03 | Que seja a última vez

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Pendurado no muro, Kai espiou o lado dos vizinhos, os olhos encontrando imediatamente um rapaz, parado a apenas alguns passos de distância do muro que faz a divisão dos quintais, virado de costas para si. Aos pés do cara que vestia um blusão cinza havia uma caixa retangular caída no chão.

— Ei! — Huening chamou com toda a coragem que juntou naqueles segundos em que o outro permaneceu parado, como se sequer houvesse alma em seu corpo. — Você é o filho dos Choi? — Selênio. Então alguns longos segundos depois, o rapaz se virou de frente pra si, e o filho do meio da família Huening não precisou de uma resposta verbal para sua pergunta. — Joga essa bola de volta para mim? — A segunda pergunta veio em tom mais frágil, enquanto apontava com a cabeça na direção do objeto.

Varrendo o gramado com os olhos na direção apontada pelo platinado, Soobin encontrou a bola de vôlei a uma curta distância de si. Olhou da bola para o garoto do outro lado do muro, voltando uma segunda vez o olhar para o objeto e novamente para o platinado.

— Não. — Respondeu com a voz firme, ainda sem alterações na feição apática. No entanto, quando fez um leve movimento na intenção de se virar e abaixar para recolher a caixa do chão, teve sua ação freada pela voz do outro que voltou a alcançar seus ouvidos:

— Qual é, cara?! Por que você não pode simplesmente jogar de volta? — Protestou, indignado ao notar que o garoto de cabelos castanhos pretendia virar as costas para si e o ignorar após dizer que não devolveria sua bola.

— Foi você quem a jogou aqui? — Perguntou.

— Óbvio. — Respondeu com um balançar de ombros. — Se não fosse eu, eu não estaria pedindo de volta.

Soobin suspirou pesadamente, ponderando se realmente valia a pena dar uma explicação para aquele moleque malcriado.

— Aparentemente, pelo seu jeito de falar com os mais velhos, você é um garoto bem mal educado, então eu não tenho motivos para ser cordial com você. — Usando a ponta da língua para umedecer os lábios levemente secos, virou um pouco o corpo e andou até a bola, retirando-a do gramado para a segurar em uma de suas mãos, enquanto a outra vai para dentro do bolso de sua calça, o Choi se aproxima do garoto pendurado no muro. — Vamos aos fatos: você jogou essa bola, obviamente com uma força muito mal calculada, para o lado de cá e me disse para joga-la de volta, sem nem pedir com o mínimo de cordialidade e educação. — Kai revirou os olhos para toda aquela falação, achando o jeito de Soobin falar estranhamente parecido com o de um velho. — Então, eu disse que não a jogaria de volta e, por algum motivo que foge de meus conhecimentos, minha resposta te fez ficar irritado, acredito que tenha sido por pura infantilidade sua, já que em momento algum houve um motivo plausível que justificasse essa irritação. Eu lhe perguntei se havia sido você a jogar a bola e você me respondeu de qualquer jeito, como se tivesse algum tipo de intimidade comigo. Por esses motivos, eu não irei devolver nada. — Finalizou, lançando a bola para a outra extremidade de seu quintal, deixando-a próxima do muro que fazia divisa com outros vizinhos.

Que cara chato da porra.
Na moral, vai se foder, Choi Soobin.
Pode enfiar essa bola no meio do seu orifício anal!

Manteve o pensamento só para si, embora a vontade de falar fosse grande, Huening Kai se conteve. No entanto não conseguia pensar em uma resposta adequada para tudo que Choi falou. Se respondesse algo provavelmente o mandaria ir para algum lugar como a casa do caralho, o inferno, ou pra puta que o pariu.

— Se quiser, pode vir até aqui buscar. — o Choi disse, escondendo as duas mãos nos bolsos da calça preta larga. — É só tocar a campainha que minha mãe te atendera.

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⏰ Última atualização: Aug 03, 2022 ⏰

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