Allya....
Era quatro e meia quando Allya saia apressada da empresa . Allya ligou para Asli dizendo que não poderia jantar com ela essa noite , pois teria um compromisso . Sem dar maiores explicações Allya desligou e foi a agência correndo para ver se não tinha algum trabalho . Conversou com a sócia Ipek rapidamente e depois partiu para o super mercado. Seu apartamento distava dois quarteirões dali, e ela os venceu em velocidade recorde.
Asli... ( Mãe de Allya )
Resmungando Asli , olhava o aparelho desconfiada .
Algo errado estava acontecendo. Asli Ketenci tinha certeza disso.
Toda terça-feira à noite, Allya vinha jantar com ela e fazer-lhe companhia, a não ser que estivesse fora da cidade, estudando ou viajando como Intérprete . Quando a filha cancelou a visita pela segunda vez consecutiva, sem dar explicações, teve medo de que isso tivesse algo a ver com Nadin Ilgaz.
Talvez se chegasse de repente à casa da filha , pudesse descobrir alguma coisa. Quem sabe até mesmo uma simples conversa com o porteiro do prédio resolvesse o problema. Ligaria para Ella pra saber de alguma novidade que ela não sabia . As duas eram inseparáveis. Ao ligar ,sua ligação caíra na caixa postal . Droga !
Não que costumasse sair de casa depois que escurecia, muito menos sozinha, Asli não pretendia ficar parada, enquanto a filha levava adiante a idéia de ter uma criança fora dos laços matrimoniais. Ainda mais se o provável pai era o filho de sua rival da juventude.
— Isso nunca! Asla! — desabafou, vestindo o casaco para sair.
Allya ...
Allya apreciava muito a arte culinária, embora nunca tivesse tido a oportunidade de desenvolver seus talentos nessa área. Contudo, ainda planejava recuperar o tempo perdido, sobretudo quando se tornasse mãe.
Suspirou, deixando-se levar um momento por seus devaneios. Imaginou uma cozinha impregnada com o aroma de bolos e biscoitos, assando no forno. Uma criança empoleirada em uma banqueta, ajudando a enrolar a massa com seus dedinhos fofos. Isso era tudo o que sonhava para o futuro.
Sua mãe cozinhava muito bem, e sempre fizera essa arte parecer bastante fácil, apesar de sua recente obsessão com a própria aparência ter destruído seu entusiasmo. Entretanto, Allya não tivera coragem de pedir-lhe nenhum conselho ou dica sobre o jantar que pretendia fazer para Nadin . De modo algum queria que a mãe soubesse sobre aquele encontro ou qualquer outra coisa referente a seu possível envolvimento com o filho de Zaynep Ilgaz.
Com empenho e carinho, tinha certeza de que conseguiria sozinha preparar uma refeição saborosa. Só precisava seguir a receita. No entanto, os ventos da boa sorte não pareciam soprar a seu favor...
Justo na terça-feira, quando deveria chegar em casa mais cedo, Allya teve que se fazer de secretária para ajudar Nadin com os memorandos e arquivos e vários telefonemas .E quando estava quase saindo Nazli pediu ajuda , quando Ramon Rodriguez e Marcus chegaram na empresa . Atrasando_ a. Nervosa com o atraso, começou a fazer tudo às pressas, o que só veio causar ainda mais confusão.
Enquanto picava legumes para guarnecer um assado , fez um corte bem feio em um dos dedos. Apertando o ferimento para estancar o sangue, correu para o banheiro, na esperança de encontrar um band-aid ou qualquer coisa que servisse de curativo.
— Ah, não! — exclamou, desapontada, ao ver que a caixa de primeiros socorros estava vazia.
Conferiu as horas, entrando em pânico. Nadin deveria chegar em quarenta minutos, e o Assado levaria cerca de duas horas para ficar pronto, sem dizer que nem conseguira colocá-lo no fogo ainda.
Procurando recuperar o controle, respirou fundo diversas vezes. Então, improvisou um curativo com um pedaço de fita adesiva e correu de volta à cozinha.
Graças a Deus, comprara um bom vinho e alguns petiscos para servir de entrada. Agora seriam sua salvação, enquanto a comida terminava de cozinhar.
Meia hora e muito trabalho depois, tudo ao redor estava uma verdadeira bagunça. Allya, então, viu-se coberta de farinha e, ainda por cima, tinha uma faixa no braço, onde havia espirrado óleo quente.
— Santo Cristo! — murmurou, agoniada.
Se conseguisse terminar de preparar a carne para, enfim, levá-la ao forno, ainda poderia tomar um banho rápido e se aprontar antes que Nadin chegasse.
“Com um pouco de vinho e uma conversa animada, talvez ele nem note que o jantar está atrasado”, pensou, cheia de esperanças, enquanto começava a pôr a mesa.
— Fique pronto logo! — ordenou ao prato, assim que conseguiu levá-lo para o forno.
Então, imaginando que o fogo alto faria com que a carne assasse mais depressa, ajustou a temperatura alguns pontos acima do recomendado pela receita.😬
Lançou um olhar desesperado para o relógio da parede. Tinha nove minutos para se tornar, no mínimo, apresentável.
Começava a se despir quando o interfone tocou. Foi atender, recusando-se a acreditar que aquilo tudo estava acontecendo.
— Nadin Ilgaz deseja vê-la, srta. Ketenci — o porteiro informou. — Posso deixá-lo subir?
E agora? Não poderia recebê-lo daquele modo, tampouco deixá-lo esperando lá embaixo.
Emre, o solícito porteiro noturno, refez a pergunta, o que exigiu uma decisão rápida de Allya.
— Claro, mande-o subir, Emre. Obrigada.
Praticamente voando, escreveu um bilhete de boas-vindas e o colocou do lado de fora da porta de entrada, que deixou semiaberta
Então, foi buscar o vinho. Uma taça, sobre a mesa de centro, daria um toque de classe à ocasião, demonstrando que ela se preocupava com o bem-estar do convidado, embora o fizesse esperar.
Que idéia infeliz! Allya estava tão agitada, que demorou para conseguir atarraxar o saca-rolhas na garrafa.
— Abra já, seu vinho de quinta categoria! — resmungou, segurando a garrafa entre as pernas para ter mais apoio, e começou a puxá-lo.
— Não devia deixar a porta aberta.