Beatrice ficou grata pelo luxo de poder contratar um helicóptero para a levar até Minas. Não queria que ninguém soubesse onde estava até que seu bebê nascesse. Não queria magoar Thiago, mas não atenderia seus telefonemas.
Havia pouquíssimos hotéis e o turismo não era tão grandioso na cidade que estava, era o refúgio perfeito, Beatrice caminhou sobre a grama em direção as macieiras, a grama estava áspera sob seus pés, mas estava se acostumando a andar descalça, isso lhe proporcionava uma sensação de liberdade.
Era tão diferente da vida que levava no Rio sendo filha de um dos homens mais ricos do país, não poderia imaginar seu pai gostando de ver sua filha vestindo um simples short de brim. Era importante para ele sentir-se orgulhoso dela, e ela se acostumara a fazer e a vestir o que ele determinasse.
Mas seu pai estava morto e pela primeira vez era dona de seu próprio destino, um ser independente, sem ter que agradar a ninguém a não ser a si mesma. Não tinha dúvidas de que pela perda do pai, Hector também estaria a sua disposição, se precisasse dele, mas não tinha a menor intenção de pedir sua ajuda.
Ainda não tinha decidido onde iria morar depois que o bebê nascesse, poderia voltar ao Rio ou poderia ficar aqui, dependeria do que ela planejava fazer com o resto de sua vida.
O sol ainda estava quente, e Beatrice se mexeu inquieta, estava acostumada com o calor por morar no Rio de Janeiro, porém Minas por esses dias estava pior, contudo não queria arriscar a ter uma febre, precisava ficar bem e em repouso. Com um suspiro de pesar ela se virou em direção a quinta e viu sua empregada Susana de pé esperando por ela no último degrau da varanda.
Imediatamente sentiu que uma pontada de ansiedade, não sabia por que. Nem parecia que ela e a mulher de ascendência árabe eram íntimas.
_Algum problema? -perguntou apressando a subida, e Susana deu uma passo para o lado para que ela adentrasse a varanda.
_Uhmmm... Não senhorita- ela respondeu mas o tom de voz não era convincente. Suas mãos se entrelaçam na altura da cintura. _Você recebeu um telefonema do Rio. Não tinha certeza se a senhorita iria querer recebê-lo.
_Um telefonema?-Repetiu, sua voz só um pouco mais alta que um sussurro. Susana estava ciente que além dela mais ninguém sabia que ela estava aqui._Eu... quem é?
_Acho que ele disse que o nome era Math ou Mathias. Quer que eu diga que você não está aqui?
Nem Math nem Mathias, ela pensou.
_Pode ter sido Mather?- perguntou na espectativa de não aparecer tão apavorada quanto de fato estava, e Susana concordou com a cabeça.
_Pode ser- respondeu. _A senhorita o conhece?
Se conhecia Hector? No sentido bíblico, definitivamente, pensou, embora isso fosse cômico.
_Eu posso descobrir o que ele deseja -ofereceu Susana. Nas oito semanas que tinha vindo trabalhar para ela, não houve telefonemas do Rio de Janeiro e nem de outro lugar.
A idéia de deixar que Susana lidasse com o telefonema era tentadora. Não tinha de se explicar para Hector. Ele não era sequer um amigo, pensou ela nervosa, ele não tinha o direito de persegui lá desta maneira.
Mas então ela recobrou o bom senso. Queria que Hector pensasse que ela estava com medo? Com medo de falar com ele?
_Esta tudo bem Susana- conseguiu dizer, enfatizando as palavras com um sorriso. _É apenas um sócio do meu falecido pai.
Susana ainda parecia em dúvida e Beatrice se sentiu acolhida pela preocupação que pode perceber no rosto da outra mulher. Respirou profundamente e adentrou a iluminada e arejada sala de estar da quinta.
_Você poderia pegar um pouco de chá gelado para mim? Estou com muita sede.
_Sim senhora.
Susana virou se para o longo corredor que ia da frente dos fundos do sírio enquanto Beatrice se aproximava do telefone. Ele estava de lado, sobre uma mesinha de canto, ao lado de um dos três sofás de couro, em frente a lareira repleta de flores. Com as janelas abertas, o perfume das flores foi irresistivelmente levado pela corrente para as narinas de Beatrice. Ela respirou bem fundo mais uma vez antes de pegar o fone.
_Sim? -Disse, fingindo desconhecimento. _Quem é?
_É Hector Mather -Ele respondeu. _Ola Beatrice. Como você está?
_O que você quer Hector? -Perguntou ela num tom frio. _Como sabia onde me encontrar?
O silêncio se propagou por um instante, e ela imaginou que ele não tinha gostado da resposta. Então ele respondeu com o sotaque ainda mais intenso, como sempre acontecia quando estava irritado.
_Ah por favor Beatrice, reconheça um pouco minha inteligência.
_Você sabia aonde eu estava - disse ela, com a flexão de uma afirmação, não de uma pergunta.
_Você é a filha do Armando, Beatrice você é filha do meu melhor amigo, uma garota que agora órfã pode ser rica por sua própria conta mas ainda uma garota, eu devo ao Armando tomar conta de você. Que tipo de homem eu seria se traísse a confiança dele?
_Você é que tem que me dizer.
Silêncio novamente, desta vez mais hostil do que o último, e ela percebeu que tinha tocado em um ponto crucial.
_Não é hora de saber sobre um erro do passado Beatrice -ele disse em um tom áspero. _É minha responsabilidade garantir que você esteja segura e sem ser incomodada.
_Exceto por você.
Hector tinha sido um bom amigo para Armando, mas se tornara um inimigo. Para seu próprio bem - e para o bem de seu filho -, tinha de fazer com que ele entendesse que ela não precisava de nada, mesmo doendo em seu coração ter que ficar longe do homem.
_Escute, desculpe parecer ingrata Hector, mas você tem que entender que eu esperava conseguir seguir a minha vida com um pouco de privacidade aqui. Quando... Quando meu pai morreu, parecia que eu não tinha tempo pra mim. Talvez eu tenha sido ingênua de achar que eu poderia fugir sem contar a ninguém aonde estava indo. Mas espero que isso não signifique que eu tenha de relatar a você todas as vezes que eu quiser... quiser...
(De alguma maneira, tinha de convencê-lo de que estava tudo bem, de que não precisava dele para nada)
_De forma alguma eu espero que você se reporte a mim Beatrice. Não sou sua babá - Disse Hector num tom raivoso. _Mas teria sido cortês de sua parte deixar seu novo endereço com minha secretária e não fugir como uma adolescente rebelde.
Beatrice apertou os lábios. Ela se recusava a cumprimentar aquela vagabundo promíscua, Amanda de alguma coisa estava tentando por as garras em em Hector desde que seu pai a dispensou há um ano. Ele deveria saber disso. Ou já tinha se aproveitado de sua postura tão evidente?
Ela balançou a cabeça, estava ficando paranóica. Não tinha feito nada que levantasse as suspeitas de outra pessoa, muito menos as dele. O que quer que Hector quisesse, deveria estar relacionado com os bens de Armando. Mas por que ele não entrou em contato com Thiago? O poder que Armando tinha lhe dado não era o suficiente?
_ Thiago está hospitalizado em um hospital no Rio- Hector disse sem fazer nenhuma introdução, e Beatrice deu graças a Deus por estar sentada.
_Hospitalizado? -Repetiu, demonstrando fraqueza, sua mão fria e úmida ao telefone. _Meu Deus, o que aconteceu? Ele está doente? O que houve com o meu irmão?
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Grávida em segredo || Henry Cavill
RomansaBeatrice apenas tinha 19 anos quando sua vida, virou de cabeça para baixo. Nem sempre estamos em busca de um grande amor, de uma grande paixão, mas nem sempre o destino está ao nosso lado, Beatrice descobriu tudo isso aos 15 anos, ao entrar no escr...