As cores que se perdem

566 52 9
                                    



Todas as cores concordam no escuro.
Francis Bacon


Izuku Midorya é a pessoa mais brilhante que Katsuki Bakugou conheceu. 

Ele era deslumbrante. Sempre foi. Tudo no menino parecia reluzir e preencher. Era de uma beleza que saltava aos olhos. Os cabelos verdes são a melhor lembrança de cores que o homem loiro tinha. 

Havia se apaixonado por seu melhor amigo quando tinha quatro anos de idade. É claro que naquele momento ele nem sabia o que era amor. Ele só sentia seu peito quentinho todas as vezes que via seu amigo explicar com todas as muitas palavras emboladas que quando crescesse ele se tornaria herói. Ele embarcava fácil-fácil nas fantasias de Izuku, sempre dizendo que se tornaria o herói numero um, quando Izuku inflava as bochechas sardentas e cruzava os braços indignado, ele ria e dizia. "Eu preciso te proteger afinal." 

A medida que os anos passaram, aquelas ideias infantis foram caindo por terra, Katsuki não sabia bem o que queria ser no futuro. Então ele tentava várias coisas, vários clubes extras na escola e vários esportes e apesar de sempre lhe dizerem o quanto ele era bom, ele não se sentia bom em nada. Ele apenas sentia que fazia muitas coisas enquanto não era espetacular em nada. Já Izuku sabia muito bem o que queria ser, quando eles tinham por meados de seus quinze anos. O menino queria ser biólogo. Especialista em plantas. 

"Muito diferente de herói, ne?" - Questionou ele uma vez, enquanto seu coração ainda era medroso e cheio de duvidas.

"Alguém precisa salvar as plantas e a bio diversidade do planeta. Pra mim você continua sendo um herói." - Foi o que ele recebeu de resposta do garoto de cabelos loiros.

Izuku nunca mais teve duvidas. 

Nesta época ainda haviam cores na vida de Bakugou. Mas não veria as lanternas coloridas no Halloween. 

Ah, deixe-me explicar melhor. Katsuki não consegue distinguir cores a uns bons dez anos, e sua visão continua piorando gradativamente. Chegará um dia que não haverá nada além de escuridão. Isso parece triste, mas a acromatopsia tem estado controlada desde... Desde, acredito que o casamento de Izuku e Eijirou.  Estagnou ali, sua visão era sempre esse misto de branco e cinza claro e as vezes o preto pesado que esmaecia os tons que antes eram vibrantes. Sentia falta do verde dos cabelos que agora são pretos aos seus olhos. Uma doença que muitas pessoas acham ser só lenda. Por conta de sua ligação de alma com Izuku, quando não teve seu amor verdadeiramente não correspondido, ele começou a chorar pequenas estrelas, que tilintavam tristemente enquanto caiam de seus olhos, por conta da substância gerada para que aquilo acontecesse suas córneas e fotoreceptores aos poucos eram desgastados. Mas nunca reclamou. Nunca fala a respeito. Ninguém sabe. Com exceção de Momo. 

Yayorozo Momo. Uma amizade que surgiu do nada e se tornou intensa e sincera. Ela era diferente de seus outros amigos. Conheceu a menina por conta do meio-a-meio, e a despeito de tudo o que todos esperavam os dois se deram muitíssimo bem desde o principio. Eles se conheceram ainda na época da escola.

Momo e Shoto estudavam em uma escola de elite, Izuku e Katsuki estudavam na UA uma da melhores escolas publicas do Japão inteiro, mereceram estar ali. Se esforçaram juntos. Estudaram muito em conjunto. Treinaram para as provas físicas juntos. Eles estavam juntos desde sempre. O mundo tinha tantas  cores naquela época, fazia com que as lembranças parecem mais brilhantes.  O coração do homem se apertou com a lembrança.

Favorite ColorOnde histórias criam vida. Descubra agora