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Sabe quando as coisas estão dando errado e você para por um momento para analisar e se perguntar quando tudo começou a desandar? Aquela sensação de estranheza, não saber diferenciar entre sexto sentido ou ansiedade.
Era como estar em uma montanha russa a tanto tempo que aquele frio na barriga deixa de ser engraçado ou gostoso e passa a ser incomodo, você só quer parar e descer.
Se sentir normal por alguns segundos.
Mas o que é normal? Com uma pandemia prestes a explodir, eu não sei o que é normal.
Desde que ela surgiu os hospitais estavam uma loucura. Mordidas humanas e febre incurável, por pouco o mundo não estava entrando em pânico. A mídia fazia seu papel de encobrir algumas coisas e por causa disso não havia tanta histeria pública, mas não demoraria para começar.
O dia mal havia começado e eu tinha essa mesma sensação, algo daria muito errado.
Era cedo da manhã, o sol havia começado a dar seus sinais de vida expulsando um pouco do frio e trazendo um conforto pelo calor que aquecia meu rosto e ajudava a clarear minha mente. Dei um gole no café observando a rua movimentada pela janela.
Voltei minha atenção às panquecas que esfriaram sob a bancada, apenas esperando serem comidas. Na TV passava o jornal da manhã com os mesmo ataques estranhos, só mudava as vítimas e endereços.
Eram sempre as mesmas notícias, pelo menos o esqueleto. Ou era sobre os ataques, ou cientistas e médicos numa tentativa de explicar o que estava acontecendo e acalmar a população.
Em resumo, ninguém sabia o que era exatamente. Poderia ser algo novo, um vírus, bactéria, ou a própria ira de Deus.
Dei de ombros acreditando que a polícia ou o exército daria conta. Mas quem eu estava querendo enganar. Como médica, estava na linha de frente e todo dia era um mistério diferente com a esperança indo por água abaixo.
Se é que ela ainda existia.
Coloquei as louças sujas na pia e enchi uma garrafa com café, caminhei até a entrada pegando meu casaco e bolsa. Dirigi meu Jeep até o hospital para um novo dia de trabalho.
