A "Fábrica"

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Dentro da fábrica, passo um tempo ajeitando a arma que Felipe me deu

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Dentro da fábrica, passo um tempo ajeitando a arma que Felipe me deu. meu pai, não contente em ter me ensinado a nadar, me ensinou a atirar quando saíamos para acampar. Ensino o mais básico para os outros dois garotos que decidem quem fica com a arma de Diana num intenso pedra, papel e tesoura. Jorge venceu.

Começamos a vasculhar pelo corredor à nossa esquerda. Nada de interessante, alguns computadores estraçalhados e uns papéis amassados e sujos. 

Voltamos à entrada e demos uma olhada uma sala menor da porta mesmo. parecia seguro.

– Ricardo, dá uma olhada nessa sala que eu vou pro segundo andar com o Jorge pra agilizar. – Digo, já me afastando da porta e esperando o garoto me alcançar.

Na maior parte do segundo andar haviam mais computadores quebrados e umas mesas derrubadas, arrastadas. Porém, havia uma sala mais elegante, chuto que a do chefe. Ela estava em perfeito estado, apenas alguns papéis espalhados.

 Olha aquele ali! – Jorge aponta para uma página, igual a da biblioteca.

Vou na direção dela e, enquanto pego ela, Ricardo chega.

– Não tinha nada mesmo naquela sala. Acharam algo por aqui? – Ele diz

– Só essa página aqui. – Levanto-a para ele ver e então puxo-a de novo para começar a ler.

– Ahem... – Limpo a garganta, me preparando para ler, mas um estrondo na entrada do andar me impede.

Barulhos de passos, uma porta rangendo e uma respiração acelerada se aproximando. Nós três aguardamos em silêncio.

– Gente! Tomem cuidado eu fui ataca... – Outro Ricardo entrou exclamando.

Houve um momento de quietude para que pudéssemos processar tudo. Logo, o Ricardo que havia acabado de entrar torna a falar

– Me escutem! Eu sou o verdadeiro! fui atacado e acabei desmaiando. – ele argumenta.

– Por deus! matem ele! só pode ser um monstro! – o outro contra-ataca

– Tá na nossa mão Jorge. – Falo, um pouco mais baixo, para o garoto que agora está no meu lado pensando no que fazer.

– Como viemos parar aqui? – Jorge pergunta para os Ricardos, acho que sei o que ele quer fazer.

– Como assim? Sofremos um acidente de ônibus algumas horas atrás! – Ambos falam, em uníssono

– Merda, isso não funciona. – Jorge fala.

Começo a procurar em ambos alguma coisa que os diferencie, qualquer ponta solta, qualquer dica que pudesse nos ajudar. Dos pés à cabeça, finalmente encontro algo olhando nos  deles. O que chegou primeiro, não tinha pupila. 

– O olho do que chegou primeiro, Jorge! – grito, fazendo Jorge perceber qual era o impostor.

Notando que foi descoberto o impostor dispara correndo e nós vamos logo atrás. Jorge toma a frente e dá um tiro que pega em parte de raspão. Pra quem aprendeu hoje não é nada mau,  nada mau mesmo.

Ao tornarmos ao primeiro andar, nos deparamos com uma garotinha caída no fim da escada. Não vou cair nesse truque novamente. Minha vez, dou meu disparo que pega em cheio na perna da garotinha. Ela foge pelo corredor, bate com tudo em uma parede à direita. 1, 2 3 vezes e na quarta a parede racha.

Corremos para alcançar a criatura. Ao entrarmos pelo buraco que se abriu, vemos uma outra sala um pouco menor, perfeitamente organizada e ainda com energia. No teto, um alçapão que parecia ser a única forma de acesso para esse cômodo. No fundo da sala, encolhido num canto, a imagem de um velhinho. Quase fico com pena, mas lembro que é algum monstro e penso no fim trágico que aquele senhor e aquela garotinha devem ter tido.

– Somos mais espertos que isso, aberração! revele-se agora! – Jorge grita no que não sei se um surto de coragem ou um acúmulo de raiva. 

A figura se deforma. tomando uma forma perturbadora, dou uns passos para trás enquanto ela termina sua transformação

 tomando uma forma perturbadora, dou uns passos para trás enquanto ela termina sua transformação

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Ouço um sussurro em meus ouvidos "personitral" é esse o nome do monstro à minha frente?

Olho para os meu lados procurando a fonte dos sussurros, tudo que vejo são os outros dois, procurando pelas vozes também. O que quer que tenha cochichado em meus ouvidos cochichou nos deles também.

Voltando à briga, Jorge parece unir o restante de sua coragem para dar alguns passos em frente e dar outro tiro com a espingarda de Diana. 

A besta é atingida por uma saraivada em cheio no peito e dá uma investida repentina no mais próximo. Jorge foi pego de surpresa e recua um pouco com um grande arranhão da clavícula à cintura que atravessa seu peito.

– Já deu! Meu amigo não! Hoje não! – Grito unindo coragem e concentração para meu próximo disparo.

Respiro fundo, mantenho os olhos bem abertos e puxo o gatilho. A criatura berra em agonia ainda viva, mesmo depois de um tiro de rifle acertar a região entre seus olhos. 

"Impossível" penso, enquanto ela avança e bate na minha mão, jogando meu rifle pro lado e depois segurando meus braços enquanto me derruba. A criatura se coloca em cima de mim, me solta mas começa a me socar, soco esse que de alguma forma também me arranha um pouco.

Uma pausa. Olho pra cima e vejo suas duas mãos juntas acima de sua cabeça, de repente, ela baixa sua mão em meu rosto de maneira veloz, inclino meu rosto e, por pouco, consigo desviar. Recebo um golpe de lado que faz com que minha cabeça volte ao lugar. O personitral prepara outro golpe unindo suas mãos.

Fecho meus olhos me preparando para o impacto. Das duas armas que tínhamos, uma precisava ser recarregada e a outra estava ao meu lado, mas longe o suficiente para eu não conseguir alcançar. Começo a aceitar minha ausência de chance quando ouço um disparo de onde o rifle havia caído.

– Jorge! Agora! – Ricardo grita segurando o calibre 22 de Felipe

Outro estrondo. A cabeça estraçalhada da criatura voa em direção ao buraco e eu empurro seu corpo para o lado enquanto recupero o fôlego que nem havia notado faltar.

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