Capítulo 18

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Santiago Castillo


Giovanna entra no meu quarto sem cerimônias e se senta na beira da cama, com um ar tranquilo, mas curioso. Estou terminando de fazer o nó da gravata diante do espelho do closet, ajeitando os últimos detalhes antes de sair para o trabalho. Seus olhos seguem meu reflexo, cheios de expectativa, enquanto ela espera pacientemente que eu termine.

— Bom dia — digo, sem deixar de ajustar a gravata.

— Bom dia — ela responde, a voz calma, mas o olhar fixo em mim.

— Como foi na escolinha? — pergunto, tentando iniciar a conversa com leveza.

— O Christian estava radiante. Não parava de contar para a professora sobre o acampamento que vocês fizeram — ela diz, sorrindo com carinho.

— Isso é ótimo! — comento, satisfeito. Aperto o nó, ajustando-o perfeitamente, e viro-me para ela, finalmente saindo do espelho. — Pedi que viesse porque precisamos conversar.

— Sobre o quê? — Ela franze a testa, ligeiramente desconfiada.

— Sobre você.

Por um momento, ela me encara em silêncio, seus olhos claros parecendo vasculhar cada nuance da minha expressão.

— Sobre mim? — a pergunta soa quase cética.

— Sim, exatamente. — Sento-me na beira da cama, ao lado dela, afastando algumas roupas largadas no colchão. — Ontem conversei com o seu pai, e nós dois concordamos que você precisa voltar para a faculdade.

Ela arregala os olhos, surpresa com a declaração.

— Santiago...

— Escuta — interrompo, adotando um tom sério, mas caloroso. — Agora estou aqui, por perto. Podemos dividir as responsabilidades com o Christian. Se precisar, contrato uma babá para te ajudar, ou fico com ele enquanto você estuda. Não quero que desista dos seus sonhos por causa da rotina.

Ela abaixa o olhar por um instante, claramente processando o que acabei de dizer.

— Não sei... Ele é muito agarrado a mim. Tenho medo de que ele não se adapte a mudanças tão rápidas.

— Giovanna, eu entendo suas preocupações — coloco a mão sobre a dela, um gesto que parece acalmá-la. — Mas também sei que, às vezes, precisamos sair da nossa zona de conforto para crescer. Christian vai se adaptar, e você também.

Ela suspira profundamente, balançando a cabeça em dúvida.

— Gosto da ideia de voltar a estudar, mas tenho medo de não conseguir conciliar tudo.

— É natural se sentir assim — digo, tentando tranquilizá-la. — E se ao invés de contratar alguém, eu mesmo cuidar do Christian em meio período? Assim você tem mais liberdade e eu ainda ganho um tempo valioso com ele.

Ela ergue o olhar, e vejo um sorriso tímido se formar em seus lábios.

— Talvez funcione...

— Isso mesmo! — Levanto-me, animado, e pego a chave do carro na cômoda. — Então vamos aproveitar a oportunidade. Pegue suas coisas, vou levar você agora mesmo para fazer a matrícula.

— O quê? Agora? Santiago, espera...

— Não tem "espera". — Seguro suas mãos, puxando-a gentilmente para que se levante. — Se deixarmos pra depois, você vai dar um jeito de enrolar. Quero ver você matriculada hoje mesmo.

Depois que tudo deu erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora