Liberdade - Mikasa Ackerman

𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟏

(N/A): Arte na capa - erarichh on ArtStation. Como bem diz na descrição, o personagem principal é não binário, logo usarei o pronome feminino, masculino e neutro. Entretanto, fique à vontade para ler no seu pronome. Boa leitura <3

Por alguns anos você teria a mesma rotina: Sair da faculdade, almoçar na liberdade, fazer algumas compras desnecessárias em alguma loja com produtos baratinhos e voltar para casa.

Honestamente não é tão entediante quanto parece, você amava aquele bairro de São Paulo e todas as lojas asiáticas que tinha, por mais que o bairro fosse enorme você conhecia a maioria das lojas e até havia feito amizade com alguns funcionários, como o dono de uma loja de chá meio rabugento chamado Levi Ackerman, mesmo sendo viciado em manter a loja limpa a ponto de querer chutar a cara de qualquer cliente que entrasse sem limpar os pés no tapete, ele era um cara legal e sábio.

Algumas vezes você tinha pena por ele administrar a loja sozinho, mas sabia que ele tinha dois grandes amigos:

Hange Zoe, professora de biologia de ensino médio que dizia preferir dar aula para adolescentes na puberdade do que para adolescentes de faculdade. Sua justificativa era porque era mais fácil adolescentes na puberdade escutarem sobre suas teorias de que um dia, titãs já haviam existido.

O outro era Erwin Smith, que cuidava de uma biblioteca próxima da Liberdade, aquela biblioteca significava tudo para Erwin já que era uma herança de seu falecido pai. E também, era sua salvação para conseguir se manter atualizada nos conteúdos da faculdade de moda.

Ah, falando na faculdade. Você não está procrastinando para estudar, está?

Você tinha acabado de desembarcar na estação Liberdade, desceu do metrô e subiu as escadas enquanto trocava a música que tocava em seus fones. Seu estômago roncava de fome então se enfiou na primeira loja que viu.

Um restaurante self-service simples. Porém delicioso.

Após mandar pra dentro tudo que você tinha direito, decidiu visitar seu querido amigo.

— Oi, S/N. — Levi disse olhando para você limpando os pés no tapete da porta, justamente conferindo se você tinha feito tal coisa ou se já podia te dar um sermão.

— Boa tarde, Levi. — Você sentou em uma cadeira do balcão, a loja não tinha muita movimentação naquelas horas. Mas você desejava que tivesse, Levi uma vez lhe contou como foi difícil abrir a loja já que as pessoas ultimamente não ligavam muito para chá, mesmo assim ele nunca desanimou e sempre manteve o lugar limpo e atualizado, tinha até Bubble tea!

— Como foi sua aula hoje? — Ele continuou passando um pano no balcão, às vezes parecia uma figura paterna para você. Você conhecia seu pai, mas vocês nunca se deram bem, principalmente depois de você se assumir não-binário para ele.

— Foi bem agitada, a professora vive elogiando as minhas criações, mas ainda tem quem me olhe torto.

— Por que? Roupa não é só ser bonita?

— Para algumas pessoas é, só criar algo que esteja na moda ou que seja bem barbiezinha. Pra mim tem um significado diferente, sabe? Criar algo inovador que carregue uma história, uma personalidade. — Diversas vezes pessoas dentro e fora do seu curso perguntavam se você realmente cursava moda, porque na cabeça deles quem cursava moda usava um cropped e calças formais de cintura alta e um terninho. Você usava calças cargo e camisetas largas, que você achava estiloso e confortável, ou algumas vezes para dar uma variada usava calças jeans de cintura alta e um suéter vermelho com listras pretas que você havia comprado na época que gostava de BTS, só porque parecia com o suéter do Jungkook no clipe War of Hormone.

— É uma pena uma ideia tão superficial. — Ele ficou de costas para você, preparando um chá por conta da casa. Ele sabia que um chá cremoso iria te animar. — As pessoas pensam quase igual de chá, que é uma coisa de gente velha, quando na realidade chá tem uma história chinesa bem interessante por trás.

Então ele começou a contar a história que sempre que tinha uma brecha, contava. E você sempre prestava atenção porque ele sempre contava com tanta animação que você podia jurar que ele sorria.

"Nos anos 250 a.C, o imperador Sheng-Nung descobriu o chá sem querer, foi enquanto fervia água embaixo de uma árvore silvestre que balançava suas folhas com os ventos da primavera e uma folha caiu em sua bebida."

— Leviiiii! — Hange entrou na loja gritando, o coitado de Levi quase se queimou por ter se assustado. E quase surtou quando Hange entrou diretamente sem limpar os pés, os cabelos presos em um rabo de cavalo bagunçado e o jaleco de professora marcavam bem o que tinha acontecido: Um experimento bem sucedido. — Olá, S/N.

— Boa tarde, Hange. — Você disse calorosamente sorrindo para ela, a alegria dela contagia demais.

— Vocês não acreditam! — Ela colocou um papel enorme cheio de anotações no balcão.

— Esse papel tá limpo? — Levi disse se aproximando com três xícaras.

— Que importa isso? Enfim, hoje fizemos uma árvore genealógica usando seu sobrenome.

— Por que o MEU sobrenome? — Levi disse.

— Por que não o meu? Não gostei. — Você disse.

— Porque o Levi é o mais velho entre nós.

— Não seria o Erw— Você foi interrompida por Hange.

— Descobri que o Levi tem uma parente distante da sua idade, S/N! — Ela disse alegremente. Era uma surpresa, na verdade. Porque Levi não conhecia ninguém de sua família além de seu tio, Kenny, e até então ele nunca teve filhos ou se envolveu romanticamente porque estava ocupado demais cumprindo alguns trabalhos duvidosos por aí. E a mãe de Levi tinha morrido no parto. E seu pai? Ele não sabia quem era. — Se eu tiver programado certo, ela é asiática e tem 70% de chance de morar no brasil.

— Que demais, Hange! — Você disse.

— Todo mundo tem um parente distante perdido por aí. — Levi serviu o chá nas xícaras e ofereceu para você e Hange. — Cuidado, está quente.

— Sim. — Hange assoprou e deu um gole no chá. — Delicioso. Enfim, isso foi apenas um teste. Seria bacana encontrar essa parente e comprovar que o meu método de árvore genealógica funciona.

— Eu posso procurar ela pela internet. — Você disse após dar dois bons goles no chá. — É possível encontrar qualquer pessoa online hoje em dia.

— Vou ficar fora disso porque já toma todo meu tempo administrar a loja online. — Levi disse espremendo um limão em seu chá.

— S/N, se você encontrar alguém, me diz, tá?

Você fez uma promessa para Hange e agora tinha de cumprir.

Encontrar uma Ackerman por aí podia ser difícil, mas só jogando o sobrenome no Instagram você encontrou três contas, uma era de Levi, a outra era de um francês e a última de uma garota.

Mikasa Ackerman.

Que é isto? Você está tendo um gay panic?

𝐌𝐢𝐤𝐚𝐬𝐚 𝐀𝐜𝐤𝐞𝐫𝐦𝐚𝐧.

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