Capítulo 29

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Giovanna Martins

É tarde da noite e eu não consigo pregar os olhos. A verdade é que depois de ter conversado com Santiago a respeito do pedido de casamento de Bruno, minha cabeça ficou cheia de dúvidas. Será que isso tudo é precipitado? Bruno e eu nem estamos tanto tempo juntos para termos a certeza de um casamento, e isso me deixa muito assustada.

Me remexo na cama pensando nos "demônios" que me atormentam. Se estou seguindo o caminho certo ou me iludindo mais um pouco é uma coisa que só o tempo irá dizer. É uma pena que meu pai tenha viajado, se ele estivesse aqui, saberia me aconselhar, mas de qualquer forma eu já sou uma mulher adulta, não posso mais depender dele para tomar as minhas decisões, e ele parece se intrometer a cada dia menos nos meus assuntos.

Afofo o travesseiro e ajeito a cabeça nele pela "enésima" vez, fecho os olhos e tento me concentrar em alguma coisa que não seja os meus temores, e de repente ouço pequenos estalos na janela do meu quarto.

Levanto a cabeça devagar, e ouço outro barulho muito parecido com o primeiro, e sem pensar muito bem, me levanto da cama, calço minhas pantufas e visto meu robe de seda vermelho e vou até as janelas do quarto, e quando a abro me deparo com uma aquelas cenas clichês de livros. Santiago está lá embaixo no jardim atirando pedras na janela para me acordar.

Inclino a cabeça para fora da janela e sussurro para não acordar meu filho que dorme no quarto ao lado.

— Santiago? O que você quer?

— Eu não consegui dormir com essa história de casamento. Precisamos conversar.

— Já são.. . – olho para meu relógio cuco pendurado na parede -, meia noite! Isso não é hora para conversar.

— Venha até aqui e abra a porta, preciso falar com você, caso contrário vou atirar pedras até quebrar sua janela.

— Santiago, você é o quê? Doente? Tá ficando maluco?

— Não, eu sou pai. E o homem que se preocupa com você.

Ah!

Suspiro deixando-me ser vencida por sua insistência.

— Espera só um segundo.

Saio do quarto em passos leves a fim de não acordar meu filho e desço as escadas rumo ao primeiro andar. Quando chego no andar de baixo, acendo a luz da entrada, e caminho até a grande porta, onde certamente Santiago está me esperando.

E quando abro a porta, ele está lá em pé, com as mãos enfiadas dentro dos bolsos da bermuda, me olhando com olhos de súplicas.

— O que você quer uma hora dessas, Santiago?

— Conversar: eu já disse.

— Conversar sobre o quê? E afinal, porque estava jogando pedrinha na janela ao invés de me ligar?

— Achei romântico.

Não aguento e deixo escapar um riso enquanto abafo o som da risada com as mãos.

— Do que está rindo? Até onde sei você sempre gostou desse tipo de coisa – Diz ele com a cara levemente emburrada.

— Gostava, Santiago. Gostava.

Nos encaramos por um tempo. Uma brisa fria sopra e leva meus cabelos me lembrando que Santiago ainda está no lado de fora e que está bastante frio para a estação em que estamos.

— Entre — gesticulo para que ele possa entrar. — Seja breve, e vá embora, está tarde e eu preciso dormir.

Santiago faz como digo, entra e fecha a porta atrás de si, e me encara com o semblante neutro, mas não demora muito ele começa a falar.

— Eu sei que a vida é sua, mas acho isso um baita absurdo. Você me disse que conhece esse cara há um ano. Um ano! Esse não é tempo o suficiente para você conhecer o caráter de alguém.

— Santiago... – Tento falar, mas ele levanta um dedo em riste como se estivesse me repreendendo.

— Não! Não adianta você tentar dizer que o conhece bem porque eu sei que é mentira. – Ele arria as sobrancelhas e me olha como um cão abandonado quase rogando. — Giovanna, se você se casar com esse cara sem amor, vai sofrer.

Mas que folgado, como assim ele afirma que não sinto nada por Bruno.

— E quem disse que não o amo? — retruco cruzando os braços na frente do peito, levemente irritada.

— Eu!

Santiago avança para cima de mim, me segura pela nuca e me beija loucamente como se estivesse desesperado, tento resistir, mas não consigo, pois, começo a sentir novamente o sabor do que é provar seus lábios, do que é a saudade sendo saciada depois de tantos anos. Ele movimenta sua língua dentro da minha boca enquanto fecho os olhos e o recebo com o maior de todos os desejos. O beijo se estende por segundos, e quando penso em dar um fim nisso tudo, sinto seus grandes braços se fecharem ao meu redor e meus pés sair do chão. Santiago me paga no colo, me suspende com seus braços e caminha em direção a sala da casa ainda me tomando em um beijo gostoso e cheio de saudades.

Ele dá uma mordida no meu lábio inferior e não consigo segurar meu gemido. Sua boca desce para meu pescoço, e Santiago começa a depositar beijos molhados na minha pele enquanto me deita delicadamente sobre o sofá.

Levo uma de minhas mãos ao seu pescoço e o seguro, depois afundo nossos lábios e beijo sua boca carnuda e firme. Chupo sua língua com desejo e vontade. Aprofundo ainda mais o beijo, transformando em algo selvagem.

Sua boca vai parar no meu pescoço e ele abre a fita do meu robe, exibindo o pequeno baby-doll que estou usando para dormir, e quando ele vê meu corpo, geme voltando a buscar meus lábios.

— Sinto tanto a sua falta, menina - sussurra ao pé do meu ouvido me causando enormes calafrios.

O ar me falta, e meu raciocínio parece ter fugido para algum lugar daquela casa; não consigo dizer nada; não consigo resistir e não consigo perceber que estou me deixando levar. Nosso beijo continuou e a cada minuto que se passa nosso contato aumenta; mãos e toques por todo lado.

Arfo jogando a cabeça para trás sentindo todo meu corpo implorar por Santiago, mas quando fecho os olhos, vejo a imagem de Bruno me pedindo em casamento. A minha consciência volta, mais forte, mais bruta e mais exigente que antes, pois começo a me sentir péssima.

Com um empurrão abrupto, empurro Santiago para sair de cima de mim, e quando ele se levanta, rapidamente me recomponho, levantando a mão e acertando um tapa em cheio em seu rosto, fazendo o som do estalo reverberar por toda sala.

— Vai embora, Santiago! — Digo tentando ser firme, mas minhas palavras saem trêmulas - Nunca mais tente fazer isso de novo.

— Giovana...

— Não! – o empurro. — Sai daqui! Eu vou me casar com Bruno, você goste ou não.

Ele me olha com o semblante duro.

— Vai se casar sem amor, e vai ser a mulher mais infeliz desse mundo! — ele retruca.

— Ah é? E como você tem tanta certeza? Eu tenho sim a capacidade de ser feliz com outro alguém! — O impuro novamente.

— Não. Não tem! E sabe como tenho tanta certeza disso? — Ele se aproxima e fala bem próximo do meu rosto, me obrigando a fechar os olhos e molhar os lábios. — Porque se você o amasse, não teria retribuído o beijo que te dei dessa maneira. Porque o que você sente por mim ainda está vivo dentro de você, mas você é orgulhosa de mais para admitir que ainda ama o homem que te magoou.

Santiago se afasta notoriamente chateado e me dá as costas, segundos depois ouço o som a porta bater então caio de joelhos no chão me desmanchando em lágrimas, sentindo-me uma pessoa horrível por ter entrado em uma situação tão delicada, que pode comprometer meu relacionamento com Bruno. E o pior, me sinto péssima por saber que Santiago tem razão. Ele tem toda razão, entre Bruno e eu, não existem sequer vestígios de amor. Será que é muito difícil amá-lo? Será que é muito difícil esquecer o que vivi com Santiago de uma vez por todas?

Depois que tudo deu erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora