Numbers and Letters (Jaehyun) 💎

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São 08:24. 08:24, do dia 5 do mês 12, terceiro dia da semana, ou seja, terça-feira. Há 30 minutos estou no metrô e tenho que chegar em 10 no meu trabalho. Tenho 3 horas para entregar um relatório de 3 páginas e enviá-lo para 10 fornecedores.

Minha vida é feita de números e eu sou meio obcecada por eles. Para mim, uma coisa só é uma coisa, de fato, se eu puder contá-la. Se eu não puder quantificar em uma contagem de números racionais, eu simplesmente dou pane. Meu cérebro não consegue processar. 

Meu celular vibra e eu já sei que é um dos textos enormes de bom dia do Jaehyun. Enquanto eu sou feita de números, Jae é feito de palavras. Ele não se dá por satisfeito, enquanto não consegue expressar tudo o que passa por sua mente através de suas letras bem amarradas umas às outras. Não se conforma até que essas letras amarradas se tornem frases e essas frases façam algum sentido. 

Desbloqueio o celular e vejo a mensagem mas, ao contrário do que pensei, não é uma de suas mensagens enormes. É curta, o que me deixa com uma pulga atrás da orelha. Jaehyun sendo objetivo?

Estou na frente da estação.

Engulo em seco. A ansiedade acelera gradativamente a minha respiração e uma angústia repentina faz meu estômago embrulhar. Onde estão os emojis? A felicidade que transborda em suas palavras cada vez que ele fala comigo? Onde está seu exagero? As frases curtas são minhas. A objetividade é quase minha marca registrada, com todos os direitos autorais possíveis. 

Faltam duas estações para chegar em Gangnam. Aproximadamente 6 minutos. Tempo suficiente para que algumas inseguranças pousem em minha mente. Por que ele falou assim? Está bravo comigo? Foi algo que eu disse no dia anterior? Segurei no pequeno vão das portas automáticas do vagão, enquanto o trem pegava velocidade novamente. Mais uma parada. Tempo passando, tic-toc. O que o Jae quis dizer?

Assim que as portas se abrem e eu posso ver no mapa luminoso que eu cheguei a Gangnam, desço afobada, segurando a mochila com minhas duas mãos. Quanto mais rápido eu for, mais rápido irei solucionar esse mistério. 

Subo as escadas rolantes, ainda perdida nos devaneios, até que eu possa contá-los. 1, 2, 3, 4, perguntas, perguntas, perguntas aumentando a contagem. Dois minutos se passam e, a 30 segundos de distância, está Jaehyun.

Sorrindo. Animado.

Como sempre, seu sorriso permite que o meu surgisse. Corro até seus braços, que me envolveram muito rápido. Sua respiração em minha nuca enrubesce minhas bochechas. O calor de seu corpo me dá segurança e o seu riso sobre os meus cabelos acalma qualquer batimento errático que eu poderia antes.

Acho que isso é amor. 

Imediatamente ele encara os meus olhos e logo percebe que eu não estou lá aquelas coisas.

"Algo errado?"

Eu assinto, ajeitando meus cabelos e alisando as minhas roupas.

"Você foi meio seco na mensagem que você mandou. Eu estranhei."

Ele dá uma risadinha e entrelaça nossos dedos.

"Achei que gostasse de objetividade, yeobo."

"Não com você. Gosto da sua enrolação."

Ele sorri e suas covinhas quase me colocam em uma cova de verdade.

"Estava descendo do trem, não tive tempo de te avisar direito."

Encontrar com Jae é uma rotina. Afinal, trabalhamos no mesmo prédio comercial. E isso me deixa ainda mais encabulada. Apesar de saber que eu iria encontrá-lo de qualquer forma, ele faz questão de me avisar, mesmo com uma mensagem curta.

Jae sorri e coloca minha mão fria em seu bolso e logo começa seu falatório. Meu namorado, ao contrário de mim, é cheio de palavras. 

E eu fico assim, que nem boba, contando cada uma delas.

Night Ways [One Shots]Onde histórias criam vida. Descubra agora