Capítulo 44

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Santiago Castillo

Os slides estão sendo reproduzidos na sala de reuniões, Letícia a diretora de Marketing, está lá na frente falando a respeito das novas propostas para a próxima campanha, mas tudo o que consigo fazer é olhar os gráficos coloridos sem nenhum interesse.

As notícias dos últimos dias me abalaram bastante. Ainda me pergunto o porquê ainda não entrei em um avião para a Europa, porque ainda estou aqui suportando tudo isso. Parece que há uma força invisível que me impede de ir, algo como uma pequena voz no meu interior que todos os dias sussurra baixinho me dizendo que Giovanna ainda vai precisar de mim.

— O que acha senhor, Castillo — Leticia fala olhando em minha direção.

— Ótimo, gostei de tudo, absolutamente tudo! — respondo automaticamente e vejo meus companheiros de bancada me olhar com estranheza.

Um dos meus sócios faz uma pergunta, e logo os homens engravatados começam a debater coisas e mais coisas e tudo o que quero é que essa reunião acabe logo. Depois de mais longos quarenta minutos, estamos todos saindo da sala de reuniões da empresa, sem nada definido, uma outra reunião precisará ser marcada e eu já não tenho paciência para isso, definitivamente eu preciso d um pouco de descanso.

Passo por Ana Julia a minha secretária, e a cumprimento. Sem jeito ela se levanta da sua mesa, vem andando atras de mim tentando acompanhar meus passos, com pressa e aflita.

— Senhor desculpe, eu tentei... disse que ela precisava esperar, mas não o fez... — Olho para a minha secretária sem entender o que ela quer dizer.

— O que houve?

— A sua ex-mulher está na sua sala — ela diz fazendo uma feição de quem já está pronta para receber uma repreensão, abaixa a cabeça e ajusta os óculos de graus, o empurrando para cima do nariz.

Suspiro cansado demais para dar uma bronca em minha secretária.

— Tudo bem, Ana, volte para a sua mesa — digo e sigo o meu caminho.

Quando abro as portas de vidro, vejo Amanda sentada nos sofás de espera, com toda sua postura elegante; coluna ereta, vestido social rosa acompanhado de um sobretudo preto, com uma bolsa grande em cima das suas pernas unidas. Seus cabelos loiros estão com a cor mais aberta, e seus olhos azuis claros bastante iluminados, me passando a sensação de calmaria.

— O que você quer? — falo retirando paletó, e o jogando na cadeira acolchoada da sala.

— Eu vim conversar com você — ela diz e me olha com seu mesmo tom arrependido que passou a usar depois que eu descobri tudo.

— Fala! — repondo seco. — Não tenho tempo, hoje estou muito atarefado.

— É que eu vim dizer que não quero ficar com a sua casa, na verdade eu estou indo embora para os Estados Unidos, vou passar um tempo com a minha família.

Encosto na mesa e cruzo as pernas, a olhando, sem acreditar que ela mudou de ideia assim tão rápido.

— Por que não quer mais a casa?

— Por que era dos seus pais, uma herança de família. É muito grande, eu tenho passado mais tempo no meu apartamento do que lá — ela se levanta e caminha em minha direção, possuindo aquele olhar de um cão abandonado. — Santiago, eu andei pensando... e... e se nós tentássemos de novo?

Rio sem humor.

— Você acha que é simples assim? Voltar para você? Ficar com você? Não, Amanda não é! Não depois de tudo o que você fez.

— Santiago, tudo isso por causa daquela menina? Ela não te merecia, eu fiz o que tinha que ser feito! — ela se esquece da sua pose de boa moça e se exalta, me dando mais motivos ainda para expurgar todo e qualquer possibilidade de voltar para ela.

— Se veio tentar me fazer mudar de ideia, perdeu sem tempo, pois o meu posicionamento ainda é o mesmo! Não volto para você, e não volto para aquela casa enquanto você estiver morando lá.

— Santiago — ela toca em meu peito, e me olha nos olhos, tentando fazer um contato que não existe mais entre nós. — Eu sinto muito, eu só quero você!

Continuo com a minha postura gélida, sem me mover ou mostrar qualquer vestígio de empatia por aquele ser humano. Tão bonitinha, mas tão sem caráter! E quando penso em finalizar aquela conversar e mandá-la ir embora, a porta da sala abre, e Giovanna aparece com afeição zangada, segurando as mãos de Christian.

— Papai! — o menino grita e corre na minha direção enquanto surpreso abro os braços para o receber.

Depois que tudo deu erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora