Capítulo 9

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Santiago Castillo

— Parabéns, a casa é sua! — Ouvir essas palavras me enche de uma satisfação inegável. Agora, finalmente, poderei estar mais perto do meu filho, o que já seria motivo suficiente para comemorar. Mas, sejamos honestos... não é só isso que quero. Não vou mentir para mim mesmo. Não quero estar apenas perto dele; quero estar perto de Giovanna. Quero reconquistá-la, quebrar os muros que construímos entre nós e afastar esse tal de Bruno.

Eu a amo. Ainda a amo, como se fossem apenas cinco anos atrás, quando tudo parecia tão simples. Nem a distância conseguiu apagar o que eu sinto por ela. Na verdade, só intensificou. E eu não vou deixá-la escapar novamente. Não vou perder ela outra vez, não vou deixar que o tempo e as circunstâncias se levem o que ainda é meu.

Não vou baixar a guarda. Não importa o que aconteça, eu não vou deixar outro homem ocupar o lugar que é meu. Não vou deixar que esse tal de Bruno se torne a figura paterna que meu filho tanto precisa. Isso é meu, e ninguém vai tirar. Eu vou fazer de tudo para reconquistar Giovanna. Como minha mãe sempre diz: "Com unhas e dentes" se for preciso.

— Obrigado, Bianca, fizemos um ótimo negócio — respondo à mulher à minha frente, apertando sua mão com firmeza. Não me importo com a cordialidade, nem com o sorriso forçado. O que realmente importa é o que eu acabei de conquistar. Com os documentos da casa nas mãos, saio da imobiliária, com um gosto amargo e uma sensação de vitória ao mesmo tempo. Agora é só questão de tempo até que tudo se encaixe da maneira como eu planejei.

Mas a tarefa mais difícil disso tudo... é ir até a minha antiga casa. Buscar alguns itens pessoais, fazer o último descarte e, finalmente, me mudar para o meu novo lar. O mais interessante será ver a cara de Giovanna quando descobrir que agora, sou o mais novo vizinho dela. E eu sei o que ela vai pensar. Vai ser inevitável. Ela vai ter que me encarar. Eu vou estar tão perto dela quanto ela estiver de mim, e não vou deixar que ela fuja.

***

Assim que giro a chave na fechadura da porta da casa que, por anos, foi meu abrigo, uma sensação de vazio me invade. Olho ao redor e só vejo tristeza. Não há mais vida aqui, não há mais alegria. As paredes brancas refletem uma solidão fria, e o som dos meus sapatos batendo no piso vazio ecoa, reforçando a sensação de que tudo foi perdido.

Subo as grandes escadas que pertenciam à minha família. Quando eu era criança, toda a nossa história estava aqui — meus pais, meus dois irmãos e eu. Mas, à medida que fomos crescendo, os negócios do meu pai exigiram que ele se mudasse para a Espanha. Eles foram com ele. Só eu fiquei. Eu tinha um sonho de fundar minha própria empresa e viver minha vida à parte dos privilégios que a família me oferecia.

Sabendo que eu não o seguiria, meu pai me deixou a casa como herança e algum dinheiro para eu começar a minha jornada, embora tivesse uma expectativa de que eu seguisse seus passos nos negócios da família. Eu era o filho mais velho, o escolhido para dar continuidade ao império dos Castillo. Mas eu decidi seguir meu próprio caminho. Com coragem e determinação, fundei a minha empresa e a fiz crescer, até que hoje sou dono de uma das maiores empresas de móveis planejados do Brasil.

Deslizo minhas mãos pelo corrimão de madeira da escada central, e uma onda de nostalgia me invade. Vai ser difícil deixar essa casa — a casa que sempre amei, que guarda as melhores lembranças da minha família, quando todos estavam juntos. E agora, prometi a Giovanna que esse seria o patrimônio do nosso filho.

Entro no grande e luxuoso quarto, o mesmo que sempre teve um valor sentimental imenso para mim. Ali, muitas noites passei com Giovanna deitada em meu peito, enquanto eu acariciava suas costas nuas, convencidos de que tudo seria eterno.

Depois que tudo deu erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora