Uma grande pausa, permaneci calada. —Ama como eu amei?
—Não, muito mais. — Ela não sai para encher a cara e volta bêbada sem saber o que fez, pensei.
—Você nunca muda Andy...
—O que? — Não tenho nenhuma paciência para bêbado.
—Quando fecha os olhos a noite, sonha com ela? Tua nova namoradinha? — Você sabe a resposta. —Quando fica sozinha, é ela que você espera passar pela porta do seu apartamento?
—Você sabe...
—Sempre a mesma bosta. — Silencio. —Me responde Andy...
—Eu estou cansada de verdade. — Mais silencio. —E você sabe disso.
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Mesmo que me Machuque
Short StoryDepois de 14 de Agosto, todas as madrugadas de sexta são iguais. As exatas 1h45m meu celular toca, oito vezes seguidas, uma voz ressona com o fundo agitado, chama meu nome, mas eu não vou, todos os dias são assim, mas o pior é aquele que ela me liga...