[ Prólogo ]

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- Olha vovô, tô conseguindo! - tiro os olhos do que estou a fazer e observo-o. O plácido mar faz uma dança suave junto a sua prancha, os dois procediam passos graciosos perante as margens. Sorrio, revirando os olhos. Tinha que ser o idiota do meu primo. Levanto do banquinho de madeira e corro em direção as margens, com os olhos fixos no meu primo.

- Isso Chris. Você está indo muito bem. Parabéns. - grito sorrindo, a tempo de ver ele retribuindo e o mar lhe engolindo logo em seguida. Rio e vou em direção ao meu avô, que observava tudo com uma cara tão alegre quanto criança ao ganhar doce.

- Por que você não vai também? - ele me pergunta, apontando com o queixo em direção ao Christian e eu deixo escapar um suspiro desapontado.

- Ah, vovô, já lhe falei um milhão de vezes: não dou jeito com isso. - não era por falta de memória, pois eu sabia que o vovô tinha uma melhor que a minha. Ele queria era me convencer a subir numa prancha. O problema é que se eu já era um desastre no chão, imagina no mar? Não, não ia dar certo.

- Você é igual a sua mãe, no inicio ela também não tinha jeito, mas depois você viu no que ela se tornou? - anui. Minha mãe nasceu fazendo o que mais gostava e morreu do mesmo jeito. Minha avó era surfista, e estava num campeonato. Apesar de muita gente tentar lhe convencer a não participar por sua gravidez, ela quis correr o risco. Minutos antes de ela entrar ao mar, deu luz á minha mãe. Minha mãe cresceu e se tornou Campeã mundial de Surf. Só que num belo dia, quando eu tinha 3 anos, o mar a engoliu. Sim, as ondas estavam fortes demais e o lugar escolhido para o campeonato em que ela estava participando era bem perigoso. A famosa Solannie Castro deixou o mar. Sabe, ela deixou bastante indícios de que amava o que fazia. Um deles foi meu nome. Quando ela o escolheu ela estava pensando no meu apelido. Marianne Castro. Meu apelido era para ser "Mari", mas meu avô tinha conhecimento de que minha mãe queria "Mar", então passou a me chamar assim. Automaticamente, quando as pessoas ouviam ele me chamando assim, me chamavam assim também. O irônico disso tudo é que ela se chamava Solannie, ou seja, seu apelido era Sol. Sol e Mar. Eu sinto a falta dela, mas diferentemente de muitas pessoas que perdem o pai ou a mãe, eu não sinto dor ao tocarem no assunto. Pelo contrário, me traz alegria. É ainda mais que alegria, é orgulho: orgulho de saber que minha mãe amava o que fazia, e fazia bem feito. Orgulho de saber que ela batalhava para conseguir o que queria, e ia até o fim.

- Mas ela era tão diferente de mim, vô. Ela era delicada e ao mesmo tempo era forte. Eu sou fraca, sensível. Não sei nem correr atrás do Chris, imagina dos meus sonhos. - Fisicamente falando, éramos iguais. Cabelos castanhos claros, olhos azuis, até a simetria do rosto. Pelo menos era isso que o vovô dizia e que eu via nas fotos. Antes de ele me responder, Chris chegou correndo, suado e cansado.

- Ah, morri. - ele se jogou na areia, esticando todo seu corpo. Sorri e disse:

- Que bom, porque aí vai sobrar mais macarrão á bolonhesa para mim. - ele abriu os olhos assim que terminei a frase, e eu corri para nossa pequena cabana. Ouvi passos atrás de mim, e deduzi que seria ele. Senti braços fortes me agarrando quando eu estava a alguns metros da cabana, e então eles começaram a me fazer cócegas. Comecei a rir e a gritar, mas adiantava?

- P-p-para! PARA! Que saco Chris, VOU TE MATAR! - corro atrás dele, em vão, pois ele corre bem mais rápido que eu. Deito na areia, arfante. Ele chega e se deita ao meu lado, no mesmo estado que eu. Tenho que dizer que Chris é realmente bonito, quando eu era criança tinha uma queda por ele. Cabelos loiros, alto e forte, músculo e peitoral definido. Pele em tom bronzeado por estar sempre na praia. Ah, sim, ele é o sonho de qualquer garota. Mas depois que a gente cresce toma um pouco mais de juízo e amadurece, e a minha "quedinha" se tornou num amor fraterno. Aliás, desde que minha mãe morreu a minha vida é assim: Nas férias venho para a praia onde meu avô e o Chris moram, e no outro período fico na cidade grande por conta da escola. Quando eu terminar os estudos, vou vir morar aqui, o que não vai demorar muito. Já tenho 17 anos, e estou nas férias do meio do ano. O Chris mora aqui, porque ele já tem 18 anos. Nós dois optamos por não cursar a faculdade, ele quer ser surfista e eu ainda não decidi o que quero ser. Só espero não demorar muito para descobrir.

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- Passa o molho. - Chris me pede animadamente, está pra nascer alguém mais guloso que ele. Se bem que eu também não posso falar muito, pois sou igual. Pego o molho e dou a Chris, que enche o macarrão em seu prato do mesmo. Pego o garfo e começo a comer, observo do canto do olho Chris e o vovô devorando a comida.

- Que delicia! - o vovô diz de boca cheia, seguro o riso.

- SHIM, TA COSTOSO PA CARAMBA! - Chris diz e todos caímos na risada, enquanto ele devora mais a sua macarronada. O resto do dia passa rapidamente, com mais brincadeiras e risadas. Sinceramente, qualquer um diria que a minha vida é um saco, mas eu não acho. Se for pra passá-la com o meu vô e o Chris eu aceito de bom grado.


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⏰ Última atualização: May 21, 2015 ⏰

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