Capítulo 40

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Santiago Castillo

— Tudo bem mãezinha, assim que eu desembarcar do avião ligo para vocês... Não fica tão ansiosa e tome seus remédios da pressão, a viagem vai ser longa... Também amo a senhora, manda um beijo para meus irmãos e para o meu pai, até mais. — Desligo o celular e olho para a mala já pronta em cima da cama.

Me dói muito saber que estou indo e deixando parte de mim para trás, parte dos meus sonhos e parte de tudo o que amo, mas é necessário, eu já não posso mais viver como a sombra de Giovanna, do nosso passado, de tudo o que tivemos um dia. Ela tomou uma decisão e deve segui-la; conhecendo bem aquela teimosa, ela não vai desistir da ideia.

O discurso de "não desistir" de Álvaro ainda está na minha mente, mas eu já não tenho forças, idade e nem paciência para disputar o amor de uma mulher, como na adolescência. Eu sou um homem que tem quase quarenta anos, e que precisa tomar decisões importantes. Sei que minha decisão de partir vai deixar meu filho decepcionando, mas com o tempo ele vai entender.

Depois de colocar as bagagens no carro, subo novamente para o quarto com a necessidade de pagar o passaporte e os documentos da embaixada Espanhola, e quando desço novamente as escadas, sou surpreendido com a entrada de Giovanna na minha casa, ela está com os cabelos bagunçados, os olhos vermelhos e o rosto pálido.

Me aproximo devagar, tentando entender o motivo que a trouxe aqui.

Será que aconteceu alguma coisa com meu filho?

— O que houve, está tudo bem com Christian?

Ela responde com outa pergunta.

— Aonde você pensa que vai? — ela diz com misto de choro e raiva em seu tom de voz.

— Indo para a Espanha.

— E quando pretendia me contar? Você pelo menos ia se despedir do nosso filho?! — ela grita completamente fora de si e me empurra para longe.

Estou tão cansado disso, de viver como uma montanha-russa.

— Mas é claro! E sinceramente Giovanna, eu não entendo você, me expulsou da sua casa no dia do seu noivado, e agora está aqui, me exigindo explicações. Já que você não me quer mais em sua vida, eu me retiro. Vou repetir: Eu. Me. Retiro! — também grito e vejo ela segurar a cabeça em um ato de desespero.

Um soluço fraco sai do seu peito, ela se aproxima, e tenta me tocar enquanto lágrimas escorrem em seu rosto tão pálido, mas eu me afasto, me afasto distância suficiente para ela entender que tudo acabou. A nossa história está tendo um ponto final e esse ponto foi dado por ela mesma.

— Santiago, você não pode ir embora — a voz dela é fraca e chorosa. Sinto vontade de beijá-la, ampará-la, de dizer que eu não vou, de que vai ficar tudo bem, mas eu não posso, não posso sem que ela tome uma decisão!

— Diz para mim, Giovanna, diz que ama, que vai terminar esse noivado com o Bruno e que quer ficar comigo, então eu digo que fico — eu falo ela me olha tão perdida quanto antes.

— Santiago, eu ainda... Eu... eu — ela começa a gaguejar e a tatear as paredes como se estivesse procurando apoio, cambaleando e trocando as pernas. Corro para ampará-la, e quando a pego em meus braços, ouço a sua voz aflita, baixa e quase desfalecida dizer:

— Eu ainda amo você... — ela diz e perde os sentidos, entregando seu corpo em meus braços.

— Giovanna! — Grito seu nome desesperado. — Acorda! — Giovanna! 

Depois que tudo deu erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora