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― Você ouviu uma palavra do que eu falei? - Shuji pergunta indignado.

― Claro que escutei Shuji, só estou dizendo isso porquê ele é rico, e ele é, sabe... rico. - falei baixo a última frase. 

― Você está interessada por que ele é rico?

― Óbvio que não. Você também é rico, então isso é apenas um detalhe. Ele é legal e me faz bem. Não tem nada haver com dinheiro. 

― Faz bem a você em que sentido? - arqueou a sobrancelha. 

―Você já quer saber demais. - cruzei os braços - Se rolar algo, eu garanto que o primeiro a saber será você.

― Não acredito em você. - revirei os olhos e ele soltou uma risada. Shuji levantou colocando as luvas de temperatura, abriu o forno e tirou a bendita torta de frango. - Quero saber quem foi dessa vez. - disse colocando em cima da mesa. 

― Não digo. Você conhece todo mundo. - fiz bico.

― Achei que eu fosse ser o primeiro a saber. - falou indignado. 

― Não nesse caso. - ele bufou tirando as luvas e pegando dois pratos. 

"Você vai ser o primeiro a saber, mimimi"- afinou a voz tentando me imitar. 

― Cala a boca Shuji. - falei irritada. - Izana Kurokawa. - sussurrei. Meu irmão paralisou no lugar que estava enquanto sentava na cadeira, ficando meio sentado, meio em pé. - Que foi agora?

― Entendi porquê Kisaki ficou tão bravo. - balançou a cabeça saindo do transe. - Izana é tipo, um dos assistentes mais fiéis ao Kisaki.

― Palhaçada...- arregalei os olhos.

― Você dormiu com um dos cara que trabalha diretamente pra ele. Se Kisaki estiver mesmo interessado em você, ele vai acabar com o izana hoje mesmo. - ele falava naturalmente enquanto colocava a comida no prato e colocava na minha frente.

Encarei sem palavras, aquele pedaço de torta. Estava lindo e cheiroso, mas por alguma razão perdi a vontade de comer. 

* * *

[Kisaki]

É só mais um dia da minha rotina chata. 

Estou no lugar de sempre. O escritório. O imenso e silencioso escritório. Não há nada de específico ou urgente para se fazer no momento, nada que mereça mais de 40% da minha atenção. Então me submeto a ficar sentado em uma cadeira encarando a cidade pelas grandes janelas de vidro. 

Fico feliz pelo tempo livre, mas ao mesmo tempo odeio não ter nada para fazer, pois assim fica mais difícil ocupar a cabeça e não pensar na noite de ontem. Aquela cena insiste em se repetir várias vezes na minha cabeça. Horas antes ela estava nos meus braços, depois na cama de outro cara. Izana.

Fico me remexendo na cadeira só de pensar no seu nome. Isso me irrita profundamente. Me irrita ao ponto de quebrar a xícara que está nas minhas mãos. Sinto escorrer o sangue pelas minhas mãos e bater no chão, mas não vou fazer nada. Apenas tento procurar uma reposta complexa, pois não consigo entender a razão que me faz sentir tanta raiva.

Achar sua companhia extremamente agradável, não é uma razão para que me sinta tão incomodando, ou até mesmo enciumado. Eu a conheço a menos de um mês, então acho impossível me interessar por alguém tão rápido. Mas, sendo ela, eu não estaria surpreso se realmente estivesse. 

VOCÊ NÃO AMA NINGUÉM |Kisaki|Onde histórias criam vida. Descubra agora