Um homem/ uma mulher chega e muda você como as ondas atingindo a praia

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Era perfeito demais o conjunto: o peso de Ilgaz acima do seu corpo, os braços apoiados nos cotovelos de cada lado de sua cabeça, olhos rendidos nos dela, o ir e vir, cadente como a maré. Estava perdida, despida de si, não apenas das roupas: seus sentimentos estavam expostos, sua vontade de se autopreservar e fugir de tamanha entrega e devoção àquele homem, suas inseguranças e reservas ao futuro com ele, tanto que a faziam agarrar e arranhar as costas largas e apertá-lo entre as coxas com mais força.

Arriscava-se demais.

– Ilgaz... – "Não me machuque. Não me magoe." Fechou os olhos, sentindo o arder das lágrimas. Tê-lo de novo, estar com ele daquele jeito, era indescritível.

– Shhhhh... Eu sei, eu sei... – o sussurro queria acalmar, mas incendiou o resto de sanidade que insistia em trazer o mundo lá fora para a cama. – Você me prometeu não ter medo. Estou dentro, junto com você. – dentro. Fora. Dentro... Fora...

– Prometi... mas é difícil, sabe? Não consigo me livrar da sensação de que cheguei, parti e voltei pra sua vida do jeito errado e que não sou a mulher ideal... que nós....

Ceylin. – era aquele tom... aquela maldita entonação de comando que amolecia as suas pernas e encharcava sua determinação. – Não existe algo assim, não há nada de errado. – as bocas se encostaram, uma, duas vezes, a mão enorme contornou o caminho de uma lágrima furtiva com dedos delicados. – Allah sabe o quanto senti sua falta. O quanto pensei em você e te quis, por todos esses anos. – "Eu estou aqui. Eu estou aqui, Ilgaz." E ele a segurava firme, beijando seu pescoço, seus ombros, seus seios, enquanto ambos se desfaziam na cama do hotel em suspiros e tremores. "Eu sei. Eu sei, Ceylin."O modo como ela se colocou por cima e dominou o corpo dele, tão quente, tão suave e apertada, fez Ilgaz gemer debaixo dela: – Você é perfeita para mim...

– Sou tudo, menos perfeita, Ilgaz, e todos os meus defeitos um dia... – o toque delicado no rosto dela sumiu e Ceylin arfou quando ele desceu a mão até seu queixo e segurou, firmemente. Calando-a com outro beijo, longo e lascivo, o chefe da gendarmerie turca estava se acostumando mal a vencer aquela delegada nas discussões.

– Ceylin, eu estou aqui. Eu quero você. Pode entender isso? – Ceylin ainda não estava completamente derrotada, mas ganharia, mesmo que perdesse.

– Mas as pessoas ainda vão nos julgar muito por levarmos isso adiante. Julgar-me por ter ousado abalar a vida perfeita do Ilgaz Şefi e esconder a verdade. Julgar você por ter escolhido a delegada Ceylin Erguvan e seu passado sombrio ao invés da promotora Neva Seçkin...

– E? Deixe que julguem, que o mundo queime, não devemos satisfação a ninguém... Só há uma mulher certa para mim e ela é você, Ceylin Erguvan... E tem nove anos que eu gostaria que você fosse Ceylin Erguvan Kaya.

~*~

A noite no hotel passou como um sonho. Nove anos entre Itália e Alemanha, Istambul e Mardin, passados em um crivo de detalhes que eles não sabiam e queriam entender. Quase como se conhecer pela primeira vez de novo. Era doloroso e doce ao mesmo tempo, resgatar a conexão que seus corações tinham e poder sentir isso no corpo. Nas marcas que a gravidez de Defne deixou. Nas cicatrizes que os anos na polícia e na gendarmerie trouxeram. Nos beijos e carícias que mais ninguém soube como eram, porque guardaram para eles e agora podiam se dar.

"Seni çok seviyorum."

"Seni çok özledim."

"İyi ki tekrar beraberiz."

"Bir daha beni asla bırakma."

Cada recomeço na cama era uma prece.

"Eu te amo tanto."

Bir kadın/adam gelir PT BROnde histórias criam vida. Descubra agora