Capítulo 10

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Giovanna Martins

Faz uma semana desde o dia em que Santiago esteve na minha casa, ele liga todos os dias para falar com o filho e tenta conversar comigo, como se estivesse investigando algo. Ele não entende que não temos mais nada para conversar? Nada além do filho que temos juntos.

Enquanto eu preparo a mesa de jantar, Christian brinca com seus brinquedos na sala, onde a televisão exibe seu filme favorito.

Bruno me ligou, disse que conseguiu um tempo em sua agenda e vem jantar com a gente. Estou feliz por revê-lo, já faz cinco dias desde o nosso último encontro, já que sua agenda é sempre lotada de compromissos. Então preparei o jantar para comemorar: fettuccine ao molho branco — sua comida predileta —, também escolhi na adega do meu pai nosso vinho favorito.

Depois de preparar a mesa, levo Christian para o quarto e nos preparamos para o jantar. Ponho uma roupa bonita, deixo meus cabelos soltos e uso bem pouca maquiagem, apenas um delineador e gloss labial — um dos poucos costumes de menina, que trouxe para a minha vida adulta.

Me lembro que quando conheci Santiago ele sempre dizia ser fascinado por meus lábios carnudos e gostava quando eu o destacava com gloss. Posso lembrar com clareza suas palavras: " É uma pena, vou tirar tudo agora". Ele sempre dizia aquilo me tomando em um beijo acalentador.

O som da campainha faz meu coração bater descompensado me tirando dos meus pensamentos. Bruno chegou para dar vida a minha noite.

De mãos dadas com Cristian desço as escadas com cuidado para não pisar na barra do meu vestido longo florido, enquanto ao meu lado, o menino está eufórico. Talvez por saber que mais uma vez vai ganhar um presente, pois, toda vez que Bruno vem nos visitar ou quando saímos juntos ele faz todas as vontades de Christian.

Assim que abro a porta, não vejo nada diferente do que foi previsto em minha mente. Bruno traz nas mãos uma caixa enorme, embalada em papel colorido, com um laço azul em cima. Ele o estica na direção do meu filho, com um dos sorrisos mais bonitos que já vi.

Seus olhos azuis ficam pequenos toda vez que ele sorri, e eu consigo ver algumas rugas se formando nas laterais dos seus olhos, o que de alguma forma, me faz lembrar de Santiago.

— Como se diz, filho? — Insisto mais uma vez em ensinar ao menino a agradecer sempre que ganhar um presente.

Obigado — ele fala de forma categórica enquanto rasga o papel com tanta agilidade que já consigo ver o que estava escondido. É um autorama da hot wheels.

— Oi — volto a olhar para Bruno.

Ele estica o braço ainda com seu sorriso congelado, e me puxa pela cintura e me levanta do chão me dando um beijo saudoso nos lábios.

— Senti saudades. — Falo enquanto ele me põe no chão e passa pela porta.

Fecho a porta e miro seu semblante sempre carregado de animação.

— E eu estava louco para ver você — ele diz voltando a me abraçar, mas dessa vez ele enfia a cabeça no meu pescoço e funga sugando todo o ar que está preso ali. — Nossa, como você é cheirosa!

Rio boba e devolvo um olhar a altura do seu elogio.

— E que cheiro maravilhoso é esse? — Ele levanta o nariz em direção à cozinha. — Não me diz que fez...

— Fettuccine ao molho branco — completo sua frase e ele solta um riso animado enquanto esfrega as mãos.

— Você é incrível, meu bem — ele me dá um beijo demorado na testa e olha para Christian que está um pouco mais distante de nós, puxando as peças da caixa. — Gostou do presente garotão?

Depois que tudo deu erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora