RoséPassamos a vida toda procurando alguém para nos completar. Os jornais dão dicas de como achar o par perfeito, a TV mostra casais bonitos como fórmula para a felicidade, e há cartazes prometendo encontrar o amor em menos de 10 dias. Em mesas de bares e nas esquinas, há conversas corriqueiras sobre relacionamentos. A todo momento, reforçam a necessidade de ter uma pessoa para presentear no Dia dos Namorados (por mais que seja apenas uma invenção do capitalismo, para lucrar às custas de pobres almas carentes). Como dizem, o amor está em todo lugar.
Nunca cogitei que o amor fosse para mim. Não me considerava o tipo de pessoa que teria alguém. Eu me achava diferente, distante das amarras do amor, autossuficiente. Pensar em ter que passar o resto da vida com outro ser humano parece, no mínimo, assustador.
A pequena Rosé gostava de romances, contos de fadas e histórias dramáticas de amor. Pensar em uma realidade distante trazia o conforto de algo jamais pressuposto por mim. Não é que eu me considere indigna de amor, só não sei se consigo amar com toda essa intensidade. Mas uma pessoa em específico foi capaz de me mudar da água para o vinho.
Jennie me ensinou muitas coisas nesses anos todos. Nós evoluímos, acertamos, erramos, percebemos que nem sempre saberíamos o que era certo a se fazer, e que isso estava tudo bem. Juntas, enfrentamos todas as adversidades. Ajudávamos uma à outra a se levantar quando caíamos, cuidávamos dos machucados para curarem mais rápido, comemorávamos pequenas vitórias, fazendo a nossa história.
Eu me acostumei com isso: com os sorrisos largos quando digo "eu te amo", os abraços carinhosos e apertados quando nos encontrávamos nos finais de semana, os beijos de boa noite... Eu amo Jennie, não me vejo sem ela. Mas hoje me obriguei a pensar em como seria o nosso futuro, como seria daqui para frente. Você simplesmente não sabe a resposta até que alguém fique de joelhos e pergunte.
Ter que repensar uma ideia que tive a vida toda e tomar uma decisão que implicaria diretamente no meu futuro me apavorava. Sentia-me como uma adolescente de 15 anos, quando me perguntavam sobre a faculdade. Imatura demais para tomar uma decisão importante.
Eu sei que posso falar tudo para ela, dizer que não estou pronta e contar todas as minhas inseguranças. Mas ficava meio complicado fazer isso na frente da sua família. Tenho medo de dizer "não" e perdê-la, e eu não quero isso. Eu ainda quero nós duas. Mas não estou pronta para me casar.
Como posso dizer isso à sua mãe, que está me encarando com tantas expectativas? Posso ver o brilho nos olhos da senhora de cabelos castanhos claros, ao ver sua filha mais velha seguir o rumo tão desejado pela família. Imagino que ela já esteja pensando nos lugares para o casamento, na sobremesa que será servida. É muita responsabilidade, e eu não quero quebrar esses sonhos e desejos da família de Jennie. Não quero partir seu coração.
Tem sido tão bom passar esses meses juntas, e passar anos ao seu lado não parece ruim, mas comprometer-me dessa forma é demais para mim. Seria algo grande e oficial, uma família. Essa palavra tem muito peso para mim. Não quero me comprometer com essas responsabilidades. Não posso mentir para ela, não posso decepcionar sua família, não posso ir contra meus próprios preceitos... Não posso me casar.
— Sim, eu aceito!

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Champagne Problems
FanfictionRose tinha muitos planos para o futuro, mas um pedido inesperado de casamento muda tudo.