As gotas que deslizam por essas janelas, uma a uma

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No táxi de volta ao hotel, Ilgaz mantinha um silêncio incômodo, que Eren não conseguia quebrar. Conhecia o amigo a tempo suficiente para entender que quando ele atingia aquela introspecção não adiantava tentar conversar, os pensamentos dele se formavam e apenas quando todas as teorias estivessem prontas, ele falaria. E era impossível Ilgaz ter visto aquela criança, tão parecida com ele, e não ter pensado nas mesmas coisas que o comissário teve certeza só de vê-los juntos.

– Você está bem, abi? – ele não respondeu, apenas balançou a cabeça. – Kardeşim... não aja precipitadamente.

– E quando fui precipitado em toda a minha vida, Eren? – havia raiva no olhar do amigo. Mágoa, profunda e sentida.

– Escute o que houve primeiro.

– Não servirá de nada, Komiser. Uma coisa é saber que ela seguiu a vida depois de nós, outra é ver, com meus próprios olhos. – "Ne?! Será que...?"

– Abi, mas você não viu que... – então Eren se conteve. Por coisas assim que se dizia que quem está no olho do furacão não percebe a extensão dos danos. Não era seu papel dizer aquelas coisas, mesmo que Ilgaz, de dentro da situação, não conseguisse enxergar a verdade. – Espero que se entendam.

– Não espero mais nada de Ceylin, abi. Vamos terminar nossa missão e voltar para casa, para nossa normalidade. – desviando o olhar, Ilgaz sufocou a própria tristeza e Eren se perguntou quanto tempo duraria aquela ilusão.

~*~

Neva andava de um lado a outro do quarto, agitada: qualquer das decisões que tomasse depois daquele telefonema seriam ruins, mudando apenas o ponto de vista. Se ficasse e esperasse o chefe da gendarmerie e o comissário, perderia a chance de encontrar cara a cara os assassinos de Merve. Se fosse sozinha ao encontro deles, Ilgaz e Eren enlouqueceriam com a sua 'irresponsabilidade'. Seus contatos em Mardin haviam lhe dado aquela informação com a urgência que a fazia ansiar e hesitar na mesma proporção: péssima hora para Ilgaz e Eren estarem sumidos desde a noite anterior.

"Chame seus homens, eles estão abastecendo, vocês podem cercá-los na saída da cidade". Chamar os homens implicava em alertar Ceylin Erguvan e depois da discussão que tiveram na delegacia, a possibilidade de falar com aquela mulher revoltava seu estômago. "Seja profissional, Neva. Não repita os mesmos erros de ontem.", a mente gritava e esperneava, mas a teimosia era um traço muito marcante de suas características. E por ficar novamente alterada, lembrando da noite passada, a promotora decidiu o que fazer: "Ilgaz Bey, mande a equipe de Mardin para o endereço xxxx. Bojan Vlasic e seus homens foram vistos com o comboio se preparando para sair da cidade. Estou indo na frente à paisana."

Mas o maior erro de Neva foi não checar se a mensagem chegou.

~*~

– Neva Savcı saiu bem cedo e não deixou nenhum recado na recepção, senhor. – a funcionária do hotel havia trazido um carregador de celular – o dele havia se perdido em algum lugar durante a madrugada – e a informação, pedidos assim que ele entrou no quarto. Geralmente não se compartilhava informações sobre os hóspedes, mas o trio ali era diferenciado e Ilgaz Kaya sabia ser incisivo quando queria.

– Teşekkürler. – ele agradeceu e a moça saiu, deixando Ilgaz sozinho para colocar o celular para carregar, desligado desde a madrugada, tomar banho sem pressa e ler o jornal do dia depois de se arrumar, esperando Eren bater à sua porta, imerso em pensamentos.

A mulher, que ainda o enlouquecia.

A casa, onde a única presença masculina que parecia existir era do avô, o simpático Merdan Erguvan.

Bir kadın/adam gelir PT BROnde histórias criam vida. Descubra agora