TOMORROW| Timothée Chalamet

CHAPTER TEN

Astrid

   Me dei conta que estava muito ansiosa para a entrevista de Timothée até porque ele estaria falando de mim e da nossa relação inexistente, eu não devia ter dito as palavras que disse a algumas horas, porque estou me arrependendo de ter ferido os sentimentos dele, mas eu estava certa se não queria que ele confundisse tudo isso só porque nos encontramos da pior forma possível.

   Abro a tela do computador e acesso o site, ainda não foi liberado, meus dedos batucam na mesa de centro enquanto bebo um gole longo de refrigerante.  Um vídeo sobe na tela e fico com receio de clicar, até a imagem de Timothée surgir e fazer meu coração disparar.

"Timothée estamos ansiosos para saber mais detalhes sobre esses últimos dias."

  Ele abre um sorriso e balança a cabeça.

"Na verdade acho que tudo é um mal entendido."

  A entrevistadora aperta as sobrancelhas.

"Astrid e eu somos apenas dois conhecidos, nunca tivemos ligação nenhuma e o boato de casamento é falso, eu não me casaria nesse momento e talvez nem daqui quatro anos, ainda quero aproveitar o que tenho a oferecer."

  Eu abro a boca e fecho, um pouco admirada com a resposta dele, pensei que ele iria me difamar para os Estados Unidos inteiro.

"Eu nunca tive a chance de conhecer Astrid, ela é apenas uma conhecida, estivemos juntos, mas não romanticamente. Eu não saio com garotas como ela."

   Deixo meu sorriso morrer porque ainda não ouvi o resto da entrevista, eu abaixo a tela do notebook e em um gole bebo todo meu refrigerante, desejando desaparecer, ele me fez parecer uma louca na frente de todas essas pessoas, elas vão tirar conclusões indesejadas e me colocar como vilã, porque ele não é nada mais que o primeiro filho. Agora eu pareço mesmo uma vilã de um filme.

   A porta se abre e Gentlyn é a primeira a entrar, não vejo Timothée, e não sei se deveria me sentir aliviada por isso.

"Onde..."

"Ele precisa de um tempo." Gentlyn explica, tirando seu casaco. "Astrid, posso falar com você?" Balanço a cabeça. "Eu conheço o Timmy desde que era criança, e sei quando ele está decepcionado com algo."  Ela senta ao meu lado. "Mas é a primeira vez em anos que o vejo tão... feliz com alguém."

"O que você quer dizer?" Pergunto.

"Que o Timothée está apaixonado por você." Gentlyn diz, meu coração começa a disparar com urgência como se fosse sair pela boca, eu nem consigo olhar para ela de novo, sabendo que minhas bochechas estão coradas. "Ele nunca demonstrou interesse em nenhuma garota, nem mesmo foi tão gentil com elas como está sendo com você, o Timmy está fazendo tudo isso para proteger sua família e até mesmo suas amigas."

"Minha família ?" Questiono, ele nem se quer sabe nada sobre mim.

"Se os paparazzis souberem quem você é de verdade, as coisas ficariam ruins." Gentlyn coloca a mão no meu ombro. " Ele sabe disso porque viu a família dele ser destruída pela fama. Principalmente a mãe."

Eu fico sentida por Timothée, é como se existisse uma barreira entre duas pessoas exatamente diferentes, eu não o conhecia muito bem, mas queria muito saber o que ele pensa de verdade.

"Eu queria que você ficasse um pouco mais com ele." Gentlyn me pede gentilmente.

"Mas..." engulo em seco quando a porta se abre e Timothée entra, passando por nós e ignorando completamente nossa existência, eu tinha certeza de que cedo ou mais tarde ele voltaria a ser o mesmo menino. Eu me levanto e o sigo pelas escadas, ele tenta fechar a porta, impeço com o pé.

"Por favor." Ele sussurra devagar.

"Timothée seja sincero comigo." Eu peço, empurrando a porta. Os olhos dele desviam para algum ponto distante. "Você quer que eu esteja por perto?"

"Não." Ele responde e fecha a porta.

Dou um passo para trás, com a garganta apertada. Eu deveria ter dito de um modo menos complicado, bato na porta até que ele abra, me aproximo com as mãos em seus ombros e o trago para um abraço apertado, sentindo seu cheiro me confortar. Eu não sei o que dizer a ele, deveria ter me preparado primeiro. 

"O que você está fazendo?" Pergunta, ele se afasta de mim. "Minha mãe ficaria louca se soubesse que nesse momento estamos juntos."

"Ela não vai saber." Gentlyn surge atrás de nós. "Pelo menos não agora."

  Ele arregala os olhos ainda com as mãos em meus ombros.

"Por que está fazendo isso?"

"Porque..." Gentlyn cerra os lábios e abana as mãos. "Não importa, tudo isso vai acabar."

"Não posso mentir para a minha mãe." Timothée diz, se afastando um pouco mais. "Eu não sei o que ela faria se descobrisse mais tarde, eu sei que ela é capaz de tudo. Não vou arriscar Astrid, nem você, Gentlyn. " Ele fecha a porta novamente e ouço a tranca do lado de dentro, olho para Gentlyn que esfrega o rosto e desce as escadas, eu pretendo segui-la, quero resolver as coisas por mim e por ele, não posso ficar parada enquanto tudo está ruindo.

"Gentlyn!" Eu a chamo, Gentlyn se vira depressa para mim. "Tem uma coisa que você pode fazer por mim?" Ela balança a cabeça devagar.

   
   Timothée se recusou a sair do quarto, mas eu estava esperançosa que ele não iria resistir, bato na porta do quarto mais uma vez, sacudindo a bandeja com o bolo que preparei, duas camadas de chocolate. Ele abre a porta com o semblante irritado, os olhos poderiam me queimar a qualquer instante.

"O que foi? Eu já não disse para me deixar em paz?"

"Eu fiz um bolo das lamentações." Estendo a bandeja para ele, Timothée afastou um pouco a porta e tentou sorrir. Ele passa o dedo indicador na cobertura do bolo e leva até a boca, eu sorrio um pouco com o gesto até o queixo dele travar novamente.

"Isso está horrível."

"O que?!" Eu digo espantada, ele bate a mão na bandeja e o bolo cai aos meus pés sujando meus sapatos, Timothée bate a porta como da outra vez.

"Minha nossa." Gentlyn sussurra e se abaixa para me ajudar. "Eu sinto muito querida."

  Estou um pouco triste, demorei uma hora para fazer esse bolo, agora ele está me desprezando como se me odiasse, Gentlyn segura minha mão e me impede de continuar a limpar a sujeira.

"Eu termino isso, tem uma ligação importante para você." Ela diz, acenando para as escadas, desço as escadas depressa, o telefone está apoiado na mesa, eu pego eufórica, até ouvir a voz do outro lado.

"Astrid Davis?" A voz é rouca, intimidadora. " Aqui é Marc Chalamet." Eu engulo em seco, afastando o telefone do ouvido, resmungo baixo, tendo certeza que isso não pode estar acontecendo. "Ainda está aí?"

"Sim senhor presidente." Ele ri um pouco.

"Os rumores chegaram até meus ouvidos, eu queria falar com você." Tudo parece girar, estou falando com o presidente dos Estados Unidos, o homem que pode me expulsar desse lugar só por ter intimidado o filho dele. " Minha mulher comentou sobre você, eu gostaria de um almoço em que pudéssemos conversar junto com meu filho."

  Ah minha nossa, o que vou dizer? Não posso dispensar o presidente, não posso comparecer nesse almoço porque eu parecia patética.

"Hm, sim, tudo bem." O telefone é agarrado da minha mão e Timothée desliga. Eu arregalo os olhos abismada. "Ficou maluco?! Era o seu pai!"

"Não tenho medo dele." Diz, cerrando os dentes. " Você não vai se submeter a isso, está me ouvindo?" Eu nem consigo dizer nada, Timothée bate a mão na mesa de madeira ao seu lado, derrubando o vaso de flores no chão, eu estremeço dando um passo para trás. "Você me ouviu Astrid?"

"Eu ouvi." Eu nunca tinha visto Timothée tão...exaltado, mas era assustador.