SophiaA semana passou lentamente, cada dia se arrastando como se o tempo tivesse decidido se arrumar em um compasso melancólico. Eu precisava trabalhar, fazer algo que me tirasse da apatia. Essa vida de rica, que a princípio parecia um sonho, às vezes se torna enfadonha, um eco vazio de horas e dias sem propósito. Decidi, então, investir em algumas empresas; afinal, preciso utilizar meu dinheiro de forma produtiva e não deixá-lo se acumular em contas sem vida.
Enquanto olho para meu bebê, que está babando toda a sua mãozinha, uma onda de ternura e proteção me invade. Ele é a luz nos dias nublados, mas também uma constante lembrança das responsabilidades que pesam sobre meus ombros. Tantas coisas aconteceram em tão pouco tempo que me sinto dez anos mais velha, como se as experiências me desgastassem de maneira irreversível. Eu costumava pensar que tinha muitas responsabilidades quando apenas estudava e trabalhava, mas agora entendo que o verdadeiro peso da vida está na dependência de outro ser humano.
A responsabilidade se duplicou, quase triplicou: tenho uma criança que depende de mim em todos os aspectos, desde os mais básicos até os mais complexos. Esse pensamento, por si só, é assustador. Até agora, a ficha nunca havia realmente caído. É como se eu estivesse vivendo em uma espécie de sonho nebuloso, onde o passado se mistura com o presente, e as expectativas sobre o futuro se tornam um turbilhão de incertezas. A dúvida me consome: estarei à altura? Serei capaz de proporcionar a ele tudo o que precisa? E, principalmente, conseguirei ser a mãe que ele merece?
Às vezes, me pego refletindo sobre a vida que deixei para trás, aquela que era cheia de liberdade e possibilidades. Agora, tudo gira em torno dele, e em meio a essa devoção, há um eco de nostalgia. Ao mesmo tempo, a ideia de ser responsável por moldar uma vida, por guiá-lo, é ao mesmo tempo aterrorizante e incrivelmente gratificante. É um desafio que aceito com a esperança de que, apesar das dificuldades, eu possa ser a âncora que ele precisa em um mundo tão vasto e imprevisível.
Faz uma semana que não vejo o Enrico. A saudade está sempre presente, como uma dor leve e constante que nunca desaparece. Não me sinto completa sem ele, é como se uma parte de mim estivesse sempre ausente. O mais estranho é que, mesmo sabendo disso, também sei que, se ficasse sem o Vicente, sentiria a mesma coisa. Preciso dos dois para me sentir inteira, como se cada um preenchesse um espaço único dentro de mim.
Estou tentando dar ao Enrico o tempo que ele precisa, mesmo que isso me machuque. Vicente acredita que ele vai voltar, que é só uma questão de tempo, e eu quero acreditar nisso também, mas às vezes a espera parece interminável.
Olho para Alexandre, que finalmente caiu no sono. Ele é um bebê tão calmo, quase sempre tranquilo. Só chora quando está com fome ou algo o incomoda, e até nesses momentos, sua presença me traz uma paz indescritível. Ao vê-lo dormir, sinto um amor tão profundo que quase me assusta. Ao mesmo tempo, fico pensando em como a vida mudou tanto em tão pouco tempo.
Vou até a cozinha e pego um iogurte da geladeira. Ao ir até os armários para pegar uma colher, percebo algo que me faz sorrir: eu nem sei onde ficam as colheres na minha própria cozinha. É sempre o Vicente que cuida dessas coisas, que se vira com tudo por aqui. Ele é quem acorda cedo, prepara as refeições, organiza tudo. Meu coração se aquece ao pensar em como ele cuida de mim com tanto carinho e atenção.
Reviro os armários até encontrar as colheres, sento à mesa e começo a comer meu iogurte. Enquanto saboreio cada colherada, meu olhar se volta para o fogão. Não consigo lembrar a última vez que cozinhei. Faz tanto tempo que não faço essas coisas... e agora, olhando para o fogão, sinto uma vontade repentina de cozinhar. Algo simples, talvez. Parece até irônico, viver nessa casa e saber tão pouco dela. Vicente sempre foi o responsável por tudo, sempre se encarregou de cada detalhe, e talvez por isso eu nunca tenha sentido a necessidade de assumir essas pequenas responsabilidades.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Doce Aluna~Triângulo De Desejos
RomanceATENÇÃO: CONTEUDO ADULTO🔞,LINGUAGEM CHULA,TRISAL. O professor Enrico, de 37 anos, se apaixona por sua nova aluna, Sophia, de 18 anos. Em meio a circunstâncias delicadas, ele consegue seduzir a jovem, e os dois iniciam um relacionamento. No entanto...