E eu me perdi de novo

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– Eren, nós vamos conversar agora. – Ceylin parou o investigador no meio do corredor no fim da tarde, quando se sentia mais composta para resolver aquela situação. Não iria deixar os dois patetas sujarem sua reputação e desconfiarem da sua honestidade por ter um passado em comum com Onur, havia terminado o relacionamento justamente porque sabia que um dia se veria na posição de prendê– lo pelas escolhas obscuras que o ex– noivo havia feito na vida.

– Ceylin hanım, eu lamento muitíssimo o que houve esta tarde... – com um gesto rude, ela calou as desculpas de Eren.

– Não vim falar sobre a ocorrência de mais cedo em si, mas o que levou a ela. Sei agora que está em uma investigação paralela sobre a Tilmen, vim trazer os dossiês que juntei, porque eu também estava trabalhando em cima disso. – surpreso, o investigador ergueu as sobrancelhas ao pegar os papéis das mãos dela, curioso para saber o que a oficial havia descoberto, notando imediatamente que havia informações ali que preenchiam as lacunas dentro do trabalho de Ilgaz.

– Ceylin hanım, não posso entrar em detalhes sobre a nossa investigação, mas... – como pedir ajuda depois do incidente anterior? – nós poderíamos cooperar mutuamente...? – se um olhar pudesse matar, entretanto...

– Não teste a sua sorte, Eren...

– Lütfen, Ceylin hanım, reconsidere... não tem ideia do quanto a sua ajuda é importante! Olhe... eu não deveria falar nada a respeito, mas Ilgaz está se reportando à gendarmerie turca. Esse é o nível de confidencialidade e risco. – Ceylin suspirou, cedendo à própria curiosidade.

– Me contextualize o quanto puder, não posso ajudar às cegas. – entre a oficial e o comissário não houve conversa ou entendimento durante a semana após toda a confusão. Separados, Ilgaz e Ceylin nem sabiam que trabalhavam com o mesmo objetivo porque, pela primeira vez na história da humanidade, Eren se manteve quieto. E por não saberem que estavam no mesmo intuito, a informação restrita aos três, em separado, não saiu do escritório do comissário.

Assim como a suspeita de que o Chefe Metin fosse o verdadeiro cabeça dos crimes investigados.

~*~

– Amcacım, achei que trabalhar na mesma delegacia faria com que nos encontrássemos mais, mas mal tenho visto o seu rosto... – Metin não estava confortável encarando a sobrinha. Ainda não tinha engolido o fato dela ter se... envolvido com Ilgaz tão intimamente em pouco tempo e olhar para ela o lembrava da ameaça que o comissário representava.

– Somos funcionários públicos com muito trabalho, kuzum. Não tenho visto seu rosto nem seus relatórios sobre a missão que lhe passei. – Ceylin torceu a boca, subitamente incomodada com o olhar frio do tio.

– Vim entregar os últimos, amca. – passou o dossiê resumido do que tinha feito, porque os documentos mais importantes estavam na mão de Eren e Ilgaz a dias. – Também vim entregar meu cargo aqui. Sei que não quer falar a respeito, mas não posso sustentar uma vida profissional perto do Komiser Kaya, pelo menos não agora.

– Vai colocar sua vida pessoal acima do seu compromisso profissional? – o chefe folheou o documento com desdém.

– Não se preocupe com a missão, tio, o comissário colocou Onur dentro da própria investigação. Repassei o material que tinha de mais contundente para ele por meio de Eren, portanto pode prosseguir o nosso trabalho com eles... – Metin empalideceu.

– O que você fez?! – com um rugido, o Chefe jogou o relatório no chão, dando um tapa na mesa. Assustada com a reação desproporcional, Ceylin se levantou, recuando alguns passos.

– Amcacım, contenha– se! O que significa isso?

– O que significa isso?! O que significa...?! você pode ter sido idiota o suficiente para dormir com ele, mas entregar o esquema da Tilmen de bandeja para o Komiser Kaya é algo além da estupidez, é demência! – pegando o distintivo e as chaves do carro, o chefe tinha ódio nas veias: – Pegue suas coisas e vamos!

– Tio...? – sendo puxada pelo pulso até o carro do tio às vistas de todos, Ceylin não estava entendendo mais nada.

– Não vou viver o resto dos meus dias com essa espada acima da minha cabeça, está me ouvindo? – dentro do carro, Metin ainda gritava, dirigindo como um louco em direção à saída de Istambul. Encolhida no banco do carona, Ceylin finalmente entendeu o que estava acontecendo, mas Metin não se importava mais, ele puxou a bolsa de Ceylin e a jogou fora pela janela – Não tente nenhuma gracinha, Ceylin. – sem celular, arma ou distintivo, ela temia por sua vida.

– Eu sou filha do seu irmão, como pode estar fazendo isso comigo, amca?!

– Você deixou de ser meu sangue e ter utilidade assim que abriu as pernas para o comissário, sua idiota! Espero que pelo menos em consideração a isso ele venha atrás de você... assim me livro de uma vez dos dois problemas...

~*~

Ilgaz nunca sentiu tanto terror e desespero quanto ao chegar na delegacia, tendo sido chamado por um Eren igualmente desesperado. Ceylin havia sido levada pelo tio naquela manhã, de forma totalmente arbitrária e, dadas as circunstâncias, ela havia descoberto tudo. O sequestro coincidiu com os mandados de prisão expedidos pela gendarmerie turca naquele mesmo dia, abalando as estruturas da polícia de Istambul e confirmando que Metin Erguvan liderava o esquema de corrupção e estava desesperado.

– Ele não vai fazer nada com ela, abi, fique calmo! – cheios de perplexidade por saber que seu superior era corrupto e agora um sequestrador, a polícia de Istambul só não hesitava em buscar Metin porque Ilgaz estava transtornado.

– Ratos acuados atacam qualquer um, Eren. Se ele não fosse machucá-la, não a teria levado. – as equipes divididas cercavam as rotas por onde o carro foi rastreado, até encontrá-lo vazio em um ponto qualquer entre Istambul e Bursa. Desespero era uma palavra pobre para descrever Ilgaz naquele momento.

– ACHARAM, ABI! – o sinal do celular de Metin soava em Bursa, mas o comissário estava pálido. No celular dele havia uma foto de Ceylin, desacordada e amarrada, e duas palavras: "Venha sozinho."    

Bir kadın/adam gelir PT BROnde histórias criam vida. Descubra agora