Don't you mess with me

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"Sempre quis."

Isso que eu nunca consegui entender. 

"Por que?"

Perguntei antes que ela pudesse encostar em meus lábios.

"Ãn?"

Ela parou no meio do caminho com a sua respiração se misturando com a minha.

"Por que todo esse interesse em mim desde o início? Você certamente deve ter outros aos seus pés."

Meus olhos desceram até a sua boca e fui inclinando minha cabeça para mais perto. De repente, ela se afastou.

"Bom, com certeza não é por causa do tratamento de princesa que recebo do doutor."

Abaixei a cabeça envergonhado, coçando a lateral com meu indicador. Eu realmente a tratei muito mal na maioria das vezes.

"Não sei. Não mandamos no coração nem por quem vamos nos apaixonar."

Eu balancei a cabeça desolado.

"Flávia, eu não sou a pessoa certa para você."

Ela ergueu a cabeça me enfrentando.

"E o doutor sabe disse como?"

Queria contar do meu péssimo histórico como marido: controlador, ciumento, permitia demais as interferências de minha mãe na relação. E, agora, além de perder meu título como marido, também me tiraram o de pai. Não me sobrou nada.

"Nada. É o que tenho: nada. Não posso ficar na casa do meu pai, na minha casa, porque a mulher de quem ele acata todos os desmandos me odeia. Minha mãe me largou quando eu era praticamente recém nascida. Minha sonhada carreira como cantora não deslanchará, como dançarina de pole dance, está parada desde o acidente e agora perdi injustamente o trabalho aqui também."

Pelo visto, foi um dia de cão para ela assim como o meu.

"E, sim, eu tenho outros aos meus pés que são incapazes de compreender a minha sede de viver. O que para eles é só mais um dia, para mim é uma despedida. Cada vez mais próxima do limite imposto a nós. Mas você entende."

De fato, eu entendia. Parece que ela dava voz aos meus pensamentos mais íntimos, meus anseios. E, como um canto da sereia, fui seduzido até ela. Meus dedos encontraram morada em seus cabelos e a trouxe para perto.

"Eu quero você. O que diz, doutor? É só até o fim dos nossos tempos."

Ela abriu aquele sorriso provocador e, pela primeira vez, eu não quis resistir.

"Você faz alguma ideia do que está pedindo, garota?"

Passei meu polegar deslizando por seus lábios enquanto minha outra mão descia por seu pescoço. Ela prendeu meu dedo entre seus dentes, chupando-o levemente e arrancando um grunhido de mim.

"Acho que vou descobrir rapidinho."

Virei nossos corpos e a conduzi até a parede. Era minha vez de prendê-la ali.

"Será?"

Desci minha boca até o seu pescoço, mordiscando e lambendo cada pedaço de pele exposta. Ela jogou a cabeça para trás para que eu continuasse o ataque.

"Estou me sentindo com sorte esta noite."

Subi plantando pequenos beijos, procurando seus lábios. Parei em cima deles. Ela já estava quase sem fôlego. 

"Somos dois."

E juntei nossas bocas. Ela logo abriu a dela e passei minha língua indo atrás da sua. As duas se provocavam, deslizando, dançando lentamente e arrancando gemidos. 

Eu a levantei em meus braços enquanto ela prendia suas pernas ao redor do meu quadril. A fricção era maravilhosa. Aproveitei o novo ângulo e comecei a chupar sua língua. Ela movimentava os quadris bem mais veloz, procurando aliviar a pressão entre suas pernas. Suas mãos que arranhavam meu escalpo desceram tentando abrir meu cinto freneticamente.

"Espera. Espera, Flávia."

Tentei me desvencilhar. Ela me encarou confusa, suas pílulas extremamente dilatadas.

"O que? Meu Deus, Guilherme, você vai desistir agora?"

Eu ri com o jeito dela. Pousei minhas mãos em seu rosto e beijei seus lábios de leve.

"Não, não é isso. É só que... você não quer ir para um lugar mais confortável?"

A gargalhada que ela soltou foi linda. 

"Aceito. Mas não pense vou deixar que você escape de mim, viu doutor das galáxias?"

"Eu não quero escapar."

Ela me olhou, analisando se eu dizia a verdade. E estava. Passara tanto tempo perseguindo algo falido e, no local que pretendia confrontar meu destino, encontrei uma nova jornada. Talvez fosse de curta duração mas valeria por uma eternidade. Enlacei nossas mãos e beijei o torso da dela. Depois, a puxei em direção à saída.

"Vamos, ainda nem comecei com você."

Try Me - FlaguiOnde histórias criam vida. Descubra agora