Algumas semanas depois...
Giovanna Martins
A vida é um sopro, vêm e vai quando menos esperamos. Dizem que quando estamos prestes a morrer, vemos um filme da nossa vida passar pelos nossos olhos; todos os bons e maus momentos que vivemos, e às vezes, eu me pergunto: o que Bruno viu quando partiu? Será que fui inserida em sua caixa de boas lembranças? Será que ele sentiu medo? Será que ele lamentou a por não ter a chance de conhecer o filho que está no em meu ventre? Será que ele lamentou por deixar uma noiva desamparada, ou ficou feliz por saber que havia completado sua missão, me fazendo feliz em todos os momentos que compartilhamos juntos?
Mais uma de muitas lágrimas escorrem pelo canto dos meus olhos, e enquanto aliso a barriga e não consigo parar de pensar no destino do homem que seria meu futuro marido.
— Amiga — ouço a voz vindo de trás e da porta do quarto.
Levanto a cabeça e vejo aqueles incríveis olhos azuis como os do irmão, passar pela porta devagar, e se sentar à frente na cama.
— Santiago, me ligou, perguntou se nós estávamos bem e disse que vem nos ver. Ele quer levar o Christian ao zoológico e me convidou para ir junto.
— Que bom — digo e volto a me encolher em minha melancolia, que se tornou quase a minha companheira favorita.
— Vamos lá, Gio... — Susana estica o braço e acaricia o meu cabelo. — Sei que você amava muito o meu irmão, mas, já fazem mais de um mês que eu que você mal sai desse quarto. — Ela me olha intercalando o lamento e a pena em seus olhos.
E, é por isso que estou tão mal Susana, eu menti para todo mundo, incluindo para Bruno, e ele morreu pensando que eu o amava de verdade.
Depois de receber a notícia que destruiu mais uma vez o meu sonho de me casar e ter uma família, descobrimos que Bruno havia deixado em seu testamento, metade dos seus bens para o filho que eu carrego no ventre, incluindo a cobertura. E como Susana não tem mais ninguém no mundo, além de uma mãe que não sabemos se está viva ou morta, ela é eu, decidimos que seria bom se fossemos morar juntas na cobertura de Bruno por um tempo, até termos a certeza de que todo mundo ia ficar bem depois daquela perda.
Minha mãe chegou em um momento crucial na minha vida, ela tem sido todo meu apoio, também não a trouxe para ficar com a gente, assim uma cuidaria da outra mais de perto.
Meu pai está muito solitário e naquela casa enorme, mas Vanessa tem sido seu suporte, ele liga todos os dias e sempre pergunta sobre minha mãe. Sei que entre eles ainda há muitos problemas não resolvidos, e sei também que a sombra do passado frequentemente os assombra. Eu queria poder ajudar, mas no momento não estou em condições de interferir em antigas feridas tão dolorosas, que também podem me afetar.
Me tornei uma mulher grávida, e viúva sem antes casar, mas que tem buscado toda força e interior pelo meu filho Christian, e pelo bebê que está desenvolvendo o em meu ventre.
— Manoela foi levar Christian no parquinho do prédio, porque não se levanta dessa cama, e tenta fazer alguma coisa? Me dói muito te ver assim, meu irmão não iria querer isso. Sem contar que todos os sentimentos que você sente passa para o bebê.
— Eu sei Susana — minha voz rouca por ficar tanto tempo calada, parece tão franca quanto meu ânimo.
— Tem notícias de Dona Ieda? — Ela me pergunta.
— Foi viajar com algumas amigas. Coitada! Com a morte de Bruno não lhe sobrou ninguém.
Os olhos à minha frente caem. Susana me contou tudo sobre o passado. Me contou que dona Ieda nunca a aceitou e por ter sido ela o fruto que destruiu o seu casamento. Susana se sente culpada por tudo, mas eu já disse que ela não teve culpa de nada, era apenas um bebê inocente, que foi duramente afetado pelas más escolhas dos pais.
Se existe algum culpado, somos nós adultos que sustentamos a ideia de que sabemos o que estamos fazendo, quando na verdade, estamos mais perdidos do que um barco à deriva em alto mar. Como me sinto nesse exato momento.
— Não fica triste, Su. Um dia ela vai entender — digo e vejo um sorriso fraco brotar em seus lábios, mas não dura muito tempo.
— Eu aceitei ir no zoológico com Santiago e Christian, mas não quero sair de casa sem ter a certeza de que você vai ficar bem.
— Eu vou ficar bem amiga, pode ir — digo e ela me olha com as sobrancelhas unidas.
— Eu vou me vestir... Se mudar de ideia... — Ela se levanta da cama, e me deixa, e novamente sou abraçada pela melancolia e tristeza.
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Depois que tudo deu errado
Любовные романыNo passado Giovanna Martins viveu um romance intenso com Santiago Castillo, o pai de seu filho Christian de apenas quatro anos. Juntos eles enfrentaram muitas circunstâncias que nem sempre foram a favor desse amor deixando muitas marcas e mágoas ent...