Capítulo 17

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Santiago Castillo

Com os pequenos bracinhos apertados ao redor do meu pescoço, caminho em direção à casa da minha vizinha. Quando abro a porta, vejo Giovanna vindo em minha direção. Ainda a uma distância considerável, consigo ler seus lábios se movendo silenciosamente:

Meu pai vai matar você! — diz ela, passando o dedo na garganta como se fizesse um gesto de ameaça.

Dou uma risada e me aproximo o suficiente para perceber que o semblante de Giovanna está mais leve, mais alegre. Christian, que estava em meus braços, escorrega pelas minhas costas e corre em direção à mãe, dá um abraço rápido em suas pernas antes de desaparecer para os fundos da casa, provavelmente indo encontrar o avô de quem ele gosta tanto.

— O que houve? Não fiz nada — levanto as mãos em sinal de rendição, tentando manter a leveza da conversa.

Giovanna ri baixinho, balança a cabeça como se eu fosse impossível.

— Ele não gostou nadinha da ideia de você vir morar aqui ao lado.

— E, onde ele está? — pergunto, já antecipando o que viria a seguir.

— Vem comigo — ela puxa meu braço e me guia para os fundos da casa.

Ao nos aproximarmos, ouço risos e, entre eles, a voz grave e envelhecida do sr. César dizendo, com uma pitada de brincadeira:

— Se comportou enquanto estive fora?

Antes de ouvir qualquer resposta, um splash ressoa alto e a risada de César se intensifica. Christian, como uma criança espontânea, se jogou na piscina com roupa e tudo, fazendo a cena ainda mais engraçada.

O dia está agradável, o céu limpo, e a casa de portas e janelas abertas se enche de luz e de uma sensação de acolhimento. Retiro os óculos escuros e me exponho ao ambiente familiar, diante do meu ex-sogro e da pessoa que imagino ser Vanessa, a mulher que Christian tanto fala.

— Olá, sogrinho — digo, brincando, e Giovanna me dá um beliscão discreto, provavelmente para me lembrar que essa possibilidade não existe mais.

César retira os óculos escuros e me encara com um olhar sério, depois desvia o olhar para Giovanna e, finalmente, para o neto, que agora nada livre na piscina. 

— Por favor, Giovanna, não me dê esse desgosto novamente.

Dou uma risada e ele me acompanha, soltando uma gargalhada que alivia o clima. Visivelmente constrangida, Giovanna olha para Vanessa, que observa a cena com uma expressão curiosa, mas calma.

— Vanessa, esse é o pai do meu filho, Santiago — ela me apresenta e gesticula na direção da mulher. — E essa é Vanessa, a namorada do meu pai.

Vanessa, com um sorriso elegante e um olhar que denota uma certa curiosidade, troca um olhar breve com César antes de se levantar da espreguiçadeira. Ela vem até mim e me cumprimenta com um beijo no rosto.

— Ouvi tanto sobre você — ela diz, com uma leve risada, antes de se afastar um pouco e voltar para o seu lugar. Olho para ela, tentando captar o que ela realmente pensa, mas seu rosto permanece sereno.

— O dia está bonito, não está? 

De dentro da casa, ouço a mesma voz que, não muito tempo atrás, ocupava o espaço junto com Giovanna e Christian. 

— Amor? — Giovanna, corre em direção a Bruno, e o abraça com uma intensidade que me faz sentir como um espectador distante de um espetáculo.

César, agora com uma postura menos rígida, se levanta da cadeira e me chama, indicando que a conversa séria vai começar.

Depois que tudo deu erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora