Chuuya abriu suas três garrafas de vinho mais baratas, sentou-se no teto em cima de sua cama para beber até ficar bêbado. Para esquecer que esse dia existiu.
Dazai Osamu é um traidor.
Traiu a máfia.
Traiu e destruiu o carro esportivo recém comprado de seu parceiro, Nakahara Chuuya.
Não era pela traição a máfia ou seu carro detonado que o fez beber até o esquecimento.
Foi a traição de Dazai para com ele. Eles eram parceiros, namorados. Pelo amor de deus! Chuuya não era digno de uma explicação?
Um aviso? Uma carta? Uma mensagem? A droga de um papel enrolado em uma pedra. Dazai é um gênio, ele saberia como chegar a Chuuya em silêncio.
Ele sabia que para Dazai fazer algo drástico assim teria uma explicação, mas Chuuya não era confiável o suficiente para saber?
Não era Dazai que prometeu a Chuuya em seu aniversário de dezoito anos que eles ficaram juntos para sempre, nunca mentiria ou escondia coisas um do outro?
Não era o maníaco suicida que prometeu ficar ao seu lado nos momentos bons e ruins?
Naquela noite, Chuuya chorou pela dor de seu coração partido, pela traição, gritou maldições criativas pelo quarto, amaldiçoou Dazai Osamu e seus ancestrais. E o mais importante, amaldiçoou a si mesmo e o dia em que eles se conheceram. O dia em que aceitou a proposta do idiota.
Ele estava farto de ser usado e traído pelas costas. Primeiro foi as ovelhas que o usou, traiu e apunhalá-lo, deixando-o sangrar.
Depois veio Dazai como o pirralho manipulador que era, prometendo serem parceiros pelo resto de suas vidas. Usando-o, manipulando-o e traindo-o no final.
Chuuya mais uma vez foi usado e traído. Deixado sozinho.
Machucado, triste e com seu frágil coração despedaçado.
A vontade inicial de Chuuya ao ver Dazai Osamu, depois de quatro anos, acorrentado na parede era de gritar, bater e rasgá-lo em tirinhas usando sua faca - a faca que o bastardo o deu de presente de aniversário de dezesseis anos.
Porém, pensando bem, era isso que Dazai veio fazer aqui, se deixar ser pego, fazer Chuuya perder a paciência e sair como se nada tivesse acontecido.
Chuuya não ia dar esse gostinho a ele. Respirando fundo, desceu os últimos degraus restantes, ignorando a voz irritante de seu ex-parceiro traidor.
Lentamente passou seus olhos azuis pelo cabelo fofo, os olhos castanhos avermelhados com bolsas escuras, as bandagens por baixo da roupa - pelo menos o excesso exagerado foi embora -, sua pele tinha cor mais saudável, ele não parecia ter ganhado muito peso desde a última vez que chuuya o viu quatro anos atrás. Sua roupas claras é diferente de suas roupas usuais quando ainda trabalhava na máfia.
Nenhuma conexão poderia ser feita entre esse Dazai Osamu de agora e o ex demônio prodígio.
Para os parâmetros Dazai, ele estava bem fisicamente. E isso era suficiente para Chuuya.
"Chuuya~, seja um bom cachorro e preste atenção em mim!"
"Você parece bem. A luz fez bem para você." O ruivo assentiu para si mesmo, consertando seu chapéu antes de se virar e ir embora.
Se Dazai pudesse dar as costas e ir embora, Chuuya também podia fazer o mesmo.
De forma automática, o ruivo deixou o prédio da máfia, seus companheiros e Dazai Osamu para trás.
Ele estava cansado, e seu frágil coração de vidro estava se desfazendo lentamente. Ele só queria ir para casa, se esconder no teto com um bom vinho e lamentar o dia que conheceu Dazai, pela milésima vez. Assim como ele sempre faz quando as coisas ficam difíceis.
Dessa vez, Chuuya abriu suas três melhores garrafas de vinho para beber sentado no teto em cima de sua cama, para quando se sentir sonolento e bêbado demais, ele possa simplesmente cair.
Seu celular tocava incansavelmente em algum lugar do apartamento, mas ele estava bem em ignorar.
Encheu sua taça mais uma vez, bebendo o conteúdo dela em um único gole, em uma tentativa inútil de tirar o gosto amargo da dor e sofrimento que fica enrolado em sua garganta.
A dor da perda e traição que sempre estiveram com ele. O sofrimento causado ao seu frágil coração que ele achava que já estava forte o suficiente desde o dia que foi traído pela primeira vez.
Talvez ele agora consiga entender o que Dazai havia dito a ele anos atrás sobre como ele se sentia sobre si mesmo e sua habilidade.
"A anulação de habilidade faz com que a habilidade da pessoa seja temporariamente retirada, deixando um vazio nela. É assim que me sinto, vazio."
É sobre isso não é? Dazai se sentia vazio como sua habilidade fazia com suas vítimas. E Chuuya só sabe sobre destruição e morte. Então faz sentido que por somente saber sobre essas duas coisas, só sabia causar isso, ele também sofre com ela.
Destruição e morte.
Dor e sofrimento. E cicatrizes abertas.
"Você está certo em uma coisa Dazai de merda." Riu, não se importando com as lágrimas que correm livremente pelo seu rosto. "Eu me sinto destruído e morto, Osamu." Sorriu tristemente para a taça de vinho em sua mão, fazendo uma saudação silenciosa e solitária para o nada.
Para o amanhã, para o novo dia em que ele viveria sentindo falta de algo que ele a muito tempo perdeu. Seu amor, seu coração que fora entregue em uma bandeja de prata para alguém que ele achava que o amava de volta, que era de Chuuya assim como Chuuya era dele.
Alguém que levou isso dele e nunca devolveu.
Hoje ele viu, como seus próprios olhos, que seu ex-parceiro estava bem e vivo, então, talvez, ele possa virar a página e se curar lentamente da ferida que Dazai deixou.
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Traidor | soukoku
Fiksi Penggemar"Você está certo em uma coisa Dazai de merda." Riu, não se importando com as lágrimas que correm livremente pelo seu rosto. "Eu me sinto destruído e morto, Osamu."